sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Um dia, cedo ou tarde, todos seremos perfeitos

Um leitor pergunta-nos qual é o conceito aplicável às palavras Satanás, demônio e diabo e o que o Espiritismo nos diz a respeito, se é que tais assuntos foram também tratados pela doutrina espírita.
A pergunta formulada é importante e vem a propósito, porque nos permite falar sobre um livro de Allan Kardec pouco conhecido até mesmo no meio espírita. Referimo-nos à obra “Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas”, cuja tradução para o idioma português devemos inicialmente a Cairbar Schutel, que a publicou pela Casa Editora O Clarim.
Eis, resumidamente, o que Allan Kardec nela consignou a respeito dos verbetes diabo, demônio e Satanás:
Diabo: segundo a crença vulgar, é um ser real, um anjo rebelde, chefe de todos os demônios e que tem um poder bastante grande para lutar contra o próprio Deus. Ele conhece nossos pensamentos mais secretos, insufla todas as más paixões e toma todas as formas para nos induzir ao mal. Segundo a doutrina espírita, o diabo é a personificação do mal; é um ser alegórico que resume em si todas as paixões más dos Espíritos imperfeitos. Seus chifres e a cauda são o emblema da bestialidade, isto é, da brutalidade e das paixões animais.
Demônio: tanto em grego como em latim, demônio se aplica aos seres incorpóreos, bons ou maus, e que se supõe terem conhecimentos e poder superiores aos do homem. Nas línguas modernas essa palavra é geralmente tomada em má acepção, que se restringe aos gênios malfazejos. Os Espíritos ensinam que Deus, sendo soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres votados ao mal e desgraçados por toda a eternidade. Segundo eles, não há demônios na acepção absoluta e restrita desta palavra; há apenas Espíritos imperfeitos, que podem, sem nenhuma exceção, aperfeiçoar-se por seus esforços e por sua vontade.
Satã ou Satanás: significa o chefe dos demônios. Esse termo é, de certo modo, sinônimo de diabo, com a diferença de que este último vocábulo pertence mais do que o primeiro à linguagem familiar. Além disso, de acordo com a teologia católica, Satã é único: o gênio do mal, o rival de Deus. Diabo é um termo mais genérico, que se aplica a todos os demônios. Existiria, pois, um único Satã (ou Satanás), porém há vários diabos. Segundo a Doutrina Espírita, Satanás ou Satã não é um ser distinto, pois Deus não tem rival com quem possa medir-se. Satã é a personificação alegórica do mal e de todos os maus Espíritos.

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Aproveitando o ensejo, lembremos o que nos diz a questão n. 116 d´”O Livro dos Espíritos”: Haverá Espíritos que se conservem eternamente nas ordens inferiores?
Os imortais responderam: “Não; todos se tornarão perfeitos. Mudam de ordem, mas demoradamente, porquanto, como já doutra vez dissemos, um pai justo e misericordioso não pode banir seus filhos para sempre. Pretenderias que Deus, tão grande, tão bom, tão justo, fosse pior do que vós mesmos?”
Não passa, pois, de alegoria a ideia de que existem seres votados eternamente ao mal, porque um dia, cedo ou tarde, todos seremos perfeitos.


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