Demos
prosseguimento, ontem à noite, ao estudo metódico e sequencial do livro Ação e
Reação, obra escrita por André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto
que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. Por que
uma pessoa abastada pode reencarnar em condições de
vida paupérrimas?
B. Por que
muitos Espíritos não se lembram de suas existências anteriores?
C. A
reencarnação é, às vezes, para um Espírito uma oportunidade de libertação dos
círculos tenebrosos?
Texto para leitura
9. Efeitos do amor mal conduzido – Tão
logo Druso se calou, uma senhora triste dirigiu-se a ele em lágrimas: "Meu
amigo, releve-me a intromissão. Quando partirei para o campo terrestre com meu
filho? Tanto quanto posso, visito-o nas trevas... Não me vê, nem me escuta...
Sem se dar conta da miséria moral a que se acolhe, continua autoritário e
orgulhoso... Paulo, no entanto, não é para mim um inimigo... é um filho
inolvidável... Ah! como pode o amor contrair tamanho débito?!..." O
Instrutor, antes de dizer àquela senhora que em breve se daria o retorno de
ambos ao cenário terrestre, para o necessário resgate, ponderou-lhe que o amor
é força divina que frequentemente aviltamos. Com ela temos inventado o ódio e o
desequilíbrio, a crueldade e o remorso, que nos fixam indefinidamente nas
sombras... "Quase sempre – disse ele –, é mais pelo amor que nos enredamos
em pungentes labirintos no tocante à Lei... amor mal interpretado... mal
conduzido..." A pobrezinha se retirou com um sorriso de paciência e Druso
confidenciou: "Nossa irmã possui excelentes qualidades morais, mas não soube
orientar o sentimento materno para com o filho que jaz nas sombras. Instilou
nele ideias de superioridade malsã, que se lhe cristalizaram na mente,
favorecendo-lhe os acessos de rebeldia e brutalidade. Transformando-se em
tiranete social, o infeliz foi fisgado, sem perceber, ao pântano tenebroso, em
seguida à morte do corpo, e a desventurada genitora, sentindo-se responsável
pela sementeira de enganos que lhe arruinou a vida, hoje se esforça por
reavê-lo". E, respondendo uma pergunta de Hilário, informou: "Nossa irmã,
que amoleceu a fibra da responsabilidade moral no excesso de reconforto,
voltará à reencarnação em círculo paupérrimo, recebendo aí, quando novamente
mulher jovem, então desprotegida, o filho que ela própria complicou nas antigas
fantasias de mulher fútil e rica. Ser-lhe-á, na carência de recursos
econômicos, a inspiradora de heroísmo e coragem, regenerando-lhe a visão da
vida e purificando-lhe as energias na forja da dificuldade e do
sofrimento". Se vencerem, eis a felicidade almejada. Se novamente se
perderem, "regressarão em piores condições aos precipícios que nos
circundam", acrescentou Druso. (Capítulo 2, pp. 28 a 30)
10. Esquecimento do passado – Logo
depois, um velhinho cambaleante aproximou-se dizendo: "Ah! meu Instrutor,
estou cansado de trabalhar nos tropeços daqui!... Há vinte anos carrego doentes
loucos e revoltados para este asilo!... Quando terei meu corpo na Terra para
descansar no esquecimento da carne, aos pés dos meus?" Druso afagou-lhe a
cabeça e respondeu, comovido: "Não desfaleça, meu filho! Console-se!
Também nós, faz muitos anos, estamos presos a esta casa, por injunções de nosso
dever. Sirvamos com alegria. O dia de nossa mudança será determinado pelo
Senhor". O ancião calou-se. Um moço quis saber, então, por que não se lembrava
de suas existências anteriores. O Instrutor respondeu: "Bem, os Espíritos
que na vida física atendem aos seus deveres com exatidão, retomam pacificamente
os domínios da memória, tão logo se desenfaixam do corpo denso, reentrando em
comunhão com os laços nobres e dignos que os aguardam na Vida Superior, para a
continuidade do serviço de aperfeiçoamento e sublimação que lhes diz respeito;
contudo, para nós, consciências intranquilas, a morte no veículo carnal não
exprime libertação. Perdemos o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao
pelourinho invisível de nossas culpas; e a culpa, meu amigo, é sempre uma nesga
de sombra eclipsando-nos a visão". "Nossas faculdades mnemônicas,
relativamente às nossas quedas morais, assemelham-se, de certo modo, às conhecidas
chapas fotográficas, as quais, se não forem convenientemente protegidas, sempre
se inutilizam." Após ligeira pausa, Druso continuou: "Imaginemos a
mente como sendo um lago. Se as águas se acham pacificadas e límpidas, a luz do
firmamento pode retratar-se nele com segurança. Mas, se as águas vivem
revoltas, as imagens se perdem..." Se nosso pensamento vive preso aos
sítios e paisagens da Crosta, identificando-se com as reminiscências que
permanecem ao longe – o lar, a família, os compromissos mal resolvidos –, tudo
isso representará lastro, inclinando a mente para o mundo físico...
