segunda-feira, 16 de setembro de 2024

 



Maturidade

 

Albino Teixeira (Espírito)

 

Se já prestamos serviço sem perguntar se a criatura está precisando...

Se já auxiliamos nas boas obras sem aguardar recompensa...

Se procuramos o trabalho que nos compete sem rogar que outros nos substituam nas próprias obrigações...

Se não registramos ressentimentos...

Se cooperamos espontaneamente em favor do próximo...

Se buscamos a própria renovação sem esperar que os outros bitolem emoções e ideias pelo nosso coração ou pela nossa cabeça...

Se estudamos os problemas da existência e da alma sem que ninguém nos obrigue a isso...

Se amamos sem cogitar se os outros nos amam...

Se reconhecemos que a nossa liberdade unicamente é válida pelo dever que cumprimos...

Se já sabemos esquecer o mal, para valorizar o bem...

Se já conseguimos calar todos os assuntos que induzam à intranquilidade e ao pessimismo...

Então estaremos atingindo as faixas benditas da maturidade com a Vida Superior.

 

Do livro Aulas da Vida, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 


 

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domingo, 15 de setembro de 2024

 



Existem Espíritos que jamais encarnaram?

 


ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Segundo uma leitora do Rio de Janeiro-RJ, determinado palestrante declarou em público que os Espíritos eleitos são aqueles que sempre seguiram o caminho do bem e por isso jamais precisaram encarnar.

A estranheza da leitora ao ouvir tal informação é a mesma nossa e, por isso, para não confundir desnecessariamente os ouvintes e os leitores, seria importante que palestrantes e escritores fundamentassem tudo aquilo que divulgam.

A tese de que existem Espíritos que jamais precisaram encarnar é estranha à doutrina espírita, visto que a necessidade e a finalidade da encarnação são assuntos definidos com clareza na obra kardequiana.

Como sabemos, Allan Kardec perguntou aos Espíritos (O Livro dos Espíritos, 132):

– Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

Eles responderam: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”.

Considerando, com inteira razão, que uma existência corporal é claramente insuficiente para que uma pessoa atinja o objetivo da encarnação – alcançar a perfeição –, o codificador do Espiritismo apresentou aos imortais uma nova questão (O Livro dos Espíritos, 166 e 167):

– Como pode a alma acabar de se depurar?

"Submetendo-se à prova de uma nova existência” – eis a resposta. “A finalidade da reencarnação é: expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?".

Algum tempo depois, em artigo publicado no ano de 1863 na Revista Espírita, Kardec analisou a tese, então em voga, de que os Espíritos não teriam sido criados para encarnar; a encarnação não seria senão o resultado de suas faltas, ou seja, se o Espírito jamais errasse, se seguisse sempre o caminho do bem, dela estaria dispensado.

No artigo, que pode ser visto na Revista Espírita de 1863, pp. 164 a 166, Kardec foi peremptório e reafirmou a lição constante d´O Livro dos Espíritos, esclarecendo que a encarnação e a pluralidade das existências corpóreas constituem uma necessidade indispensável ao progresso do Espírito e do próprio planeta em que ele vive, e não uma forma de castigo.

Emmanuel, Joanna de Ângelis e André Luiz, assim como o fizeram Léon Denis e Gabriel Delanne, reafirmam em suas obras o mesmo pensamento acerca da necessidade do processo reencarnatório, que constitui um dos princípios fundamentais do Espiritismo.

Concluindo, podemos afirmar, com base na doutrina espírita, que todos nós já passamos inúmeras vezes pelo processo reencarnatório e, com toda a certeza, estamos ainda a uma distância incalculável da meta que Deus, nosso Pai, nos assinalou, ou seja, centenas e talvez milhares de reencarnações nos aguardam.

 

 

 

 

 

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sábado, 14 de setembro de 2024

 




Uma dedicatória à Língua Portuguesa

 

por Fernanda Borges

 

“Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.”

Clarice Lispector

 

Há uma estimativa de que existam mais de 7 mil línguas no mundo inteiro e me “calhou” falar português. Não é totalmente um português de Portugal nem totalmente brasileiro, mas é esta língua portuguesa que vive nas “entranhas” da minha alma e que pulsa mesmo no silêncio. É como se antes de nascer, ainda lá nos planos etéricos, meu silêncio vibrasse nessa nota e, sem que eu me desse conta, precisei sair das terras lusitanas para compreender quanto ela está em mim.

