Revista Espírita de 1865
Allan Kardec
Parte 2
Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. O trabalho e a
atividade da alma são importantes para o crescimento espiritual?
B. Qual é a causa que
leva os espíritas a encarar a morte com serenidade?
C. Que é que os guias
espirituais fazem pela criança durante o período da primeira infância?
Texto para leitura
13. Pitágoras não foi
o autor da doutrina da metempsicose; foi tão somente seu propagador na Grécia,
depois de a haver encontrado entre os indianos. Acresce ainda notar que a
encarnação entre os animais consistia, segundo os seus defensores, numa punição
temporária, uma espécie de prisão da qual, ao sair, a alma entrava na
Humanidade. (Págs. 25 e 26.)
14. A Revista anuncia
o surgimento em dezembro de 1864 do jornal espírita “O Médium Evangélico”, de
Toulouse. Em seu número inicial, o novo periódico explica que, tendo em vista
que o objetivo essencial do Espiritismo é a moralização, ele seria redigido
conforme o espírito evangélico, que é sinônimo de caridade, tolerância e
moderação. (Págs. 26 e 27.)
15. Na seção de
livros novos, a Revista divulga a publicação de um opúsculo em língua alemã
intitulado “Alfabeto Espírita - Para ensinar a ser feliz”, composto de uma
coletânea de comunicações mediúnicas em prosa e verso recebidas na Sociedade
Espírita de Viena, sobre diferentes assuntos de moral, postos em ordem
alfabética. O autor, Sr. Delhez, de Viena, era o tradutor d’ O Livro dos
Espíritos em língua alemã. (Pág. 28.)
16. Encerrando o
número de janeiro de 1865, a Revista transcreve três mensagens mediúnicas
obtidas na Sociedade de Antuérpia em 1864 e firmadas pelo Espírito de Fénelon.
Eis alguns dos pensamentos que nelas se contêm:
I) “Deus é tão justo
quanto grande. Apoiai-vos nele e ele vos inundará de sua graça.”
II) “Espíritas,
erguei-vos; dai a mão aos vossos irmãos, os apóstolos da fé, para que sejais
fortes ante o exército tenebroso que vos quer engolir.”
III) “Jamais é o
homem tão forte do que quando sente a sua fraqueza; tudo pode empreender sob o
olhar de Deus. Sua força moral cresce em razão de sua confiança, porque sente
necessidade de dirigir-se ao Criador para pôr sua fraqueza ao abrigo das quedas
a que a imperfeição humana o pode arrastar.”
IV) “Todo homem
necessita de conselhos. Infeliz aquele que se julga bastante forte por suas
próprias luzes, porque terá numerosas decepções. O Espiritismo está cheio de
escolhos, mesmo nos grupos e, com mais forte razão, no isolamento.”
V) “Cada luta
enfrentada corajosamente sob o olhar de Deus é uma prece fervorosa, que sobe a
ele como o incenso puro e de odor agradável.”
VI) “Se bastasse
formular palavras para se dirigir a Deus, os inoperantes apenas teriam que
tomar um livro de preces para satisfazer a obrigação de orar. O trabalho, a
atividade da alma são a única boa prece que a purifica e a faz crescer.” (Págs.
28 a 31.)
17. A apreensão da
morte – diz Kardec na abertura do número de fevereiro – é efeito da sabedoria
da Providência e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os
seres vivos. À medida que o homem compreende melhor a vida futura, diminui a
apreensão da morte. A certeza da vida futura dá outro curso às suas ideias,
outro objetivo a seus trabalhos, porque ele então sabe que seu futuro depende
da direção que der ao presente. (Pág. 33.)
18. A apreensão da
morte depende, assim, da insuficiência das noções sobre a vida futura.
Enfraquece à medida que se forma a certeza; desaparece quando a certeza sobre o
futuro é completa. (Págs. 34 a 36.)
19. A doutrina
espírita, portanto, muda inteiramente a maneira de encarar o futuro. A vida
futura não é mais uma hipótese, mas uma realidade; o estado das almas após a
morte não é mais um sistema, mas o resultado da observação. Eis aí a causa da
calma com que os espíritas encaram a morte e da serenidade de seus últimos
instantes na Terra. O que os sustém não é só a esperança, é a certeza. (Págs.
