O alcoolismo e seus lamentáveis
efeitos
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Dentro da
visão espírita, como explicar o fato?
Inicialmente
é bom que fique claro que neste, como em muitos outros assuntos, há vários
aspectos a considerar.
No
livro Trilhas da Libertação, de Manoel
Philomeno de Miranda, psicografado pelo médium Divaldo Franco, o médico
desencarnado dr. Carneiro de Campos tece várias considerações sobre o tema.
Segundo
ele, no começo a pessoa pode experimentar euforia e dinamismo motor com o uso
dos alcoólicos, perdendo, porém, o controle, o senso crítico e tornando-se
inconveniente. À medida que a dependência aumenta e o uso se torna mais
frequente, a bebida alcoólica afeta o sistema nervoso, o trato digestivo, o
aparelho cardiovascular. As complicações que degeneram em gastrite e cirrose
hepática tornam-se inevitáveis, podem levar à morte, qual sucede no câncer de
esôfago e de estômago.
Além
disso, do ponto de vista psíquico, o alcoólatra muda completamente o
comportamento, e suas reações mentais se alteram, começando pelos prejuízos da
memória e culminando, em casos graves, no chamado delirium tremens, sem retorno ao equilíbrio, que não se dá nem
mesmo quando o indivíduo desencarna. Por isso, ao permanecer dominado pelo
vício, quase sempre ele buscará sintonia com personalidades frágeis ou
temperamentos rudes na Terra, utilizando-se deles em processo obsessivo para
dar prosseguimento ao lamentável consumo do álcool, aspirando-lhe então os
vapores e beneficiando-se da ingestão realizada pelo seu parceiro-vítima, que
mais rapidamente se exaure. É a isso que, na linguagem espírita, chamamos de
vampirismo.
Já
faz muito tempo que no meio espírita se sabe da relação que existe entre o
consumo de álcool e a obsessão.
No
capítulo de abertura do livro Diálogo dos
Vivos, obra publicada em 1974 em parceria com Chico Xavier, Herculano Pires
escreveu:
“A obsessão mundial pelo álcool, no
plano humano, corresponde a um quadro apavorante de vampirismo no plano
espiritual. A medicina atual ainda reluta – e infelizmente nos seus setores
mais ligados ao assunto, que são os da psicoterapia – em aceitar a tese espírita
da obsessão. Mas as pesquisas parapsicológicas já revelaram, nos maiores
centros culturais do mundo, a realidade da obsessão. De Rhine, Wickland, Pratt,
nos Estados Unidos, a Soal, Carrington, Price, na Inglaterra, até a outros
parapsicólogos materialistas, a descoberta do vampirismo se processou em
cadeia. Todos os parapsicólogos verdadeiros, de renome científico e não
marcados pela obsessão do sectarismo religioso, proclamam hoje a realidade das
influências mentais entre as criaturas humanas, e entre estas e as mentes
desencarnadas.” (Obra citada.)
O
fato é de fácil compreensão. A dependência do álcool, como vimos nas
explicações do dr. Carneiro de Campos, prossegue além-túmulo e – não podendo o
Espírito obter a bebida no local em que agora reside – busca satisfazer sua
compulsão pela bebida associando-se a um encarnado que beba, o que tem sido
confirmado por vários autores desencarnados, como André Luiz, Manoel P. de
Miranda, Cornélio Pires e muitos outros.
Cornélio
Pires, na obra acima citada, escreveu a um amigo que o consultou sobre o tema: “Cachaça,
meu caro João, recorda simples tomada que liga na obsessão”. E finalizando a
resposta, vazada em versos, reafirmou: “Eis no Além o que se vê, seja a pinga
como for, enfeitada ou caipira, é laço de obsessor”.
É
possível, pois, deduzir que o alcoólatra encarnado, além dos efeitos do álcool
sobre seu psiquismo, passe a agir sob a influência da entidade espiritual
vampirizadora, como já foi descrito por autores diversos.
Eis,
na sequência, um exemplo colhido no livro Nos
Domínios da Mediunidade, de André Luiz, psicografado pelo médium Francisco
Cândido Xavier.
Em
determinada noite, Hilário, André Luiz e Aulus – todos eles desencarnados – se dirigiam
a um centro espírita, quando ouviram enorme gritaria. Dois guardas arrastavam,
de um restaurante, um homem maduro em deploráveis condições de embriaguez. Este
esperneava e proferia palavras rudes, abraçado por uma entidade da sombra, como
se um polvo estranho o absorvesse. Num átimo, a bebedeira alcançou os dois,
porque eles se justapunham completamente um ao outro, exibindo as mesmas
perturbações.
Aulus
convidou seus pupilos a entrar no restaurante, onde havia muita gente. As
emanações do ambiente produziram indefinível mal-estar em André. Junto de
fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se
demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar,
ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, encontrando nisso
alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes.
Indicando
essas entidades, Aulus explicou que muitos irmãos já desvencilhados do corpo
físico se apegam com tamanho desvario às sensações da experiência física, que
se colam aos amigos encarnados temporariamente desequilibrados nos costumes
desagradáveis pelos quais se deixam influenciar.
Hilário
estranhou por que Espíritos mergulham em prazeres dessa espécie. Aulus
respondeu:
"Hilário, o que a vida começou, a
morte continua... Esses nossos companheiros situaram a mente nos apetites mais
baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de emoções que os localiza na
vizinhança da animalidade. Não obstante haverem frequentado santuários
religiosos, não se preocuparam em atender aos princípios da fé que abraçaram,
acreditando que a existência devia ser para eles o culto de satisfações menos
dignas, com a exaltação dos mais astuciosos e dos mais fortes. O chamamento da
morte encontrou-os na esfera de impressões delituosas e escuras e, como é da
Lei que cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá, não
encontram interesse senão nos lugares onde podem nutrir as ilusões que lhes são
peculiares, porquanto, na posição em que se veem, temem a verdade e
abominam-na, procedendo como a coruja que foge à luz." (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 15, págs.
Em
face das informações acima expostas, não é difícil entender por que os pais não
podem fechar os olhos diante de um filho que busca nesse ou em qualquer outro
vício prazeres que mais tarde todos lamentarão profundamente.
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