Quando há o esforço para falar um idioma diferente, surge uma preguiça mental quase que imposta pelo meu inconsciente para não se esforçar tanto por esse caminho, mostrando o fluir muito mais harmônico e tranquilo quando os sons se juntam para soltar uma palavra em português. Não há aquele “chiado” de Portugal e nem mesmo o gerúndio excessivo brasileiro, mas há sim uma verdadeira alegria em perceber as palavras se encontrando exatamente onde deve estar, na Língua Portuguesa.

Tantos são os poetas, escritores e artistas a falar desse idioma e por tanto tempo nunca me atentei quanto sempre estive tão conectada a ela, só que de maneira despretensiosa, sem jamais querer fazer das palavras algo que não fosse simplesmente verbalizá-las. Nos tempos de período escolar estava sempre a folhear livros de literatura portuguesa e as poesias sempre acessavam meu coração de maneira curiosa e ao mesmo tempo natural. Enquanto os amigos saíam para se distrair na hora do intervalo entre as aulas, eu ficava no banco a folhear as poesias, as imagens e histórias dos poetas, os “contos” e as combinações das estrofes que ainda não se encaixavam em minha mente.

Sem fazer muito sentido me formei comunicadora e num “piscar de olhos” as palavras e este idioma foi a matéria-prima de meu trabalho como jornalista, que durou dez anos ininterruptos. Será que foi meu espírito que elegeu a Língua Portuguesa ou foi a Língua Portuguesa que me escolheu? Por que tanta falta de vontade de verbalizar outros dialetos, outros idiomas, outras formas de se expressar pelo verbo? Por que ela vibra tão fortemente em meu coração pedindo uma atenção especial como um convite a dizer: “Não esqueça que sou parte de você!”

Então, viajando e vivendo num país de língua diferente, a própria vida me trouxe alunos curiosos para aprender a Língua Portuguesa. Empolgados e curiosos eles pedem para sentir o sotaque, para ouvir o samba, para conhecer a cultura, para saber dos poetas. E então, quando me volto para escutá-la com mais presença outra vez e ao preparar aulas e conectar temas com os interesses dos alunos, volto ao mundo interno de onde encontro a casa que me habita. Ali não sou estrangeira, nem mesmo desconhecida. Neste mundo o tempo para, as vozes silenciam, a alegria ressurge e o consciente traz de volta uma informação de que por algum tempo me havia esquecido: como é bom pensar, falar, sentir e vibrar na língua portuguesa.

Que a beleza de todos os idiomas possa manter-se por meio da construção de palavras ditas de maneira presente, vagarosa, atenta e cuidadosa. Que possamos manter a pureza dos que se esforçaram para colaborar com a riqueza cultural de cada nação e que a Língua Portuguesa possa seguir conectando e espalhando tanta admiração, curiosidade e interesse para sempre somar com outras nações, línguas e culturas numa espírito de Unidade, em colaboração com mentes criadoras de tudo o que for belo, bom, harmônico para nosso planeta.

 

O texto acima pode ser lido no site  https://fernandapaz.site/uma-dedicatoria-a-lingua-portuguesa/

 

Fernanda Borges é jornalista, tradutora, professora de português e vive atualmente na Argentina.

 

Contatos:

WhatsApp: (+54) 9 3548 583998

Instagram: @fernandaborgespaz

Youtube:@fernandaborgespaz

Website: fernandapaz.site

 

 

Observação:

Para acessar o estudo publicado no sábado anterior, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/09/a-locucao-ao-contrario-indica-oposicao.html

 

 

  

 

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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

 



A Caminho da Luz

 

Emmanuel

 

Parte 5

 

Damos prosseguimento ao estudo da obra A Caminho da Luz, de Emmanuel, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier em 1938 e publicada em 1939 pela Federação Espírita Brasileira.

Este estudo, que tem por base a 15ª edição da obra, é publicado sequencialmente sempre às sextas-feiras neste blog.

A seguir, o texto e as questões de hoje.

