Revista Espírita de 1865
Allan Kardec
Parte 8
Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Quem são, segundo
Kardec, os médiuns curadores propriamente ditos?
B. Pode um Espírito,
mesmo passados dois anos de sua morte, julgar-se vivo?
C. Entre o chamado
Espiritismo poético e o Espiritismo científico, com qual Kardec ficava?
Texto para leitura
83. Fora o Dr.
Demeure, recentemente desencarnado, quem atendeu à ocorrência e curou a médium,
que não sabia até então que o médico e amigo havia desencarnado. A cura
descrita, explica Kardec, é um exemplo da ação do magnetismo espiritual puro,
sem qualquer mistura com o magnetismo humano. (Pág. 111.)
84. Por vezes,
informa Kardec, os Espíritos se servem de médiuns especiais, como condutores de
seu fluido: são esses os médiuns curadores propriamente ditos, cuja faculdade
apresenta graus muito diversos de energia, conforme sua aptidão pessoal e a
natureza dos Espíritos que os assistem. (Pág. 111.)
85. Em Paris, Kardec
conheceu uma pessoa que oito meses antes havia sido acometida de exostoses na
anca e no joelho e, por causa disso, se encontrava presa ao leito. Um amigo dotado
da faculdade de cura tratou do enfermo pela simples imposição das mãos, durante
alguns minutos, sobre a cabeça e pela prece, que o doente acompanhava com
fervor. Durante o tratamento o enfermo experimentava muita dor, logo seguida de
uma perfeita calma. Sentia então a impressão enérgica de várias mãos a
massagear e a estirar a perna, que se via alongar-se de 10 a 12 centímetros. O
doente voltou a andar, embora a antiguidade e a gravidade do mal tornassem a cura
mais demorada do que uma simples entorse. (N.R.: Exostose – lê-se ezostose –
diz-se da proliferação óssea ocorrida na superfície de um osso.) (Pág. 111.)
86. Observa Kardec
que a mediunidade curadora ainda não era apresentada com caracteres de
generalidade e de universidade, mas, ao contrário, era restrita como aplicação,
isto é, o médium tinha uma ação mais poderosa sobre certos indivíduos do que
sobre outros, e não curava todas as doenças. (Págs. 111 e 112.)
87. A mediunidade
curadora – explica o Codificador – está exclusivamente na ação fluídica mais ou
menos instantânea e não deve ser confundida com o magnetismo humano, nem com a
faculdade que têm certos médiuns de receber dos Espíritos a indicação de
remédios. (Pág. 112.)
88. Pierre Legay,
parente da Sra. Delanne, ofereceu aos pesquisadores espíritas o singular
espetáculo de um Espírito que, dois anos depois de sua morte, ainda se julgava
vivo, cuidava dos negócios, viajava de carro, pagava passagem em estradas de
ferro. Este caso é uma continuação do relato publicado na Revista de novembro
de 1864. (Págs. 112 e 113.)
89. Depois de uma
longa conversa com o Sr. Delanne, Pierre Legay diz ter afinal despertado.
“Sabeis que dormi?”, perguntou Pierre ao Sr. Delanne, acrescentando à frase:
“Chamo dormir o que chamais morrer”. Em seguida, disse que o Espírito não fica
ciente da nova situação que a morte corporal lhe impõe, se não for
imediatamente ajudado a se reconhecer pela prece e se não o esclarecerem sobre
sua verdadeira posição. (Págs. 113 a 115.)
90. Ignorando o que
lhe havia sucedido, Pierre Legay arrastou, ou antes, julgou arrastar o corpo
físico com o mesmo esforço e os males que se sentem na Terra. Eis como ele
explicou o que sentiu pós-morte: “Sim, morre-se; mas não é no momento em que se
deixa o corpo; é no momento em que o Espírito, percebendo sua verdadeira
posição, é tomado de uma vertigem, não sabe mais compreender o que lhe dizem,
não vê mais as coisas que lhe explicam da mesma maneira; então se perturba”.