36 e 37.)
20. Tratando dos
incessantes progressos que o Espiritismo apresentava, Kardec destaca a
principal causa disso: é que, ao contrário das doutrinas puramente
especulativas, o Espiritismo repousa sobre um fato – o da comunicação entre o
mundo visível e o invisível. Ora, um fato não pode ser anulado pelo tempo, como
uma opinião. O Espiritismo é, por isso mesmo, imperecível. Apoiando-se não numa
ideia preconcebida, mas em fatos patentes, ele está ao abrigo das flutuações
comuns às diferentes doutrinas que tiveram sucesso circunscrito ou temporário,
e não poderá senão crescer. (Págs. 38 e 39.)
21. Alguns, no
entanto, dirão que ao lado dos fatos o Espiritismo apresenta uma teoria, uma
doutrina. Quem pode assegurar que essa teoria não sofrerá variações? Sem
dúvida, reconhece Kardec, ela poderá sofrer modificações em seus pormenores, à
vista de novas observações; mas seu princípio não pode variar e, menos ainda,
anular-se; eis o essencial. (Pág. 40.)
22. Concluindo,
adverte o Codificador: “O Espiritismo está longe de haver dito a última
palavra, quanto às suas consequências, mas é inamolgável em sua base, porque
esta base está assentada nos fatos”. (Pág. 41.)
23. Na Sociedade
Espírita de Paris, um Espírito explica a causa do mutismo que afetava um menino
de três anos, dizendo tratar-se de uma inteligência que poderia ainda ficar
velada por algum tempo, pelo sofrimento material da reencarnação, a que teve
ele muita dificuldade em se submeter. Mas o seu guia o ajudava com terna
solicitude a sair desse estado pelos conselhos, o encorajamento e as lições que
lhe dava durante o sono do corpo. (Págs. 41 a 43.)
24. Durante o período
da primeira infância, quando a criança ainda se vale do berço, a ação da alma
sobre a matéria é pouco sensível. Os guias espirituais procuram aproveitar
esses instantes para preparar o Espírito e o encorajar às boas resoluções de
que sua alma está impregnada. É nesses momentos de desprendimento que o
Espírito, saindo da perturbação que teve de passar para encarnar-se, compreende
e lembra os compromissos contraídos para o seu adiantamento moral. (Pág. 44.)
Respostas às questões propostas
A. O trabalho e a
atividade da alma são importantes para o crescimento espiritual?
Sim. Segundo Fénelon,
cada luta enfrentada corajosamente sob o olhar de Deus é uma prece fervorosa,
“que sobe a ele como o incenso puro e de odor agradável”. “Se bastasse formular
palavras para se dirigir a Deus, os inoperantes apenas teriam que tomar um
livro de preces para satisfazer a obrigação de orar. O trabalho, a atividade da
alma são a única boa prece que a purifica e a faz crescer.” (Revista Espírita
de 1865, pp. 28 a 31.)
B. Qual é a causa que
leva os espíritas a encarar a morte com serenidade?
O motivo dessa
serenidade é que a doutrina espírita muda inteiramente a maneira como encaramos
o futuro. A vida futura deixa de ser simples hipótese, e o estado das almas
após a morte não é mais um sistema, mas o resultado da observação. O que os
sustém não é, portanto, somente a esperança, mas a certeza de que a vida
continua. (Obra citada, págs. 36 e 37.)
C. Que é que os guias
espirituais fazem pela criança durante o período da primeira infância?
Durante esse período,
quando a criança ainda se vale do berço, a ação da alma sobre a matéria é pouco
sensível. Os guias espirituais procuram, então, aproveitar esses instantes para
preparar o Espírito e o encorajar às boas resoluções de que sua alma está
impregnada. É nesses momentos de desprendimento que o Espírito, saindo da
perturbação que teve de passar para encarnar-se, compreende e lembra os
compromissos contraídos para o seu adiantamento moral. (Obra citada, pág. 44.)
Observação:
Para acessar a 1ª Parte deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/02/revista-espirita-de-1865-allan-kardec.html
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