sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas





A Crise da Morte

Ernesto Bozzano

Parte 8 e final

Concluímos o estudo do clássico A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano, conforme tradução de Guillon Ribeiro publicada em 1926 pela editora da Federação Espírita Brasileira. 
Esperamos que este estudo tenha servido para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
O texto de hoje, como os anteriores, compõe-se de duas partes:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Quem é Celfra e que informações transmitiu?
B. Que diz Bozzano sobre a condição dos Espíritos puros?
C. Quais são os doze detalhes fundamentais pertinentes à crise da morte, referidos por Bozzano em suas conclusões?
D. Quantos e quais são os detalhes secundários colhidos por Bozzano nas comunicações transcendentais examinadas?

Texto para leitura

120. Décimo sétimo caso – Vimos, fundados em fatos, que os Espíritos desencarnados entram numa primeira fase de existência espiritual, que constitui uma reprodução espiritualizada do meio e da existência terrestres. Mas trata-se de uma fase transitória, se bem que de muito longa duração. Como será, então, a existência espiritual propriamente dita? Que significa passar ao estado de "puros Espíritos"? (P. 158)
121. Evidentemente, são raríssimas as mensagens transcendentais emanadas de Inteligências espirituais existentes no estado de "puros Espíritos". O que existe são alguns apanhados de revelações provenientes de Inteligências desse porte, como as da personalidade mediúnica "Imperator", que ditou a Stainton Moses os famosos Ensinos Espiritualistas, e as ditadas por "Celfra" a Frederico Haines, na preciosa brochura intitulada: Thus saith Celphra. (PP. 158 e 159)
122. A personalidade mediúnica "Celfra" é, na verdade, o Espírito de um monge da Nicomédia, que viveu no século III da Era cristã. (P. 159)
123. Eis, em resumo, os esclarecimentos ditados pelo Espírito de Celfra: a) existem esferas espirituais de transição, em que os Espíritos guardam a forma humana e se veem num meio análogo ao terrestre; b) o peso do Espírito recém-chegado ao mundo espiritual provém das condições de pecado em que toda gente aí chega; c) enquanto a alma do recém-vindo estiver ligada, de alguma sorte, ao mundo dos vivos, o Espírito não pode deixar de existir numa condição quase terrena; d) após a morte do corpo físico, nas altas esferas espirituais a faculdade de pensar experimenta uma transformação e uma expansão prodigiosas; e) a identidade do Espírito lhe é conferida por um atributo que não podemos ainda conceber. (PP. 159 a 161)
124. Comentando as informações de Celfra, Bozzano menciona outra revelação transcendental dada por uma personalidade mediúnica elevada, publicada em 1918 na revista Light, na qual, dissertando sobre as condições de sua existência espiritual, a entidade diz: "Somos um centro de irradiação que possui a identidade". (P. 162)
125. Concluindo a análise dessas informações, Bozzano assevera: "Segundo o que expusemos, parece que, na condição de puro Espírito, toda entidade se despoja da ‘forma’, tornando-se um ‘centro consciente de irradiação psíquica’, em que ainda existe a identidade, mas sob um aspecto para nós inconcebível e qualificativamente diferente da identidade pessoal terrestre, muito embora toda individualidade pessoal terrestre possa vir a encontrar-se nessa condição muito elevada de existência, porque o ‘o estado radiante do ser abrange o Passado, o Presente e o Futuro’ – como o afirma ‘Celfra’. Em outros termos: Dada uma condição do ser, emancipado da matéria, da forma e da relatividade do espaço, resulta daí que as ‘vibrações psíquicas’, irradiando sem cessar de todo ‘centro espiritual individual’, invadem instantaneamente o Universo inteiro, conferindo a onipresença e a onisciência à fonte consciente e inesgotável, donde elas promanam". (P. 162)
