Alma e Espírito são a mesma coisa?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Um
colega de lides espíritas pergunta-nos:
- Alma e Espírito são a mesma coisa? Se não são, qual
a diferença entre Alma e Espírito?
Essa questão foi tratada por Kardec em três
diferentes momentos na obra fundamental do Espiritismo – O Livro dos
Espíritos.
Inicialmente,
definindo o termo Alma, ele escreveu:
“Julgamos mais
lógico tomá-lo na sua acepção vulgar e por isso chamamos Alma ao ser imaterial
e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo. Mesmo quando esse ser não
existisse, não passasse de produto da imaginação, ainda assim fora preciso um
termo para designá-lo.” (O Livro dos Espíritos, Introdução, II.)
Mais à frente,
na mesma Introdução, ele complementou a definição:
“A Alma é um
Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.
Há no homem
três coisas: 1º, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo
mesmo princípio vital; 2º, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no
corpo; 3º, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a
matéria e o Espírito.” (L.E., Introd., VI.)
No terceiro
momento, quando redigiu as questões 134 e 135 da mesma obra, ele publicou as
informações seguintes:
134. Que é a
alma? “Um Espírito encarnado.”
a) Que era a
alma antes de se unir ao corpo? “Espírito.”
b) As almas e
os Espíritos são, portanto, idênticos, a mesma coisa? “Sim, as almas não são
senão os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres
inteligentes que povoam o mundo invisível, os quais temporariamente revestem um
invólucro carnal para se purificarem e esclarecerem.”
135. Há no
homem alguma outra coisa além da alma e do corpo? “Há o laço que liga a alma ao
corpo.”
a) De que
natureza é esse laço? “Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o
Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam
comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a
matéria e reciprocamente.” (O Livro dos Espíritos, questões 134 e 135.)
À vista do
exposto, parece claro que Alma e Espírito são denominações de um mesmo
elemento. Quando o ser se encontra encarnado, dir-se-á alma. Quando
desencarnado, dir-se-á Espírito. Referindo-nos a alguém que se encontra em
nosso meio, diremos então:
- Meu amigo
João é uma alma boa.
Quando João
tiver feito a passagem para a vida espiritual, a frase será diferente:
- Meu amigo
João é um bom Espírito.
Há, no entanto,
um porém...
Alguns anos
depois, o codificador do Espiritismo reavaliou o assunto e deu aos dois termos
– Alma e Espírito – um significado diferente, que nos parece também mais
apropriado.
Segundo o novo
entendimento do codificador, expresso em um texto publicado na Revista
Espírita de 1864 (tradução de Júlio Abreu Filho, Edicel, págs. 138 e 139),
a Alma é o princípio inteligente, imperceptível e indefinido como o pensamento
e que não é possível conceber isolado da matéria de maneira absoluta. É o corpo
espiritual – ou perispírito – que faz dela um ser definido, limitado e
circunscrito à sua individualidade espiritual.
A união da
Alma, do perispírito e do corpo material constitui o HOMEM.
A Alma e o
perispírito, quando separados do corpo físico, constituem o ESPÍRITO.
Em síntese:
• a Alma é o ser simples, primitivo;
• o Espírito é o ser duplo;
• o homem é o ser triplo.
Nas
manifestações espíritas não é, pois, a alma que se apresenta isoladamente. Ela
está sempre revestida do seu envoltório fluídico. Trata-se, pois, de um
Espírito. Nas aparições de Espíritos, não se vê a alma, mas sim o corpo espiritual
que a reveste, do mesmo modo que, quando se vê um ser encarnado, vemos seu
corpo, mas não a alma que o faz agir.
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