CINCO-MARIAS
Infância e simplicidade
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
As coisas que não levam a nada
têm grande
importância (Manoel de Barros)
Nada de excesso, nem
pressa, quando simplificamos o mundo da criança, ela tem liberdade para um
crescimento saudável, criativo e alegre.
Sem dúvida, e
principalmente na primeira infância, nós, os adultos, devemos renunciar à
competição, à comparação, à busca incansável pelas atividades para educar as
crianças. Os filhos, na infância, necessitam de simplicidade.
Sem dúvida, a forma
mais fácil de assegurar a simplicidade à criança é começar com nosso ambiente
doméstico. Crianças com poucos brinquedos têm motivo para explorar o mundo – e
vão se enriquecer com uma folha outonal, uma pedrinha lisa, um galho de
goiabeira no chão da pracinha… Além disso, quando simplificamos o
cotidiano familiar, permitindo que as crianças não estejam sufocadas com
atividades extracurriculares, oferecemos a elas tempo livre para invencionices,
experimentos de atenção, frustração, conquistas.
Para a família, o
simplificar também é um processo contínuo – reduzir as posses, comprar apenas o
necessário, desenvolver novos ritmos vinculados com o mundo natural, atrair
espaços para uma rica convivência familiar ajudam, por exemplo, a evitar, para
as crianças, os quadros de estresse, depressão, a falta de atenção tão comum em
quem, desde cedo, tem que se submeter a uma multidão de atividades
complementares…
É um fato: as
crianças precisam de poucas coisas, poucos brinquedos, poucas roupas, pouca
informação. O mais importante? Permitir que elas simplesmente desfrutem a
infância, brinquem, explorem o mundo, mantendo-se naturalmente curiosas, flexíveis
e alegres. Afinal, o trabalho mais importante da criança é o brincar…
Repetindo: na
infância a vida deve ser vivida sem pressa, sem estar a criança atropelada pelo
excesso, pois se leva tempo para amadurecer o que vai ser a base da vida
adulta. Em casa, a criança deve ser envolvida por segurança, respeito pelo seu
ritmo e alegria, e isso para conseguir vivenciar (com mais plenitude) um mundo
bom pertinente à infância, desenvolvendo-se física, emocional e
espiritualmente.
O Direito das
Crianças, de Ruth Rocha
Toda criança no mundo
Deve ser bem
protegida
Contra os rigores do
tempo
Contra os rigores da
vida.
Criança tem que ter
nome
Criança tem que ter
lar
Ter saúde e não ter
fome
Ter segurança e
estudar.
Não é questão de
querer
Nem questão de
concordar
Os direitos das
crianças
Todos têm de
respeitar.
Tem direito à atenção
Direito de não ter
medos
Direito a livros e a
pão
Direito de ter
brinquedos.
Mas criança também
tem
O direito de sorrir.
Correr na beira do
mar,
Ter lápis de colorir…
Ver uma estrela
cadente,
Filme que tenha robô,
Ganhar um lindo
presente,
Ouvir histórias do
avô.
Descer do
escorregador,
Fazer bolha de sabão,
Sorvete, se faz
calor,
Brincar de
adivinhação.
Morango com
chantilly,
Ver mágico de
cartola,
O canto do bem-te-vi,
Bola, bola, bola,
bola!
Lamber fundo da
panela
Ser tratada com
afeição
Ser alegre e tagarela
Poder também dizer
não!
Carrinho, jogos,
bonecas,
Montar um jogo de
armar,
Amarelinha, petecas,
E uma corda de pular.
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da
consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra
cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de
São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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