126. Conclusões - O autor reafirma, no final da obra, que ela é o primeiro ensaio analítico destinado a demonstrar o valor intrínseco, positivamente científico, do ramo da Metapsíquica, injustamente desprezado, que estuda o tema das "revelações transcendentais". (P. 163)
127. Para atingir o fim proposto, era-lhe primeiramente indispensável demonstrar que as "revelações transcendentais", longe de se contradizerem mutuamente, concordam entre si e se confirmam umas às outras. Em segundo lugar, era preciso demonstrar que essas concordâncias não podem ser atribuídas nem a coincidências fortuitas, nem a reminiscências subconscientes de conhecimentos adquiridos pelos médiuns. (P. 163)
128. Observados tais critérios, eis, resumidamente, os doze detalhes fundamentais, a cujo respeito se acham de acordo, salvo uma ou outra exceção, os Espíritos comunicantes:
1 - Os Espíritos se encontram novamente, na vida espiritual, com a forma humana.
2 - Todos eles, após a morte, ignoram durante algum tempo que estão mortos.
3 - Eles passam, no curso da crise pré-agônica, ou pouco depois, pela prova da reminiscência dos acontecimentos da existência ora encerrada.
4 - Todos eles são acolhidos no mundo espiritual pelos Espíritos das pessoas de suas famílias ou de seus amigos mortos.
5 - Quase todos passam, após a morte, por uma fase mais ou menos longa de "sono reparador".
6 - Todos se acham num meio espiritual radioso e maravilhoso (no caso de mortos moralmente normais) e num meio tenebroso e opressivo (no caso de mortos moralmente depravados).
7 - Todos reconhecem que o meio espiritual é um novo mundo objetivo, real, análogo ao meio terrestre espiritualizado.
8 - Eles aprendem que isso se deve ao fato de que, no mundo espiritual, o pensamento constitui uma força criadora, por meio da qual o Espírito existente no "plano astral" pode reproduzir em torno de si o meio de suas recordações.
9 - Todos ficam sabendo que a transmissão do pensamento é a forma da linguagem espiritual, embora certos Espíritos recém-chegados se iludam e julguem conversar por meio da palavra.
10 - Eles verificam que, graças à faculdade da visão espiritual, se acham em estado de perceber os objetos de um lado e outro, pelo seu interior e através deles.
11 - Todos eles aprendem que podem transferir-se temporariamente de um lugar para outro, ainda que muito distante, por efeito apenas de um ato da vontade, podendo também passear no meio espiritual ou voejar a alguma distância do solo.
12 - Os Espíritos dos mortos gravitam fatalmente e automaticamente para a esfera espiritual que lhes convém, por virtude da "lei de afinidade". (PP. 164 a 166)
129. Além dos doze detalhes fundamentais acima enumerados, Bozzano relacionou oito detalhes secundários colhidos nas revelações transcendentais examinadas:
1 - Os defuntos dizem que os Espíritos dos mortos a quem nos ligamos em vida intervêm para acolher e guiar os recém-desencarnados, antes que se inicie o "sono reparador".
2 - Os Espíritos, ao observarem seus cadáveres no leito de morte, geralmente falam de um "corpo etéreo" que se condensa acima do "corpo somático", fato que é confirmado pelos videntes.
3 - Eles dizem que, assim como não existem pessoas absolutamente idênticas no mundo dos vivos, o mesmo se dá no mundo espiritual, de modo que as condições verificadas no trespasse não são exatamente as mesmas para todos.
