Uma joaninha com asas de borboleta
CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR
Se alguém começasse a ouvir o sonho de uma joaninha de um dos muitos
campos de flores de uma cidade bem do interior de um país da América do sul, ou
daria uma sincera gargalhada ou nem esperaria a história terminar ou, quem
sabe, ouviria sem muito considerá-la. Mas como se fala, sonho não tem medida e
o que puder ser sonhado já é um sonho, embora entre sonhar e realizar exista
uma distância às vezes.
E aquela tarde estava completamente linda naquele campo de flores e
cores. Tudo estava com mais brilho. Os seres voadores enchiam de movimento
colorido sobre as tulipas, margaridas, rosas e outras tantas senhoritas da
natureza. E se exibiam com graça aproveitando o bem-estar da energia pura,
calmante, refazedora.
Porém, num galho de uma árvore antiga à lateral do campo, estava uma
joaninha vermelha com pintinhas pretas. Estava sozinha, não tinha nenhuma amiga
joaninha, ou melhor, não tinha nenhum amigo. Ela ficava quietinha observando,
às vezes, chorava baixinho, mas como não tinha amigos, não havia nenhuma criatura
com quem pudesse conversar, desabafar.
E mesmo naquela magnífica e reluzente tarde, a joaninha não conseguiu
perceber nem um pouquinho toda a alegria no campo. E os seus olhinhos se
encheram ainda mais de lágrimas quando ela viu bem de perto o gracioso voo de
uma borboleta grande, colorida, livre. A borboleta voou para o campo. E a
joaninha chorou tanto que, sem força, dormiu no galho da árvore.
Durante esse soninho, ela sonhou que era o que sempre desejou ser: uma
linda borboleta colorida. Voava por todos os lados, via tudo o que queria lá de
cima, sorria e era feliz, mas se machucou ao tentar entrar entre as flores e
querer observar os detalhes de cada uma. Não era possível, pois era uma
borboleta grande e seus ares deveriam ser maiores para as suas asas. Uma folha
apenas não era suficiente para protegê-la do sol forte ou da chuva gelada. Não
conseguia caminhar pela suavidade das flores nem sentir toda a sua delicadeza.
Também não tinha o brilho refletido tão lindamente em suas asas... de borboleta
como nas asas de joaninha.
Ainda no sonho, outra joaninha passou por perto da borboleta e
simplesmente falou:
‒ Sou muito feliz... sou uma joaninha cheia de oportunidades... sou
quem agora devo ser...
E a borboleta no sonho ficou muito pensativa até que despertou
joaninha. Continuava uma tarde linda. Ela abriu bem os olhinhos e começou a ver
tudo muito diferente.
Em seu coraçãozinho, uma alegria nunca sentida chegou de mansinho e se
fortaleceu. Também sentiu uma gratidão por estar viva e ser ela mesma. Compreendeu
que cada um é o que deve ser e todos possuem as suas qualidades.
Viu uma linda e grande borboleta passar à sua frente, mas se sentiu
muito feliz em ser a joaninha pequenina e vermelha com pintinhas pretas naquele
lindo campo que agora tanto queria conhecer.
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