Revista Espírita de 1865
Allan Kardec
Parte 3
Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que é que Kardec
fala sobre a identidade dos Espíritos?
B. A prudência é
importante no exame das comunicações recebidas dos Espíritos?
C. De que necessitam
os Espíritos mais adiantados para manifestar-se?
Texto para leitura
25. Durante a infância,
a assistência prestada pelos protetores espirituais à criança é contínua e
fundamental para o sucesso dela na existência que ora se inicia. Quem contempla
uma criancinha que dorme a vê, muitas vezes, “sorrindo aos anjos”, como se diz
vulgarmente, expressão mais justa do que se pensa, pois ela sorri aos Espíritos
que a cercam e devem guiá-la. (Pág. 44.)
26. A identidade dos
Espíritos é uma das grandes dificuldades do Espiritismo prático e, segundo
Kardec, não pode ser constatada de maneira positiva senão para os Espíritos
contemporâneos, cujo caráter e hábitos são conhecidos. Eles se revelam, então,
por uma porção de particularidades que não deixam margem a dúvidas. (Pág. 45.)
27. Coisa diferente
se passa com os Espíritos que são conhecidos somente através da história. Para
esses não existe qualquer prova material de identidade; pode haver presunção,
mas não certeza absoluta da personalidade, mesmo porque eles podem, ao longo dos
séculos, haver mudado suas ideias e seu caráter. (Pág. 46.)
28. Os que atingiram
uma certa elevação formam famílias similares pelo pensamento e pelo grau de
adiantamento, cujos membros estão, muitas vezes, longe de ser nossos
conhecidos. Assim, quando um deles se manifesta, vale-se de um nome que
conhecemos, como indício de sua categoria espiritual. Se, por exemplo, Platão
for evocado, pode ser que atenda ao apelo; mas, se não puder, um Espírito da
mesma classe responderá por ele. Será o seu pensamento, mas não a sua
individualidade. É isso que nos importa entender. (Pág. 46.)
29. Os Espíritos
superiores vêm instruir-nos. Sua identidade absoluta é, pois, questão
secundária. O que dizem é bom ou mau, racional ou ilógico, digno ou indigno da
assinatura; eis toda a questão. No primeiro caso, aceita-se; no segundo,
rejeita-se como sendo uma comunicação apócrifa. (Pág. 46.)
30. Espíritos
levianos ou ignorantes enfeitam-se, muitas vezes, com grandes nomes para iludir
os incautos e fazê-los acreditar em suas tolices. A distinção exige, neste
caso, tato, observação e quase sempre conhecimentos especiais, porque para
julgar uma coisa é preciso competência. Como um indivíduo não versado em
literatura e poesia pode apreciar as qualidades e os defeitos das comunicações
desse gênero? (Pág. 46.)
31. É, pois, a
ignorância que leva as pessoas a tomar como belezas sublimes a ênfase, os
floreios de linguagem, as palavras sonoras que cobrem o vazio das ideias. O
erro não está, portanto, no Espiritismo, mas nas pessoas que aceitam facilmente
o que vem dos Espíritos, sem examiná-lo com a prudência devida. O erro é ainda
maior quando se publicam, sob nomes conhecidos, coisas indignas da origem que
lhes é atribuída. O Espiritismo racional não patrocina de modo algum tais
produções e não assume a responsabilidade pelas publicações feitas com mais
entusiasmo que prudência. (Págs. 46 e 47.)
32. São raras as
ocasiões, diz Erasto, em que os grandes Espíritos têm à sua disposição médiuns
cuja capacidade cerebral forneça todos os elementos de palavras e de pensamentos
necessários à manifestação de seu pensamento na forma e com a fórmula que eles
lhe teriam dado em vida. (Págs. 48 e 49.)
33. Para se fazerem
ouvir, os Espíritos devem agir sobre os instrumentos que estejam ao nível de
sua ressonância fluídica. Muitos médiuns, senão a maioria, são, porém,
instrumentos muito imperfeitos. É preciso entender que em tudo é necessário
similitude, assim nos fluidos espirituais, como nos fluidos materiais. Os
Espíritos adiantados necessitam, para manifestar-se, de médiuns capazes de
vibrar com eles em uníssono, e é o que dificilmente acontece. (Pág. 49.)
34. Comentando o
assunto, Kardec explica que quando um médium trata com facilidade e
superioridade assuntos que lhe são estranhos, eis um indício de que seu
Espírito possui faculdades latentes já desenvolvidas, fora da educação recebida
na presente existência. (Pág. 50.)
35. A Revista
reproduz o relato trazido pela imprensa leiga dos acontecimentos ocorridos em
Tananarive (Madagáscar) no ano de 1863, quando morreu o rei Radama II. A
notícia reporta-se também a uma estranha doença, designada pelo nome de
Ramanenjana, que age especialmente sobre os nervos, provocando convulsões e
alucinações e dores violentas na cabeça, na nuca e no estômago. (Págs. 50 e
51.)
36. Comentando a
notícia, diz Kardec, tudo indicava que lá, como em Morzine, esses fenômenos
seriam o resultado de uma obsessão ou possessão coletiva, como se produziu ao
tempo do Cristo. Cada povo deve fornecer ao mundo invisível ambiente Espíritos
similares que, do espaço, reagem sobre as pessoas das quais, por força de sua
inferioridade, conservaram os hábitos, as inclinações e os preconceitos. (Pág.
54.)
Respostas às questões propostas
A. Que é que Kardec
fala sobre a identidade dos Espíritos?
O Codificador diz que
a identidade dos Espíritos é uma das grandes dificuldades do Espiritismo
prático e não pode ser comprovada de maneira positiva senão para os Espíritos
contemporâneos, cujo caráter e hábitos são conhecidos, porque, então, eles se
revelam por uma porção de particularidades que não deixam margem a dúvidas. Coisa
diferente se passa com os Espíritos que são conhecidos somente através da
história. Para esses não existe qualquer prova material de identidade; pode
haver presunção, mas não certeza absoluta da personalidade, mesmo porque eles
podem, ao longo dos séculos, haver mudado suas ideias e seu caráter. (Revista
Espírita de 1865, pp. 45 e 46.)
B. A prudência é
importante no exame das comunicações recebidas dos Espíritos?
Sim. O erro, quando a
imprudência prevalece, não está no Espiritismo, mas nas pessoas que aceitam
facilmente o que vem dos Espíritos, sem examiná-lo com a prudência devida. E
esse erro é ainda maior quando se publicam, sob nomes conhecidos, coisas
indignas da origem que lhes é atribuída. O Espiritismo racional não patrocina
de modo algum tais produções e não assume a responsabilidade pelas publicações
feitas com mais entusiasmo que prudência. (Obra citada, pp. 46 e 47.)
C. De que necessitam
os Espíritos mais adiantados para manifestar-se?
Para se fazerem
ouvir, os Espíritos devem agir sobre os instrumentos que estejam ao nível de
sua ressonância fluídica. Muitos médiuns, senão a maioria, são, porém,
instrumentos muito imperfeitos. Os Espíritos adiantados necessitam, para
manifestar-se, de médiuns capazes de vibrar com eles em uníssono, e é o que
dificilmente acontece. (Obra citada, pp. 49 e 50.)
Observação:
Para acessar a Parte 2 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/02/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_01516321650.html
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