(Pág. 115.)
91. A Revista reporta
as manifestações espíritas que estavam ocorrendo naqueles dias em Marselha, uma
repetição dos fenômenos verificados em Poitiers. Segundo a Gazette du Midi,
do dia 5 de março, os ruídos tinham por vezes a força de um tiro de canhão, de
pequeno calibre, dado numa casa. Portas e janelas, piso e paredes ficam
abaladas, os objetos pendurados nas paredes se agitam; parece que a casa vai
ruir, mas nada ocorre. Depois do barulho não existe a menor fenda, nada se
estragou, tudo volta à calma de antes. A polícia apareceu, mas nada descobriu.
(Págs. 116 e 117.)
92. Dois poemas de
Marie-Caroline Quillet, o primeiro intitulado O Espiritismo, foram transcritos
pela Revista em sua edição de abril. No preâmbulo desse poema, a Sra. Quillet
consignou: “O Espiritismo é o desenvolvimento do Evangelho, a extensão e a expansão
da vida”. (Págs. 118 a 120.)
93. Reconhecendo que
a poeta está certa quando diz que “todos são chamados a concorrer à obra da
renovação terrestre”, Kardec discorda da opinião que ela expendeu ao analisar
uma frase da Sra. Foulon acerca do Espiritismo poético. Segundo Kardec, é o
Espiritismo sério, o Espiritismo científico, apoiado nos fatos e na lógica, que
melhor convém à natureza positiva dos homens da época e é ele o objeto de seus
estudos. (Pág. 120.)
94. Falecida em
Bruxelas, após 32 anos de uma moléstia que a reteve por 20 anos no leito, a
Sra. Marguerite Vauchez, mãe de dois dos principais companheiros espíritas da
cidade, pouco depois de seu passamento enviou aos filhos palavras confortadoras
em que, declarando-se liberta do fardo que a prendia ao leito, lhes disse:
“Vejo, sinto, vivo!” “Deus teve piedade de meus sofrimentos. Oh! meus amigos,
como é bela a vida da alma, quando desprendida da matéria!” (Págs. 120 a 123.)
Respostas às questões propostas
A. Quem são, segundo
Kardec, os médiuns curadores propriamente ditos?
Os médiuns curadores
propriamente ditos, cuja faculdade apresenta graus muito diversos de energia,
conforme sua aptidão pessoal e a natureza dos Espíritos que os assistem, são
aqueles de quem os Espíritos se servem como condutores de seu fluido. (Revista
Espírita de 1865, pág. 111.)
B. Pode um Espírito,
mesmo passados dois anos de sua morte, julgar-se vivo?
Sim. Foi o que se deu
com Pierre Legay, parente da Sra. Delanne, o qual, dois anos depois de sua
morte, ainda se julgava vivo, cuidava dos negócios, viajava de carro, pagava
passagem em estradas de ferro. Depois de uma longa conversa com o Sr. Delanne,
Pierre Legay disse ter afinal despertado. “Sabeis que dormi?”, perguntou Pierre
ao Sr. Delanne, acrescentando à frase: “Chamo dormir o que chamais morrer”. Em
seguida, disse que o Espírito não fica ciente da nova situação que a morte
corporal lhe impõe, se não for imediatamente ajudado a se reconhecer pela prece
e se não o esclarecerem sobre sua verdadeira posição. (Obra citada, pp. 112 a
115.)
C. Entre o chamado
Espiritismo poético e o Espiritismo científico, com qual Kardec ficava?
Ao discordar da
opinião de um Espírito a respeito de uma frase da Sra. Foulon acerca do
Espiritismo poético, Kardec disse que é o Espiritismo sério, o Espiritismo
científico, apoiado nos fatos e na lógica, que melhor convém à natureza
positiva dos homens da época e era ele o objeto de seus estudos. (Obra citada, pág.
120.)
Observação:
Para acessar a Parte 7
deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/04/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_01638057797.html
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