 

Texto-base para leitura e reflexão

 

77. Todas as raças da Terra devem aos judeus esse benefício sagrado que consiste na revelação do Deus Único, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres. (PP. 68 e 69)

78. Mais tarde, quando veio Jesus, o povo judeu não o entendeu, porque, segundo a sua concepção, o Senhor deveria chegar no carro magnificente de suas glórias divinas, humilhar todos os reis do mundo e conferir a Israel o cetro supremo da direção de todos os povos do planeta. (P. 70)

79. Na verdade, apesar de sua crença fervorosa, Israel não sabia que toda salvação tem de começar no íntimo de cada um e, cumprindo as profecias de seus próprios filhos, conduziu ao martírio da cruz o divino Cordeiro. (P. 71)

80. A realidade é que um sopro de amargura pesou mais fortemente sobre os destinos da raça, depois da ignominiosa tarde do Calvário. As sombras diabólicas, que caíram sobre o Templo de Jerusalém, acompanharam igualmente o povo escolhido em todas as diretivas, pelas estradas longas do mundo. (P. 71)

81. Quando se verificou o advento das almas proscritas do sistema da Capela, já a existência chinesa contava com uma organização regular, oferecendo os tipos mais homogêneos e mais selecionados do planeta. (P. 74)

82. A civilização e o progresso, como a própria vida, dependem das trocas incessantes; não foi, porém, o que ocorreu com a China, cujo insulamento voluntário fez com que se cristalizassem suas ideias. (P. 74)

83. Por sua obstinada resistência, as ideias chinesas estagnaram-se na marcha do tempo, embora devamos reconhecer a grandeza de suas elevadas expressões espirituais. (P. 75)

84. Desde os tempos mais distantes, Jesus enviou missionários a esses agrupamentos de criaturas. As raças adâmicas não haviam chegado ao orbe terrestre e já se ouviam na China grandes ensinamentos do plano espiritual, como os trazidos pelo grande Fo-Hi, o compilador de suas ciências religiosas. (PP. 75 e 76)

85. Fo-Hi refere-se, no seu "Y-King", aos sábios que o antecederam, cujos ensinamentos apresentam-nos uma ciência altamente evolutiva. (P. 76)

86. Em seguida, Jesus envia-lhes a palavra de Confúcio (ou Kong-Fo-Tsé), cinco séculos antes de sua própria vinda, preparando os caminhos do Evangelho no mundo, tal como procedera com a Grécia, Roma e outros centros. (P. 76)

87. Confúcio faz ressurgir na China os ensinamentos de Lao-Tsé, que fora um elevado mensageiro do Senhor para as raças amarelas e cujas lições estão cheias do perfume de requintada sabedoria moral. (P. 76)

88. Lao-Tsé, de cujos ensinamentos Confúcio fez questão de formar a base dos seus princípios, viveu seis séculos antes do advento do Cristo. (P. 77)

89. De um modo geral, o culto dos antepassados constitui o princípio de sua fé; as relações com o plano invisível constituem um fenômeno comum; a ideia da necessidade de aperfeiçoamento espiritual é latente em todos os corações. (PP. 77 e 78)

90. O Nirvana deve ser considerado como a união permanente da alma com Deus, finalidade de todos os caminhos evolutivos; nunca, porém, como sinônimo de imperturbável quietude ou beatífica realização do não ser. (P. 78)

91. A falsa interpretação do Nirvana prejudicou as elevadas possibilidades criadoras do espírito chinês, cristalizou-lhe as concepções e paralisou-lhe a marcha para as grandes conquistas. (P. 78)

92. Observando o estado de estagnação da alma chinesa nestes últimos séculos, concluímos ser imperioso que a China passe a comungar no banquete de fraternidade dos outros povos. O Evangelho do Cristo ainda não chegou lá, mas um sopro de vida, um dia, romperá as sombras milenárias que caíram sobre o povo chinês. (N.R.: Lembremos que este livro foi escrito bem antes da revolução socialista que mudou a fisionomia e a economia da China.) (PP. 79 e 80)

93. As primeiras organizações religiosas da Terra tiveram sua origem entre os povos primitivos do Oriente, aos quais Jesus enviava periodicamente seus mensageiros e missionários. (P. 81)