4 - Embora os Espíritos tenham a faculdade de criar mais ou menos bem, pela força do pensamento, o que lhes seja necessário, quando se trata de obras complexas e importantes a tarefa é confiada a grupos de Espíritos que nisso se especializaram.
5 - Quando dominados por paixões humanas, os Espíritos se conservam ligados ao meio onde viveram, por um lapso de tempo mais ou menos longo. Não podendo, assim, gozar do benefício do sono reparador, esses Espíritos persistem na ilusão de se julgarem vivos e tornam-se, muitas vezes, Espíritos "assombradores" ou "perseguidores".
6 - No mundo espiritual, os Espíritos inferiores não podem perceber os que lhes são superiores, devido à diversidade das tonalidades vibratórias de seus "corpos etéreos".
7 - As dilacerantes crises de dor, que frequentemente se produzem junto dos leitos de morte, são penosas para os Espíritos dos defuntos e os impedem de entrar em relação com as pessoas que lhes são caras, retendo-os no meio terrestre.
8 - Os Espíritos afirmam, por fim, que, quando se encontram sós e tomados de perplexidades de toda sorte, percebem uma voz que lhes chega de longe e os aconselha sobre o que fazer: trata-se da voz vinda de Espíritos amigos que, percebendo de modo telepático os seus pensamentos, apressam-se em lhes transmitir conselhos. (PP. 167 a 169)
130. Bozzano lembra, no final da obra, que as concordâncias cumulativas acerca de numerosos detalhes são inexplicáveis por qualquer teoria, exceto por aquela segundo a qual são os próprios Espíritos dos mortos que vêm até nós relatar experiências realmente vivenciadas e, por isso, verídicas. (P. 169)
131. Ele discute, por fim, a hipótese de serem tais concordâncias fruto de "coincidências fortuitas" ou de "reminiscências subconscientes de conhecimentos adquiridos pelos médiuns". (PP. 170 a 172)
132. Refutando ambas as hipóteses, Bozzano lembra que no início do Espiritismo todos os médiuns traziam em si os condicionamentos culturais da Religião dominante, que sempre falou em paraíso, purgatório e inferno, fatores que não aparecem nas descrições das moradas espirituais, mesmo as dos primeiros anos de movimento espírita. (P. 172)
133. O valor teórico inerente à circunstância de serem ditas revelações, desde o ano de 1853, contrárias às opiniões dos próprios médiuns não escapou à mentalidade investigadora do Dr. Gustave Geley, que viu nisso "uma prova a favor da doutrina que as soube verificar e explicar tão completamente". (PP. 173 e 174)
134. O autor lembra finalmente que, ao referir-se a "revelações transcendentais", forçoso é que elas realmente o sejam. Para isso, antes de incluir, numa classificação científica, coleções de revelações dessa espécie, é preciso se lhes examine severamente o conteúdo, submetendo-as ao sistema da análise comparada e da convergência das provas. (P. 174)
135. Conforme ele explicara anteriormente, entre as provas que contribuem para assinalar à mensagem origem estranha ao médium, cumpre se registrem os episódios de identificação pessoal do defunto que se comunica e, sobretudo, os detalhes cuja veracidade se pode comprovar e que, muitas vezes, se encontram intercalados nas descrições da existência espiritual, detalhes que, nesse sentido, assumem excepcional eloquência. (P. 174)
136. Como esses critérios de investigação científica foram aplicados ao material científico que ele examinou, forçoso será convir em que esta obra serve para demonstrar que o valor científico das "revelações transcendentais" não mais deve ser posto em dúvida. (P. 176)