Indispensável, pois, libertar o espelho da mente que jaz sob a alma do
arrependimento, do remorso e da culpa, "e esse espelho divino refletirá o
Sol com todo o esplendor de sua pureza". (Capítulo 2, pp. 30 a 32)
11. Dificuldades à vista – A
explicação de Druso foi interrompida com a chegada do Assistente Barreto, que,
exibindo recôndita aflição a sombrear-lhe os olhos, avisou que, na Enfermaria
Cinco, três dos irmãos recém-acolhidos entraram em crise de angústia e
rebeldia... Druso determinou, de imediato: "Retire os enfermos normais e
aplique na enfermaria os raios de choque. Não dispomos de outro recurso".
Tratava-se de um caso de loucura por telepatia alucinatória. Os recém-chegados
não estavam, ainda, suficientemente fortes para resistir ao impacto das forças
perversas que lhes eram desfechadas, a distância, por companheiros infelizes.
Logo que Barreto saiu, outro servidor notificou: "Instrutor, a tela de
aviso que não funcionava, em consequência da tormenta agora em declínio, acaba
de transmitir aflitiva mensagem... Duas das nossas expedições de pesquisas
estão em dificuldade nos desfiladeiros das Grandes Trevas..." Druso
recomendou-lhe desse ciência do fato ao diretor de operações urgentes, para que
o auxílio fosse enviado o mais depressa possível. Chegou então, de modo
inesperado, outro colaborador, que pediu: "Instrutor, rogo-lhe
providências na solução do caso Jonas. Recolhemos agora um recado de nossos
irmãos, cientificando-nos de que a reencarnação dele talvez seja frustrada em
definitivo". O dirigente da Mansão, mostrando intensa preocupação no
olhar, indagou: "Em que consiste o obstáculo?" "Cecina, a futura
mãezinha – informou o mensageiro –, sentindo-lhe os fluidos grosseiros, nega-se
a recebê-lo. Estamos presenciando a quarta tentativa de aborto, no terceiro mês
de gestação, e vimos fazendo o que é possível por mantê-la na dignidade
maternal." O Instrutor, esclarecendo ser preciso que Jonas ficasse pelo
menos sete anos no corpo físico, determinou que Cecina fosse trazida até a
Mansão, tão logo se entregasse ao sono natural, para que a pudessem auxiliar
com a necessária intervenção magnética. (Capítulo 3, pp. 33 e 34)
12. Reencarnações expiatórias –
André Luiz estava intrigado. Quem eram aqueles funcionários que se dirigiam
assim ao Instrutor, com tantas consultas, quando os trabalhos da administração
poderiam ser subdivididos? O Assistente Silas, a quem André dirigiu suas
dúvidas, informou que aqueles mensageiros não eram simples tarefeiros, mas
condutores de serviço em subchefias determinadas, todos eles Assistentes e
Assessores, cultos e dignos, com enormes responsabilidades, e que somente
demandavam a presença de Druso, depois de movimentarem todas as providências cabíveis
no âmbito de sua autoridade. O problema não era, pois, de centralização, mas de
luta intensiva. Para explicar o caso da reencarnação de Jonas, que perigava,
Silas falou-lhe: "Para que me faça compreendido, convém esclarecer que, se
existem reencarnações ligadas aos planos superiores, temos aquelas que se
enraízam diretamente nos planos inferiores. Se a penitenciária vigora entre os
homens, em função da criminalidade corrente no mundo, o inferno existe, na
Espiritualidade, em função da culpa nas consciências. E assim como já podemos
contar na esfera carnal com uma justiça sinceramente interessada em auxiliar os
delinquentes na recuperação, através do livramento condicional e das
prisões-escolas, organizadas pelas próprias autoridades que dirigem os tribunais
humanos em nome das leis, aqui também os representantes do Amor Divino podem
mobilizar recursos de misericórdia, beneficiando Espíritos devedores, desde que
se mostrem dignos do socorro que lhes abrevie o resgate e a regeneração".