94. Dada a ausência da escrita naquelas épocas longínquas, as tradições se transmitiam de geração a geração através da palavra; com a cooperação dos degredados da Capela, os rudimentos das artes gráficas receberam os primeiros impulsos. Surgem então os Vedas, que contam mais de seis mil anos, a falar-nos da sabedoria dos Sastras, ou grandes mestres das ciências hindus, que os antecederam de mais ou menos dois milênios. (PP. 81 e 82)

95. Jesus havia reunido nos espaços infinitos os seres proscritos exilados na Terra, antes de sua reencarnação geral. As exortações confortadoras do Cristo cantavam-lhes no íntimo os mais formosos hinos de alegria e de esperança, fortalecendo-lhes a fé. (P. 82) (Continua no próximo número.)

 

Questões para fixação do estudo

 

A. Qual a contribuição que os judeus, sobretudo a partir de Moisés, deram a todos os povos da Terra? 

A revelação do Deus Único, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres, foi essa a grande contribuição que eles deram a todos os povos da Terra. (A Caminho da Luz, pp. 68 e 69.)

B. Que relação existe entre a civilização chinesa e os exilados de Capela?  

Nenhuma, pois, quando se verificou a chegada das almas proscritas do sistema da Capela, a existência chinesa já contava com uma organização regular, oferecendo os tipos mais homogêneos e mais selecionados do planeta. As raças adâmicas não haviam chegado ao orbe terrestre e já se ouviam na China grandes ensinamentos do plano espiritual, como os trazidos pelo grande Fo-Hi, o compilador de suas ciências religiosas. (Obra citada, pp. 74 a 76.)

C. Há algum vínculo entre Confúcio e os ensinamentos de Lao-Tsé?  

Sim. Confúcio fez ressurgir na China os ensinamentos de Lao-Tsé, que fora um elevado mensageiro do Senhor para as raças amarelas e cujas lições estão cheias do perfume de requintada sabedoria moral. De um modo geral, o culto dos antepassados constitui o princípio de sua fé; as relações com o plano invisível constituem um fenômeno comum; a ideia da necessidade de aperfeiçoamento espiritual é latente em todos os corações. (Obra citada, pp. 76 a 78.)

 

 

Observação:

Para acessar a 4ª Parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/09/a-caminho-da-luz-emmanuel-parte-4-damos.html

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

 




CINCO-MARIAS

 

Ensine seu filho a lidar com a raiva

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com

 

“Nada de desgosto, nem de desânimo; se acabas de fracassar, recomeça.” Marco Aurélio

 

Está tudo na mais perfeita paz, seu filho está brincando quieto, tranquilo, quando alguma coisa acontece e pronto! Ele começa a gritar, chorar e a demonstrar, para seu espanto, um comportamento agressivo. 

Como lidar com a raiva do filho? Reagir com raiva é um caminho? Ignorar a situação, esperando a raiva passar? Colocar a criança de castigo?

Para o bem-estar da família, é preciso entender que a raiva é natural, uma reação emocional e fisiológica bastante experimentada na infância e que nos acompanhará ao longo da vida. No caso dos bebês, por exemplo, a raiva surge quando há fome, cansaço, sono, e ela se manifesta principalmente pelo choro. Conforme vamos crescendo, outros motivos costumam desencadear a raiva, e a forma como a manifestamos muda também, é claro, de acordo com nosso temperamento, biografia, habilidades e circunstâncias. 

No dia a dia, quando a criança experimenta a raiva, o primeiro passo para o adulto que a guia é procurar manter a calma. Reagir nunca ajuda no processo de educação do filho. Como o aprendizado sobre a raiva é importante, buscamos reunir aqui algumas sugestões para ajudar seu filho pequeno a lidar com a raiva:

1. Estimule seu filho a expressar as razões de seu descontentamento/insatisfação 

Conversar sempre ilumina o caminho. Então, ao invés de tentar falar mais alto, tente escutar o que está frustrando a criança. Deixe que ela desabafe. Quando falamos em voz alta o que estamos sentindo, conseguimos compreender melhor a situação. Caso seu filho já saiba escrever, você pode pedir que ele registre com palavras o motivo de sua raiva. Se ele for mais novo, um desenho para expressar os motivos da insatisfação é um recurso bastante útil…

