Uma leitora do Rio de Janeiro pergunta-nos: O que faz com que uma casa seja
mal-assombrada e o que podemos fazer nesse caso?
O assunto foi tratado minuciosamente por Allan Kardec em O
Livro dos Médiuns,
cap. IX, item 132, e na Revista Espírita de 1858, 1859, 1868 e 1869.
Lugares assombrados existem, sim; não se trata de uma
crendice popular. “A questão dos lugares assombrados - disse Kardec - é um fato
comprovado. Barulhos e perturbações causados pelos Espíritos são coisas
conhecidas.” (Revista Espírita de 1869, pp. 77 e 78, tradução de Júlio Abreu
Filho, publicada pela EDICEL.)
Certos Espíritos podem sentir-se atraídos por coisas
materiais; podem, portanto, ser atraídos por determinados lugares, onde, às
vezes, estabelecem domicílio, até que desapareçam as circunstâncias que os
fizeram buscar esses locais.
Dentre as circunstâncias que podem induzi-los a isso,
destaca-se a simpatia que nutrem por pessoas que frequentam esses locais, ou o
desejo de comunicar-se com elas. Mas nem sempre os animam intenções louváveis.
Quando se trata de Espíritos malévolos, seu objetivo pode ser uma vingança
contra pessoas de quem guardam mágoas.
A permanência em determinado lugar pode também ser,
para alguns Espíritos, uma punição que lhes é infligida, sobretudo se ali
cometeram algum crime, a fim de que o tenham constantemente diante dos olhos.
Pelo menos um caso desses é mencionado por Kardec, no cap. VI da 2ª parte do
livro O Céu e o Inferno, sob o título
“O Espírito de Castelnaudary”.
As informações constantes da obra de Kardec têm sido
confirmadas por inúmeros e conceituados pesquisadores espíritas, mas todos
concordam em que não existe motivo real para temermos a presença em nossa casa
dos chamados fantasmas, que nada mais são que as almas de pessoas como nós que,
extinta a vida do corpo físico, volveram ao plano espiritual.
Explicadas as possíveis causas do fenômeno, resta
examinar a questão que todos certamente consideram a mais importante: - Haverá
meios de expulsar esses Espíritos?
No cap. IX, item 132, d´O Livro dos Médiuns, Kardec formulou essa mesma pergunta – haverá
meios de os expulsar? – e os imortais assim responderam:
"Há; porém, as mais das vezes o que fazem, para
isso, os atrai, em vez de os afastar. O melhor meio de expulsar os maus
Espíritos consiste em atrair os bons. Atraí, pois, os bons Espíritos,
praticando todo o bem que puderdes, e os maus desaparecerão, visto que o bem e
o mal são incompatíveis. Sede sempre bons e somente bons Espíritos tereis junto
de vós."
É claro que, mesmo cientes do que deve ser feito,
muitos não suportam as tropelias causadas por certos Espíritos e decidem
mudar-se para outros locais.
Na Revista Espírita de 1859, pp. 392 a 394, conforme a edição
publicada pela EDICEL, Kardec menciona um caso em que a mudança de local chegou
a ser sugerida por um Espírito superior.
Segundo o relato, o Sr. V..., excelente médium que se
distinguia pela pureza de suas relações com o mundo espírita, estava sendo
atormentado por um Espírito que resolveu residir no seu quarto. Antigo
carreteiro, esse Espírito pertencia à mais baixa classe. Consultado por Kardec,
um Espírito superior disse que havia dois meios de o Sr. V... desembaraçar-se
do perseguidor: o meio espiritual, pedindo a Deus, e o meio material, mudando
de casa.
Comentando o assunto, Kardec diz que a prece é útil em
tais casos e lembra que esses Espíritos se sensibilizam com os nossos conselhos
e as nossas orações. Por que, pois, sendo possível contactá-los numa reunião
mediúnica, recusaríamos ouvi-los, quando seu arrependimento e seu sofrimento
podem edificá-los?
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