A síndica e os
escândalos
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Amiga leitora, hoje falar-te-ei de uma
síndica cínica, egocêntrica e mentirosa incorrigível, que há 25 anos age
criminosamente em seu condomínio chamado Lisbra,
nome de uma pessoa que era “pau pra
toda obra” do condomínio 52 anos
atrás.
Dizia a seu filho a mãe de Joteli: “— Meu
filho, pau que nasce torto não tem jeito, morre torto”.
Até certo ponto, isso é verdade, caríssimo
leitor. Antes, porém, lembrar-te-ei de uma frase dita por um melancólico
professor de direito penal na universidade onde meu secretário bacharelou-se:
— Cadeia não corrige ninguém. A prisão é uma
vingança da sociedade. Quando a pessoa quer se corrigir, a reclusão apenas
serve para ela refletir em seus erros e tomar a decisão de não mais errar.
— E se o elemento
não se decidir a isso, professor? Perguntou um aluno, policial civil.
— O cidadão
— corrigiu o mestre —. Não use essa expressão policial aqui, pois estamos
lidando com cidadãos, ainda que alguns deles estejam fora-da-lei. Nesse caso, o
seu isolamento social de nada adiantará à própria regeneração. Pelo contrário,
o convívio com outros marginalizados, tão revoltados quanto ele, o tornará
ainda mais perigoso lá fora ao ser solto... temporariamente.
— Onde, então, está a resposta aos
criminosos, professor? Questionou-lhe uma inteligente jovem.
— Na educação, mas não nessa educação ateia,
que nos ensina que a morte é o fim da vida.
— Isso mesmo, professor, completou Joteli.
Na educação que faz o ser humano refletir sobre as verdades divinas,
confirmadas pelo Cristo, e que, por interesse próprio, os ateus negam.
— Caros alunos, estive refletindo bastante,
na situação de pessoas incorrigíveis... Seu modo de agir é próprio de espíritos
animalizados. Não que a metempsicose seja uma realidade. Não existe a
possibilidade do espírito humano encarnar (1) em corpo de um
macaco, cachorro, felino, rato, barata... Todavia, há milhões de anos, quando
surgiram os antropoides na Terra, as almas que ocuparam tais corpos foram,
antes, aprimoradas em mundos ad-hoc
em épocas diversas.
Todas as almas encarnaram, para sempre, nos
corpos humanos, após sua passagem pelos reinos inferiores da Terra, mas as
almas mais jovens surgiram entre nós quando as demais, de caçadoras passaram a
coletoras e já possuíam a noção de que viver em sociedade, ajudando-se mutuamente,
é muito melhor do que viver somente para o atendimento de seus instintos
selvagens e assassinos.
— Daí — concluiu Hillary, a melhor aluna da
turma — encontrarmos a grande maioria da humanidade atual em nível espiritual
bem acima da minoria asselvajada que, distante do bem comum, formam suas
tribos, pequenas, mas altamente nocivas às demais tribos já, por assim dizer,
civilizadas. As almas revoltadas e perversas são ainda incipientes na Terra.
— E, por isso mesmo, insipientes, completou
o professor.
Amigo leitor, essa teoria esclarece-nos o
porquê de determinados seres, embora revestidos da roupagem humana, serem tão
egocêntricos. Para eles, o que importa é a satisfação de seus instintos e
ambições. Desse modo, todos os demais cidadãos devem se lhes subordinar. Isso
explica, também, a razão de certas pessoas estarem tão fascinadas pelo poder.
Sentem-se, não deuses, pois não acreditam nisso, mas seres únicos, após os
quais pode vir o dilúvio...
Como disse o rei Luís XV da França, no
século VIII: “Après moi, le déluge”.
Tais cidadãos, quando alcançados pela
justiça humana, tudo fazem para se passarem por vítimas. Utilizam a mentira, o
roubo e até o assassinato, a fim de afastarem os que “atravancam seus
caminhos”, como dizia o poeta Mário Quintana, uma vez que não acreditam numa
justiça divina. O poeta, entretanto, se referia às pessoas ignorantes que o
maltratavam e que ele, em sua “leveza moral”, suplantaria: “Todos esses que aí
estão/ Atravancando o meu caminho/ Eles passarão.../ Mas eu passarinho”.
Vejamos como agem os seres primitivos aos
quais me refiro e que necessitarão de inúmeras reencarnações até aprenderem que
“o crime não compensa”. Certa ocasião, numa instituição religiosa que atendia
pessoas idosas com programas de inclusão social e outras necessidades materiais
e espirituais, um homem adentrou o recinto, de arma na mão, e disse à
coordenadora do trabalho que se tratava de um assalto. Ela, então, suplicou-lhe
humildemente:
— Tudo bem, mas poupe, ao menos as pessoas
idosas que aqui estão, a maioria sem recursos, como o senhor...
Foi o mesmo que falar para uma parede de
pedra. Após pegar-lhe a bolsa e outros pertences, o cidadão mandou que todos os
idosos lhe entregassem tudo o que possuíam. Depois, foi embora tranquilamente
com uma bolsa cheia de misérias e a consciência adormecida.
Outro dia, um assaltante de ônibus, ao ouvir
o pedido de uma de suas vítimas para devolver-lhe ao menos os documentos,
deu-lhe um violento soco no rosto como resposta.
Tais pessoas ainda estão, portanto, em nível
tão animalizado que, para saciarem sua pouca ou nenhuma disposição para o
estudo e o trabalho, julgam que é obrigação do mundo servi-las.
Outras criaturas, utilizam os recursos da
ideologia materialista para atingirem seu objetivo de poder. Conquistado esse,
utilizam-se dos atos mais torpes e inconsequentes para nele se manterem, ainda
que prejudiquem toda uma nação e sejam as causadoras de milhares de crimes e de
mortes.
Isso é próprio dos seres primitivos que, na
satisfação de suas ambições pessoais, não se ocupam senão dos próprios
interesses egocêntricos.
Todas essas pessoas ainda não perceberam que
a lei de ação e reação não se aplica apenas aos fenômenos físicos, mas também
às atitudes de cada um de nós.
Suas consciências, porém, ainda que passem
uma vida adormecidas, um dia despertarão. Então...
E o que dizer dos psicopatas? Com certeza,
uma sociedade elevada moralmente saberá identificá-los e tratá-los com o devido
respeito e amor, sem, todavia, deixar que sua influência nefasta cause
prejuízos a terceiros, assim como não nos expomos às feras.
“É necessário que haja escândalos, mas ai de
quem os provocar”, disse o Messias Divino. Somos responsáveis por cada alma que
prejudicarmos, creiamos ou não nisso.
Por hoje é só. Na próxima crônica,
continuarei o relato da síndica, mas quem sabe não será preciso?
Acorda, povo brasileiro!
(1) Construção correta,
segundo BECHARA, Evanildo. Moderna gramática
portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009, p. 536.
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