CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
A solidão não deveria trazer
medo nem angústia, ela é somente o momento para meditar, conhecer-se e alcançar
estágios mais elevados; é a alma que se perturba e se apavora com o silêncio
solitário, silêncio que aviva a voz da consciência sem ter para onde fugir, no
entanto, há como se renovar e se reconstruir.
Simplesmente em sua perfeita
significância, a solidão é o tempo do diálogo interior e da reflexão quanto ao
direcionamento em que se está para a tranquilidade ou o desespero da alma; é a
sondagem dos sentimentos e atos; é a verificação da coragem ou não perante o
medo, o sorriso ou não perante a conquista.
E o fato de conseguir, ou
melhor, de querer e apreciar a própria companhia é imprescindível, pois essa
companhia será para a eternidade, nunca se poderá fugir de si e sempre consigo
estará.
Há incontáveis almas
necessitadas de paz, da calma que ordena os pensamentos e amplia o melhor
caminho a seguir, do recolhimento que verdadeiramente define a situação da
centelha que é divina e eterna. Entretanto, essas almas ainda sofrem a falta de
fé no Criador e as ocorrências externas passam a esmorecê-las e deixá-las à
mercê dos desatinos e desesperos.
Quando se está fortalecido pela
energia divina, a solidão torna-se vigor para o estreitamento desse laço, pois
é no silêncio solitário que se ouve a voz amiga e se compreende a imensidade da
vida, que se sente a perfeição em ínfimos detalhes, que se emociona com toda a
grandeza incomparável de Deus.
Tudo será compreendido quando
intrinsecamente for absorvido e esclarecido. A solidão promove o encontro com a
própria essência porque durante cada dia inúmeros papéis são representados, mas
é no tempo pessoal que se encontra com o seu profundo e completo eu.
A solidão nunca foi e nem será
problema, mas o desencontro interno é que favorece o grande tormento. O caos
pode abater o espaço externo e a alma não se perturbará, entretanto, o exterior
pode estar em perfeita conjunção, mas se a constituição interna estiver
desalinhada, nada de fora harmonizará a essência.
Com o recolhimento, a música é
mais observada, a flor é mais perfumada, sente-se o ar preencher os pulmões, é
possível ouvir o corpo trabalhar em seu próprio silêncio, pode-se, então,
verificar quão fabulosa é a vida em detalhes nunca antes percebidos. A solidão
é o recurso primoroso para a compreensão, pois é nesse tempo que se é mais
capaz de fazer a prece e ouvir o retorno de como, sinceramente, o coração se
encontra e o melhor caminho a seguir.
Não é o lugar nem o som que
farão o coração feliz, mas o seu estado, pois ele sentirá a sua própria energia
como e onde estiver.
E dias se foram e dias se vivem
e dias virão, é o curso natural. Isso nunca será interrompido em tempo e lugar.
E cada um, inseparável de si e eternamente, será seu companheiro na jornada da
evolução. Tanto melhor conviver bem com quem não se pode separar.
Como o céu e o infinito, assim é
o espírito e sua própria companhia; na calma dos dias ou na turbulência das
emoções; na solidão da vida ou na completude do progresso. Serão sempre o eu e
o seu espírito, mas Deus é o sábio condutor do universo e conhecedor supremo,
pelo nome e pelo próprio amor, de cada filho Seu. Por isso, a solidão não deve
ser o maior desafio, no entanto, o desafio definitivo será o autoconhecimento e
autoaprimoramento.
O grande amigo está em si e
também o seu oposto, se permitir. Tudo se resume na observação dos pensamentos,
sentimentos, palavras e atitudes. Na verdade, a solidão só deve ser o silêncio
para conversar com Deus.
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