2. Ofereça uma atividade que possa capturar a atenção da criança, liberando-a da raiva 

Momentos difíceis podem demandar uma atividade distinta e que capture a atenção da criança. Você pode propor um passeio ou uma caminhada no quarteirão para espairecer e colocar a criança em movimento. Ainda, se optar para ficar em casa, há certos movimentos ou exercícios que ajudam a criança a prestar atenção no próprio corpo e que são bons para acalmar, como abrir e fechar as mãos ou inspirar e soltar o ar devagar, repetindo três ou quatro vezes e de modo lento, tranquilo.

3. Dê espaço à criança 

Caso o acesso de raiva tenha acontecido em casa, deixe seu filho no quarto ou em algum cômodo onde ele esteja seguro e vá fazer alguma outra tarefa. Dar espaço e silêncio para que ele possa acalmar-se, refletir e ver a situação com mais clareza costuma ajudar muito, incitando à calma e à tranquilidade.

4. Passado o momento raivoso, a conversa entre pais e filho deve ter lugar 

Após a criança se acalmar, procure-a para entabular uma conversa. Como ela se sentiu? Como ela reagiu? Quais os melhores caminhos para enfrentar as frustrações? Você pode incentivar seu filho a expressar o que o está incomodando, orientando o hábito dos exercícios respiratórios, desenhos, diário. Se lidarmos com a raiva desde cedo, teremos mais chance de crescer sem ser facilmente dominados por ela. Ganham todos!

 

*

Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 

 

 

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quarta-feira, 11 de setembro de 2024

 



Revista Espírita de 1866

 

Allan Kardec

 

Parte 7

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1866, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1866 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Pode um Espírito acompanhar, lúcido, o sepultamento do seu corpo?

B. A prece recebe de Deus a atenção devida?

C. Há alguma ligação entre o Espiritismo e o Cristianismo?

 

Texto para leitura

 

79. O Espírito de Baluze, que foi ilustre historiógrafo nascido em Tulle em 1630 e morto em Paris em 1718, reporta-se numa comunicação às práticas supersticiosas que ainda se mantinham em uso na região onde vivera e afirma, com convicção, que a doutrina espírita é a única que pode mudar o espírito das populações chafurdadas na ignorância, arrancando-as à pressão absurda dos que ignoram as grandes leis da erraticidade e querem imobilizar a crença humana num dédalo em que eles próprios se enredam. (Págs. 141 a 144.)

80. A Revista noticia a morte do Dr. Cailleux, médico e presidente do Grupo Espírita de Montreuil-Sur-Mer, ocorrida em abril de 1866. Considerado pelo povo o “médico dos pobres”, o falecimento do Dr. Cailleux consternou toda a cidade, como prova a participação de perto de três mil pessoas em seus funerais. O devotamento do notável médico e o respeito que a população lhe votava não impediram que o clero da cidade lhe recusasse sepultura eclesiástica, e isso por um único motivo: o fato de o Dr. Cailleux ser espírita.  (P. 144 a 148.)

81. Logo em seguida à reportagem, a Revista transcreve duas comunicações transmitidas pelo Espírito do Dr. Cailleux. Na primeira, obtida no Grupo de Montreuil, ele pede aos seus colegas que perseverem em seus propósitos até a morte, ligando-se uns aos outros pelos laços da caridade, da benevolência e da submissão, porque essa é a melhor maneira de colher frutos abundantes e doces. Na segunda comunicação, dada na Sociedade de Paris, o médico disse não ter demorado a voltar da emoção que se segue à morte, o que lhe permitiu acompanhar, perfeitamente lúcido, o sepultamento de seu corpo. (Págs. 148 a 150.)

82. Ciente da posição tomada pelo clero com relação ao seu funeral, Dr. Cailleux afirmou: “Perdoo a todos os que, de um ou de outro modo, julgaram fazer-me o mal; quanto aos que se recusaram a orar por mim no templo consagrado, serei mais caridoso que a caridade que pregam: oro por eles. É assim que se deve fazer, meus bons irmãos em crença”. “Crede-me, e perdoai aos que lutam contra vós, pois não sabem o que fazem.” (Págs. 150 e 151.)