Respostas às questões preliminares

A. Quem é Celfra e que informações transmitiu?
A personalidade mediúnica "Celfra" é, na verdade, o Espírito de um monge da Nicomédia, que viveu no século III da Era cristã. Eis, em resumo, os esclarecimentos ditados por Celfra: a) existem esferas espirituais de transição, em que os Espíritos guardam a forma humana e se veem num meio análogo ao terrestre; b) o peso do Espírito recém-chegado ao mundo espiritual provém das condições de pecado em que toda gente aí chega; c) enquanto a alma do recém-vindo estiver ligada, de alguma sorte, ao mundo dos vivos, o Espírito não pode deixar de existir numa condição quase terrena; d) após a morte do corpo físico, nas altas esferas espirituais a faculdade de pensar experimenta uma transformação e uma expansão prodigiosas; e) a identidade do Espírito lhe é conferida por um atributo que não podemos ainda conceber. (A Crise da Morte, pp. 159 a 161.)
B. Que diz Bozzano sobre a condição dos Espíritos puros?
Bozzano entende que, na condição de puro Espírito, toda entidade se despoja da ‘forma’, tornando-se um ‘centro consciente de irradiação psíquica’, em que ainda existe a identidade, mas sob um aspecto para nós inconcebível e qualificativamente diferente da identidade pessoal terrestre. (Obra citada, pág. 162.)
C. Quais são os doze detalhes fundamentais pertinentes à crise da morte, referidos por Bozzano em suas conclusões?
Eis, resumidamente, os doze detalhes fundamentais, referidos pelo autor do livro: 1 - Os Espíritos se encontram novamente, na vida espiritual, com a forma humana. 2 - Todos eles, após a morte, ignoram durante algum tempo que estão mortos. 3 - Eles passam, no curso da crise pré-agônica, ou pouco depois, pela prova da reminiscência dos acontecimentos da existência ora encerrada. 4 - Todos eles são acolhidos no mundo espiritual pelos Espíritos das pessoas de suas famílias ou de seus amigos mortos. 5 - Quase todos passam, após a morte, por uma fase mais ou menos longa de "sono reparador". 6 - Todos se acham num meio espiritual radioso e maravilhoso (no caso de mortos moralmente normais) e num meio tenebroso e opressivo (no caso de mortos moralmente depravados). 7 - Todos reconhecem que o meio espiritual é um novo mundo objetivo, real, análogo ao meio terrestre espiritualizado. 8 - Eles aprendem que isso se deve ao fato de que, no mundo espiritual, o pensamento constitui uma força criadora, por meio da qual o Espírito existente no "plano astral" pode reproduzir em torno de si o meio de suas recordações. 9 - Todos ficam sabendo que a transmissão do pensamento é a forma da linguagem espiritual, embora certos Espíritos recém-chegados se iludam e julguem conversar por meio da palavra. 10 - Eles verificam que, graças à faculdade da visão espiritual, se acham em estado de perceber os objetos de um lado e outro, pelo seu interior e através deles. 11 - Todos eles aprendem que podem transferir-se temporariamente de um lugar para outro, ainda que muito distante, por efeito apenas de um ato da vontade, podendo também passear no meio espiritual ou voejar a alguma distância do solo. 12 - Os Espíritos dos mortos gravitam fatalmente e automaticamente para a esfera espiritual que lhes convém, por virtude da "lei de afinidade". (Obra citada, pp. 163 a 166.)
D. Quantos e quais são os detalhes secundários colhidos por Bozzano nas comunicações transcendentais examinadas?
Além dos doze detalhes fundamentais acima referidos, Bozzano relacionou oito detalhes secundários colhidos nas revelações transcendentais examinadas, a saber: 1 - Os defuntos dizem que os Espíritos dos mortos a quem nos ligamos em vida intervêm para acolher e guiar os recém-desencarnados, antes que se inicie o "sono reparador". 2 - Os Espíritos, ao observarem seus cadáveres no leito de morte, geralmente falam de um "corpo etéreo" que se condensa acima do "corpo somático", fato que é confirmado pelos videntes. 3 - Eles dizem que, assim como não existem pessoas absolutamente idênticas no mundo dos vivos, o mesmo se dá no mundo espiritual, de modo que as condições verificadas no trespasse não são exatamente as mesmas para todos. 4 - Embora os Espíritos tenham a faculdade de criar mais ou menos bem, pela força do pensamento, o que lhes seja necessário, quando se trata de obras complexas e importantes a tarefa é confiada a grupos de Espíritos que nisso se especializaram. 5 - Quando dominados por paixões humanas, os Espíritos se conservam ligados ao meio onde viveram, por um lapso de tempo mais ou menos longo. Não podendo, assim, gozar do benefício do sono reparador, esses Espíritos persistem na ilusão de se julgarem vivos e tornam-se, muitas vezes, Espíritos "assombradores" ou "perseguidores". 6 - No mundo espiritual, os Espíritos inferiores não podem perceber os que lhes são superiores, devido à diversidade das tonalidades vibratórias de seus "corpos etéreos". 7 - As dilacerantes crises de dor, que frequentemente se produzem junto dos leitos de morte, são penosas para os Espíritos dos defuntos e os impedem de entrar em relação com as pessoas que lhes são caras, retendo-os no meio terrestre. 8 - Os Espíritos afirmam, por fim, que, quando se encontram sós e tomados de perplexidades de toda sorte, percebem uma voz que lhes chega de longe e os aconselha sobre o que fazer: trata-se da voz vinda de Espíritos amigos que, percebendo de modo telepático os seus pensamentos, apressam-se em lhes transmitir conselhos. (Obra citada, pp. 167 a 170.)


Nota:
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