CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Ela sempre
diz que sou seu anjo; na verdade, ela que é o meu.
Só ainda não
sei falar, mas vejo e sinto tudo.
Estou com
alguns meses de nascido. Tenho minha mamãe e meu papai, não tenho irmãos. Sou
muito amado e bem cuidado e meus avós sempre vêm me visitar.
Por eu ter
muito tempo livre, gosto de observar minha mamãe que tanto trabalha para eu
estar sempre confortável e protegido. O momento mais feliz é quando estamos só
nós dois e ela me alimenta com leitinho morno na mamadeira, conversa comigo e
me conta historinhas engraçadas e rimos juntos – na verdade, eu rio da sua risada – acaricia minhas mãos,
minha cabeça e meu rosto... e eu a observo com tanto amor tranquilo que acabo
dormindo.
Dia desses,
papai fez umas brincadeiras mais dinâmicas e engraçadas comigo, eu bem que
gostei, mas mamãe, lá da cozinha, viu e disse para ele parar e cuidar de mim
como bebê que sou. Papai falou “está bem”, mas continuou. Ele só brinca
diferente da mamãe, e sei que ele também tanto me ama.
Ontem à
tarde, quando mamãe estava sentada no sofá e comigo no colo, dando o meu
leitinho, ela me contou um segredo.
Ela começou
dizendo que eu era uma estrelinha, presente de Deus. E que eu lhe trazia um
campo infinito de flores coloridas e lindas de alegria; se fosse papai, ele
falaria um campo de futebol, mas mamãe é muito delicada e gosta de flores.
Enquanto ela conversava comigo, também me acariciava; mamãe é muito carinhosa.
Até que
chegou ao começo do segredo; percebi, pois seus olhos se encheram de lágrimas.
E disse que tanto me aguardava até que um dia o telefone tocou e ela e papai
saíram, desesperados, com minha malinha. Eles me esperaram muito, mas era
preciso respeitar a sequência de uma lista de espera.
Eu nem
piscava, tão atento às palavras da mamãe que, enxugando suas lágrimas, falou
que eu era o filho que ela tanto desejava; todos os meus detalhes eram a
riqueza para a sua felicidade. E me falou que ela e papai estarão sempre comigo
me protegendo e me ajudando a caminhar na estrada do bem. E que eu só não tinha
nascido de seu ventre, mas era inteiramente de seu coração. Mamãe tirou a
mamadeira, que acabara de ficar vazia, e me trouxe amorosamente para o amparo de
seu peito, juntinho das batidas de seu coração, num abraço tão amoroso que só
mamãe poderia me dar.
Ainda não sei
falar, mas quando for mais grandinho, vou falar para mamãe que mesmo eu não
sendo de sua cor, ela é a mãe que só poderia ser minha e eu, o filho que só
poderia ser seu.
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