83. Em 23 de abril de 1866, o Espírito do Dr. Demeure, valendo-se das faculdades mediúnicas do Sr. Desliens, alertou o Codificador para a necessidade de cuidar da própria saúde e recomendou-lhe repouso, esclarecendo que as forças humanas possuem limites que ele infringia, movido pelo desejo de ver progredir o ensino. Essa atitude era evidentemente errônea porque, agindo assim, não apressaria a marcha da doutrina e arruinaria a própria saúde. Kardec ouviu-o, mas alegou que havia ainda mais de quinhentas cartas a responder e não sabia como atendê-las. Dr. Demeure recomendou que, como se diz em linguagem comercial, as cartas fossem levadas em bloco à conta de lucros e perdas e que se publicasse sobre isso um aviso na Revista, para que todos se inteirassem da medida e a compreendessem. O Codificador parece ter aceitado o conselho. (Págs. 151 a 153.)

84. Duas comunicações mediúnicas recebidas na Sociedade de Paris no mês de abril de 1866 encerram o número de maio. Na primeira, analisando o tema prece, um Espírito protetor faz oportunas observações, adiante resumidas: I – Há quem imagine, erroneamente, que o que pedimos na prece deve realizar-se por uma espécie de milagre, enquanto outros pensam que, não sendo o pedido acolhido da maneira que se espera, a prece é inútil. II – Deus, evidentemente, não altera em caso algum o curso das leis que regem o universo, mas para atender à prece não é preciso derrogar ou modificar suas leis. III – Obviamente, nenhuma atenção é dada pelo Pai aos pedidos fúteis ou inconsiderados, mas a prece pura e desinteressada é sempre escutada. IV – Quando a prece é justa e útil o seu atendimento, ela recebe do Criador a atenção devida. Os Espíritos executores de sua vontade são então encarregados de provocar as circunstâncias que devem conduzir ao resultado almejado. Como quase sempre esse resultado requer o concurso de um encarnado, os Espíritos inspiram os que devem nele cooperar. V – Não existe, assim, acaso nem na assistência que se recebe, nem nas desgraças que se experimentam. VI – Nas aflições, a prece não só é uma prova de confiança e de submissão à vontade de Deus, mas tem por efeito estabelecer uma corrente fluídica que leva longe, no espaço, o pensamento do aflito. VII – Esse pensamento repercute nos corações simpáticos ao sofrimento e estes, como que atraídos por um poder magnético, dirigem-se para o lugar onde sua presença pode ser útil. VIII – Deus poderia socorrer diretamente a pessoa que ora, mas quer que os homens pratiquem a caridade, socorrendo-se uns aos outros. Desse modo, quando alguém, após receber uma ajuda inesperada, exclama: “É a Providência que a envia”, diz uma verdade maior do que geralmente supõe, embora o Pai faça com que os meios de ação não se afastem das leis gerais e a assistência dos Espíritos não se torne tão evidente a ponto de levar os homens a negligenciarem o próprio esforço.  (Págs. 153 a 156.)

