Cínthia Cortegoso
De Londrina-PR
Fim de tarde. Debrucei-me na janela para ver o trânsito, o transeunte, o brilho do entardecer. Tudo comum. Carros apressados, pessoas mais correndo que andando e dessa forma acontecia.
Quase deixando a paisagem, vi um homem um pouco
magro, mas muito forte – falando assim
parece estranho. E vinha ele, seu carrinho puxado por ele, toda a reciclagem em
cima e... olha só seu grande amigo: um cão vira-lata bondoso. Foi o que senti
ao observar aquele simples cachorrinho.
Era mais subida do que reta e estavam com calma,
aproximando-se cada vez mais de onde me encontrava. Incrível era o
companheirismo do cão. Não havia coleira, nem corrente, nada que o prendesse a
seu dono, ou melhor, a seu companheiro, isto é, ao homem; no entanto, o
cãozinho ficava tão pertinho que até mesmo a passada das pernas era da mesma
distância e velocidade, harmonia plena.
Pararam próximos ao lixo e pude realmente
perceber tamanha cumplicidade e amizade. O homem procurando encontrou alguma
comida, mas antes de comer, pegou o melhor daquele alimento e ofereceu a seu
cão, que, delicadamente, só matou a fome quando teve a certeza de que para seu
amigo também haveria.
Em meio a tanto movimento, pressa – muitas
vezes, sem saber para quê – e a famosa falta de tempo, vi uma cena que
transforma a vida: dois companheiros de jornada que já possuem o amor, o
respeito e a fraternidade. Após comerem seguiram caminho, certos de que a
felicidade já conquistaram, pois de suas vidas já fazem parte a humildade, o
entendimento e a liberdade para amar.
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