domingo, 20 de setembro de 2015

Não confundamos pacifismo com passividade


Algumas mensagens que têm sido divulgadas nas chamadas redes sociais falam do drama que os cristãos vêm enfrentando nos últimos anos, decorrente dos ataques desferidos na Ásia pelo grupo terrorista denominado Estado Islâmico e na África pelos fundamentalistas do Boko Haram. Esta denominação origina-se de uma expressão que, na língua local, quer dizer: “educação não islâmica é pecado”.
Uma das localidades africanas mais afetadas, pelo menos no que se refere ao que a imprensa tem divulgado, é a cidade nigeriana de Baga, localizada no Estado de Borno. No início deste ano, o jornal português Observador informou: “Desde o fim do ano, mais de 10 mil pessoas abandonaram a região com medo da chegada dos terroristas”. “A carnificina humana levada a cabo pelos fundamentalistas do Boko Haram em Baga é enorme”, declarou Muhammad Abba Gava, porta-voz dos combatentes civis que tentavam frear o avanço dos terroristas do Boko Haram, cujo objetivo é implantar a qualquer custo um Califado na região, nos mesmos moldes do que pretendem os jihadistas do Estado Islâmico, que vem espalhando o terror em vastas regiões do Iraque e da Síria e provocando essa onda de refugiados que vem comovendo o mundo todo.
Os próprios extremistas confessam a autoria dos crimes. Em um vídeo postado no YouTube, seu líder reivindicou o assalto à cidade de Baga, que deixou centenas de mortos. "Matamos o povo de Baga. Matamos tal como nosso Deus pediu para fazermos em seu livro", declarou Abubakar Shekau. No vídeo, Shekau aparece diante de quatro caminhonetes e ao lado de oito homens armados e com os rostos cobertos. "Não vamos parar. Isto não foi nada, vocês vão ver", disse o líder do Boko Haram sobre o massacre de Baga, qualificado pela Anistia Internacional como o maior e mais destruidor ataque nos seis anos de revolta do grupo islâmico.
Desde 2009, a insurreição islâmica e sua repressão pelas forças nigerianas deixaram mais de 13.000 mortos e 1,5 milhão de refugiados. Não se trata, pois, de algo passageiro e desimportante, como reconheceu a Agência vaticana Fides: “A crise no nordeste da Nigéria está se estendendo cada vez mais aos países vizinhos, com ameaças, como as de um vídeo atribuído ao líder do Boko Haram, Aboubakar Shekau, contra o Presidente dos Camarões, Paul Biya”. No vídeo ele ameaçou “aumentar a violência nos Camarões se o país não abolir a Constituição e adotar a lei do Islã”.
O alvo preferencial são, contudo, como todos reconhecem, os cristãos. De acordo com nota distribuída pela Agência Ecclesia no início deste ano, “cerca de mil igrejas cristãs na Nigéria foram destruídas nos últimos quatro anos”. Segundo declaração atribuída ao pe. Gideon Obasogie, responsável pelas comunicações sociais na diocese de Maiduguri, capital do Estado de Borno, no nordeste da Nigéria, “só entre os meses de agosto e outubro de 2014, foram saqueadas e incendiadas naquele território pelo menos 185 igrejas”. O sacerdote avalia que “190 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas para escaparem à morte e muitas outras já perderam a vida”.
Nosso planeta passa, como vemos, por uma convulsão jamais vista.
Terrorismo na Ásia e na África. Racismo e preconceito até nos campos de futebol. Guerras, guerrilhas e atentados que não escolhem tempo nem local. Corrupção generalizada no mundo todo, sobretudo no Brasil – e ainda houve quem criticasse o teor do editorial “Que país é este?”, publicado na edição 403 da revista “O Consolador” – http://www.oconsolador.com.br/ano8/403/editorial.html –, que alguns leitores, ingenuamente e certamente alheios ao que ocorre no mundo, atribuíram a um surto de partidarismo e má vontade para com os que governam o Brasil.
Comodismo e passividade em nada contribuirão para que os fatos acima descritos deixem um dia de existir. Já passou da hora de meditarmos na sutil advertência contida na questão 932 d´O Livro dos Espíritos:

– Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? “Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.” (L.E., 932.)

Não nos consideramos bons nem melhores que ninguém, mas rejeitamos essa apatia, essa indiferença, essa inércia que caracterizam boa parte da imprensa espírita e, por extensão, muitos espíritas que confundem pacifismo com passividade.



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