85. Na comunicação seguinte, sobre os deveres do espírita, o Espírito de Luís de França tece, entre outras, as seguintes considerações: I – O Espiritismo é uma ciência essencialmente moral. Os que se dizem espíritas não podem, pois, sem cometer uma grave inconsequência, subtrair-se às obrigações que impõe. II – Essas obrigações são de duas sortes. A primeira concerne ao indivíduo que, ajudado pelas claridades que a doutrina espalha, pode compreender melhor o valor de seus atos e a infinita bondade de Deus. Não se compreende que o homem esclarecido quanto aos seus deveres para com Deus e seus irmãos continue cúpido, egoísta e orgulhoso. Um indivíduo assim só é espírita de nome. III – A segunda ordem de obrigação do espírita, que decorre da primeira e a completa, é a do exemplo, que é o melhor dos meios de propagação e de renovação. Disso advém a obrigação moral que tem o espírita de conformar sua conduta à sua crença e ser um exemplo vivo, um modelo, como o Cristo o foi para a humanidade. IV – O Espiritismo não é senão a aplicação verdadeira dos princípios de moral ensinada por Jesus. Foi com o objetivo de fazê-la por todos compreendida que Deus permite as manifestações dos Espíritos. Ele vem, portanto, como o Cristianismo bem compreendido, mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior. V – Nenhuma emanação fluídica, boa ou má, escapa do coração ou do cérebro do homem sem deixar um sinal em qualquer parte. A Balança da Justiça divina não é senão uma figura que exprime que cada um de nossos atos, cada um dos nossos sentimentos é, de certo modo, o peso que carrega a alma e a impede de se elevar, ou o que traz o equilíbrio entre o bem e o mal. VI – As obrigações impostas pelo Espiritismo são, pois, de natureza essencialmente moral; são uma consequência da crença; cada um é juiz e também parte em sua própria causa; mas as claridades intelectuais que traz a quem realmente quer conhecer-se a si mesmo e trabalhar por melhorar-se são tais, que amedrontam os pusilânimes, e por isso é ele rejeitado por tanta gente. VII – Outras pessoas tratam de conciliar a reforma de que necessitam com as exigências da sociedade, do que resulta uma mistura heterogênea, uma falta de unidade, que faz da época atual um estado transitório. VIII – Se a vida de um adepto da doutrina espírita for um belo modelo em que cada um possa achar bons exemplos e sólidas virtudes, e onde a dignidade se alie a uma graciosa amenidade, pode tal confrade rejubilar-se porque terá, em parte, compreendido as obrigações que o Espiritismo assinala aos seus verdadeiros adeptos. (Págs. 156 a 159.)

86. Extraído do jornal Salut Public, de Lyon, a Revista refere o caso de uma criança de 4 anos e meio, filha de honestos operários de seda, domiciliados em Guillotière, que parecia carregar no último grau o instinto do incêndio. Aos dezoito meses sentia prazer em acender fósforos; aos dois anos punha fogo nos quatro cantos de um enxergão e dias antes tentou incendiar a alcova onde dormem seus pais. Depois de examinar as diversas teorias relativas à existência da alma e ao momento de sua criação, Kardec assevera que é na preexistência da alma que se encontra a única solução possível do caso e de todas as anomalias aparentes das faculdades humanas. As crianças que têm instintivamente aptidões transcendentes para uma arte ou uma ciência, devem ter aprendido essas coisas em algum lugar. Se não foi nesta existência, deve ter sido em outra. Dá-se o mesmo com o progresso moral. Os vícios de que se desfez não aparecem mais; os que conservou se reproduzem, até que deles se corrija definitivamente. O homem nasce, pois, tal qual se fez a si próprio. (Págs. 161 a 164.)

87. Que se pode dizer do menino incendiário? Certamente ele nasceu com tal instinto porque foi incendiário em outra existência. Se esse instinto se manifesta de maneira tão precoce, é para cedo chamar a atenção para as suas tendências, a fim de que os pais e os responsáveis por sua educação procurem reprimi-las antes que se desenvolvam. Talvez ele mesmo tenha pedido que assim se desse e que nascesse numa família honrada, pelo desejo de progredir. (Págs. 164 e 165.)

88. Tendo sido o fato apresentado à Sociedade Espírita de Paris, quatro comunicações, concordantes entre si, foram recebidas, das quais a Revista publicou duas. Eis de forma sucinta o que os Espíritos informaram: I – O passado da aludida criança tinha sido, efetivamente, horrível. Suas tendências atuais diziam bem quem foi seu Espírito, que reencarnara para expiar e, desse modo, lutar contra seus instintos incendiários. II – O conhecimento do Espiritismo seria um poderoso auxílio para seus pais, que não sabiam ainda como reprimir essa funesta inclinação. III – Os sábios da Terra se enganam quando tratam casos dessa natureza como se fossem um gênero de loucura. As inclinações perversas do menino eram, antes que uma doença, um reflexo de seus atos anteriores. IV – Além disso, era ele impulsionado por suas vítimas desencarnadas, porquanto, para satisfazer sua ambição, ele não recuou diante do incêndio, sacrificando os que lhe podiam, no passado, ser obstáculo. V – A criança estava, pois, sob a influência de Espíritos que não lhe perdoaram os tormentos que os fizeram sofrer e, por isso, se vingavam. VI – Deus, em sua soberana justiça, pôs ali o remédio ao lado do mal. O remédio estava em sua tenra idade e na boa influência do meio em que se achava. Era preciso, porém, fosse ele educado nos princípios do Espiritismo, em que colheria a força e, compreendendo a sua prova, teria mais vontade para triunfar. (Págs. 165 a 167.)