Há, assim, reencarnações que valem como "preciosas oportunidades de
libertação dos círculos tenebrosos". Como tais renascimentos na carne não
possuem senão característicos de trabalho expiatório, em muitas ocasiões são
empreendimentos planejados e executados ali mesmo, por benfeitores credenciados
para agir e ajudar em nome do Senhor. Druso gozava, nesse sentido, de relativa
competência, como autoridade intermediária, nos processos reencarnatórios. Duas
vezes por semana, ele e seus Assistentes reuniam-se no Cenáculo da Mansão
(templo íntimo da instituição) e os mensageiros da luz – prepostos das
Inteligências angélicas –, por instrumentos adequados, deliberavam quanto ao
assunto, apreciando os processos que a Casa lhes apresentava. Silas, sorrindo,
acrescentou: "Assim como o doente exige remédio, reclamamos a purgação
espiritual, a fim de que nos habilitemos para a vida nas esferas superiores. O
inferno para a alma que o erigiu em si mesma é aquilo que a forja constitui
para o metal: ali ele se apura e se modela convenientemente..." (Capítulo
3, pp. 35 e 36)
Respostas às questões propostas
A. Por que uma pessoa abastada pode
reencarnar em condições de vida paupérrimas?
Tal
providência tem caráter educativo. Este livro focaliza um desses casos em que
determinado Espírito, que amoleceu a fibra da responsabilidade moral no excesso
de reconforto, voltaria à reencarnação em círculo paupérrimo, recebendo aí,
quando novamente mulher jovem, então desprotegida, o filho que ela própria
complicou nas antigas fantasias de mulher fútil e rica. Ela, então, será para o
filho, na carência de recursos econômicos, a inspiradora do heroísmo e da
coragem, regenerando-lhe a visão da vida e purificando-lhe as energias na forja
da dificuldade e do sofrimento. Se vencerem, eis a felicidade almejada. Se
novamente se perderem, regressarão em piores condições ao plano espiritual.
(Ação e Reação, cap. 2, pp. 28
a 30.)
B. Por que muitos Espíritos não se lembram de
suas existências anteriores?
Um moço
desencarnado fez esta mesma pergunta ao Instrutor Druso, que assim lhe
respondeu: "Bem, os Espíritos que na vida física atendem aos seus deveres
com exatidão, retomam pacificamente os domínios da memória, tão logo se
desenfaixam do corpo denso, reentrando em comunhão com os laços nobres e dignos
que os aguardam na Vida Superior, para a continuidade do serviço de
aperfeiçoamento e sublimação que lhes diz respeito; contudo, para nós,
consciências intranquilas, a morte no veículo carnal não exprime libertação.
Perdemos o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao pelourinho invisível
de nossas culpas; e a culpa, meu amigo, é sempre uma nesga de sombra
eclipsando-nos a visão". Dito isto, Druso acrescentou: "Nossas
faculdades mnemônicas, relativamente às nossas quedas morais, assemelham-se, de
certo modo, às conhecidas chapas fotográficas, as quais, se não forem
convenientemente protegidas, sempre se inutilizam". (Obra citada, cap. 2,
pp. 30 a
32.)
C. A reencarnação é, às vezes, para um
Espírito uma oportunidade de libertação dos círculos tenebrosos?
Sim. Há
reencarnações que visam exatamente a esse objetivo. Como tais renascimentos na
carne não possuem senão característicos de trabalho expiatório, em muitas
ocasiões são empreendimentos planejados e executados ali mesmo, por benfeitores
credenciados para agir e ajudar em nome do Senhor, e Druso gozava, nesse
sentido, de relativa competência, como autoridade intermediária, nos processos
reencarnatórios. (Obra citada, cap. 3, pp. 35 e 36.)
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