terça-feira, 22 de agosto de 2017

Contos e crônicas


Um gatinho branco e outros olhos brilhantes

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Naquele domingo de manhã, o sol estava muito radiante e o céu, azul... bem azul ‒ no sábado à noite, uma chuva mansa e demorada caiu para limpar e refrescar. No domingo soprava um ar fresco; era início de primavera.
Thomas estava na varanda perto da cozinha brincando com um jogo que os meninos de sua idade gostavam. Diziam que era um jogo de muita paciência e observação para encontrarem as parecidas peças e desenvolverem a sequência de uma ação, um exemplo de uma seria um menino pegando a bicicleta e saindo para passear. E Thomas se concentrava. No entanto, naquele momento, não o suficiente, pois percebeu um gatinho branco passando rápido por ali, mas sem detalhes. O menino interessava-se muito pelo jogo para deixá-lo e procurar um suposto gato que até poderia ser apenas de sua imaginação.
A sequência de montagem do jogo estava muito interessante e num estágio que Thomas ainda não havia chegado. E mesmo muito concentrado, percebeu mais uma vez o gatinho, porém, agora o pequeno não passou rápido, veio aproximando-se, com algum receio, e o menino perdeu de vez a atenção pelo jogo e passou a olhar inteiramente para aquele gatinho branco que também olhava para o menino querendo dizer algo, talvez um pedido de ajuda.
O menino olhava para o animalzinho que tinha os olhos com tanto brilho. Ainda, com certa ponderação, o gatinho deu um passinho para trás. Mas Thomas falou com ternura:
‒ Não tenha medo, gatinho. Só quero conhecê-lo mais.
O bichano virou um pouco a cabeça querendo compreender, ou melhor, já compreendendo pelo tom carinhoso.
E Thomas, devagar, foi conversando e aproximando-se do gatinho branco que deixou o menino aproximar-se. E Thomas ficou bem perto e poderia fazer um carinho no frágil animalzinho que se sentando permitiu que o menino o acariciasse.
Menino e animalzinho em paz e respeitando-se. Thomas acariciava com leveza a cabeça daquele gatinho branco e este aceitava com gratidão o gesto. Porém, o olhar do gatinho dizia mais. Recebeu, mais alguns segundos, o carinho em sua cabeça, mas, de repente, pôs-se em pé e, como se chamasse Thomas para segui-lo, recuava miando. O menino simplesmente o seguiu.
Andaram uns minutos; o menino acompanhava o animalzinho. Thomas morava num vilarejo e toda a redondeza era mais rural que urbana. E passaram por um sítio e quando começaram a cruzar outro, o gatinho deu uma corridinha para chegar logo, como se chegasse ao local desejado. Isso mesmo. O gatinho branco esperou até que o menino chegasse. Parecia uma pequenina gruta.
Thomas abaixou-se um pouco para ver melhor o que estava dentro e quando olhou bem viu um gato querendo esconder-se, parecia também um gato branco, maior que o gatinho. O pequenino observou o olhar do menino que não se espantou muito, porém, em segundos esse olhar mudou completamente.
Outros olhinhos começaram a brilhar saindo de trás do gato. Eram olhinhos diferentes e não eram gatinhos brancos. Saíram e ficaram à frente do gato que os protegia. Thomas não acreditava. Aqueles olhos não eram de gatinhos. Eram cinco pares de olhinhos de esquilos.
‒ Nossa! Não são gatos!
O gatinho branco observava o menino. O gato maior deveria ser a mamãe do gatinho, Thomas compreendeu. E aqueles olhinhos brilhosos vieram para frente para saber quem os observava. Curiosidade nata.
Então, era possível entender que a mamãe do gatinho branco estava cuidando dos cinco pequenos esquilos que certamente estavam órfãos. No entanto, todos, os esquilos e os gatos precisavam de ajuda. E Thomas, que era um menino e mais capaz que os pequeninos, sentiu a responsabilidade e o carinho em ajudá-los.
Depois de uma semana, também no domingo de manhã, Thomas estava brincando novamente com seu jogo, porém, na companhia de uma corajosa gata mamãe, um adorável gatinho branco e cinco alegres esquilos muito belos e brincalhões.

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