89. Diversos ensinamentos resultaram do estudo feito por Kardec a propósito de uma tentativa de assassinato de que fora vítima o czar Alexandre da Rússia. No momento do atentado, um jovem camponês chamado Joseph Kommissaroff interveio e evitou que o crime fosse consumado. Certos indícios precursores do crime foram mencionados por um jornal belga. Um deles teria sido a notícia de que o Espírito de Catarina II houvera avisado numa sessão espírita realizada em Heildelberg que o imperador estava ameaçado de um grande perigo. (Págs. 167 e 168.)

90. Kardec analisa o fato e faz interessantes observações sobre a intervenção da Providência nos acontecimentos de nossa vida, as quais procuramos sintetizar nos itens que se seguem: I – Muitos atribuirão ao acaso o surgimento do jovem camponês na cena do crime. O acaso, porém, não existe. Como a hora do czar não havia chegado, o moço foi escolhido para impedir a realização do crime, pois as coisas que parecem efeito do acaso estavam combinadas para levar ao resultado esperado. II – Os homens são os instrumentos inconscientes dos desígnios da Providência e é por eles que ela os realiza, sem haver necessidade de recorrer para tanto a prodígios. III – Se o jovem Kommissaroff tivesse resistido ao impulso recebido dos Espíritos, estes se valeriam de outros meios para frustrar o crime e preservar a vida do czar. IV – Uma mosca poderia picar a mão do assassino e desviá-la do seu objetivo; uma corrente fluídica dirigida sobre seus olhos poderia ofuscá-lo e assim por diante. Mas, se tivesse soado a hora fatal para o imperador russo, nada poderia preservá-lo. (Págs. 168 e 169.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Pode um Espírito acompanhar, lúcido, o sepultamento do seu corpo?

Sim. Foi o que ocorreu com o Espírito do Dr. Cailleux, que o povo francês chamava de “médico dos pobres”. Na segunda comunicação que ele transmitiu após sua desencarnação, disse não ter demorado a voltar da emoção que se segue à morte, o que lhe permitiu acompanhar, perfeitamente lúcido, o sepultamento de seu corpo. (Revista Espírita de 1866, pp. 148 a 151.)

B. A prece recebe de Deus a atenção devida?

Sim, desde que pura e desinteressada e seja útil o seu atendimento, a prece recebe sempre do Criador a atenção necessária. Coisa diferente se dá com os pedidos fúteis ou inconsiderados. No primeiro caso, os Espíritos executores da vontade do Pai são então encarregados de provocar as circunstâncias que devem conduzir ao resultado almejado. Como quase sempre esse resultado requer o concurso de um encarnado, os Espíritos inspiram os que devem nele cooperar. Não existe, pois, o acaso nem na assistência que se recebe, nem nas desgraças que se experimentam. Desse modo, quando alguém, após receber uma ajuda inesperada, exclama: “É a Providência que a envia”, diz uma verdade maior do que geralmente supõe, embora o Pai faça com que os meios de ação não se afastem das leis gerais e a assistência dos Espíritos não se torne tão evidente a ponto de levar os homens a negligenciarem o próprio esforço. (Obra citada, pp. 153 a 156.) 

C. Há alguma ligação entre o Espiritismo e o Cristianismo?

Sim. Segundo os Espíritos, o Espiritismo não é senão a aplicação verdadeira dos princípios de moral ensinada por Jesus e foi com o objetivo de fazê-la por todos compreendida que Deus permite as manifestações dos Espíritos. Ele vem, portanto, como o Cristianismo bem compreendido, mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior. (Obra citada, pp. 156 a 159.) 

 

 

Observação:

Para acessar a 6ª Parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/09/revista-espirita-de-1866-allan-kardec.html

 

 

  

 

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