CÍNTHIA
CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Ele era
diferente. O colibri azulado gostava de ver como as famílias viviam, como eram
os seus lares. Sua liberdade podia levá-lo aonde quisesse, principalmente, seu
livre sentimento. Talvez chegasse às casas, não como forma aleatória, mas como
uma sábia escolha necessária.
E aparecia
com toda delicadeza, observava, às vezes, pela porta ou pelas janelas.
Constatava tanta diversidade entre os lares. Ele observou famílias que se
amavam e se respeitavam; famílias que não se davam respeito nenhum; outras que
se sentiam enclausuradas; muitas delas não se importavam com nada; em algumas
famílias, ele verificou a união por meio da prece consoladora e que também
várias delas nunca experimentaram a paz de uma oração; em muitas outras havia a
indiferença quanto a um membro do lar – esquecendo-se de que todo grupo
familiar é o adequado para o próprio progresso ‒; ele viu mães chorosas e filhos acuados, maridos
estagnados no caminho e no tempo.
O colibri
azulado se sente bem quando em visita a um lar, percebe a busca pela harmonia
e, logo, segue viagem com seu olhar mais feliz. E tanto se entristece com
gritos e ofensas, ou violência variada que, infelizmente, em muitos casos são
comuns; ainda esses lugares não podem ser chamados de lares.
Em suas
viagens, ele presenciou muitas situações inimagináveis. No entanto, um único
valor é decisivo em todas elas: o amor. Quando há essa presença, o brilho
benéfico invade os seres e o local; a compreensão, a paciência, a
tranquilidade, a tolerância e a gentileza se tornam baluartes para vidas em paz
para a evolução.
Porém, quando
essa maior energia está ausente, o choro, a dor, a inquietação e a infelicidade
são assíduos visitantes desses corações que, incessantemente, buscam, com
desespero, algo externo para amenizar o infortúnio, e ainda mais se afundam na
areia do sofrimento.
Esses
corações se esquecem de que a bonança segue o caminho de dentro para fora e não
o inverso, dado que cada um possui a centelha e se pode conectar imediatamente
ou perder a comunicação com a real essência da soberania divina, de acordo com
a vibração dos sentimentos.
E esses lares
podem ser tão melhores e mais felizes e com atitudes menos dispendiosas que as
ações contrárias ainda tanto realizadas, pois amar é bem mais calmo e nobre que
odiar; respeitar é mais sábio que o desrespeito; tolerar é mais compreensivo
que a intolerância; ouvir é mais justo que o julgamento.
O colibri
azulado se rejubila com as bondosas conquistas porque essas encaminham os
corações para o progresso. E ele continua sua jornada de observações com o
desejo de, um dia, todos os lares serem envolvidos com a energia do maior mandamento:
o amor, como a força motriz para todas as realizações.
Às vezes,
denominam-se anjos, protetores, colibris, porém, é da mesma luz que brilham e
estão bem pertinho para ajudar e proteger os familiares, grupos que, por um
determinado motivo, se reúnem para a realização do propósito antes definido.
Que a
compreensão possa se dar entre esses pequenos núcleos, pois, a partir disso, a
grande família humana será mais respeitosa e amorosa com si própria.
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