sábado, 11 de julho de 2015

Solidariedade



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amiga leitora, inicio nossa conversa de hoje com o seguinte poema, cujo título proponho-lhe adivinhar, antes que eu lho revele, no final desta crônica:

Nos primórdios da criação,
O homem não é mal nem bom,
Ele segue seu instinto,
Ora saciado ou faminto.

Prevalece a lei da força,
O leão devora a corça,
O irmão mata seu irmão
Sem pudor nem compaixão.

A inteligência, porém,
Desenvolve o dom do bem,
E o que era força bruta
Cede vez a nova luta.

O instinto rudimentar
Começa a ceder lugar...
E o sentimento gregário
Torna o homem solidário.

É nos momentos de imensa dor de uma pessoa, grupo social ou família, que se comprova a conclusão desse poema. Quando ocorrem as grandes catástrofes na Humanidade: terremotos, tsunamis, furacões, os povos se unem e uma multidão de pessoas, de todas as partes da Terra, sai em socorro às vítimas dessas tragédias.
Também se alguém morre tragicamente deixa muita gente penalizada. Então, de toda a parte, vem a ajuda e a solidariedade à família do falecido. Se é um artista o “morto”, os meios de comunicação atraem as atenções até onde seus sinais cheguem...
Essas reflexões vieram-me à mente, durante a finada semana, quando correu mundo a notícia do acidente fatal que vitimou o jovem e talentoso cantor Cristiano Araújo (29 anos) e sua namorada (19 anos). Tão novos e já não mais podendo desfrutar de sua existência física plena de aventuras e felicidade, o que motivou, segundo uma emissora de TV, a declaração do pai do cantor sobre sua dúvida a respeito da existência de Deus.
Por que será que questionamos a existência de nosso Pai, que é Espírito (João, 4:24), se nós, seus filhos, por consequência, também somos espíritos?
Porque a matéria obnubila nossa alma e também nos falta conhecimento sobre a real finalidade da vida. 
Por que a revolta, principalmente, quando nos toma uma grande dor, em especial aquela causada pela perda trágica de alguém muito amado?
Porque ainda não entendemos a vida física como breve estágio probatório aqui na Terra.
Por que, em geral, não fazemos tal questionamento quando tudo corre às mil maravilhas para nós?
Porque ainda não compreendemos que as Leis do Pai amantíssimo são justíssimas e que Ele não quer a perdição de nenhum de seus filhos, mas sim a sua perfeição.
Por que somente a desgraça que nos atinge parece ser a grande injustiça divina?
Há cerca de sete bilhões de almas na Terra. E enquanto você me lê, milhares de pessoas estão deixando sua carne aos vermes, muitas delas, tragicamente. Você só não deseja que isso aconteça consigo, não é mesmo?
Ah, se eu pudesse aparecer à sua frente e dizer-lhe que sua existência física nada é, em comparação com a eternidade que o aguarda. Que cada passagem pelo corpo somático é um ato no minúsculo palco do teatro chamado Terra...
E se você descobrir que este mesmo Deus ao qual nega o criou para ser feliz, mas que somente o será, plenamente, quando, após inumeráveis existências físicas, alcançar a perfeição?
Pois saiba que cada um de nós tem um tempo em cada encarnação e todos temos uma missão. Cristiano cumpriu a sua, assim como sua namorada, cujo nome nem todos lembram. Como se chamava ela mesmo?
Oremos por ambos, mas não deixemos de refletir na atualidade de uns versos do poeta Manuel Bandeira:

Amanhã que é dia dos mortos,
Vai ao cemitério, vai,
E procura entre as sepulturas
A sepultura do meu pai.

Leva três rosas bem bonitas,
Ajoelha e reza uma oração,
Não pelo pai, mas pelo filho,
O filho tem mais precisão.
[...]

Ah, sim, Allana Moraes era o nome da namorada do Cristiano Araújo que “morreu” junto com ele, e o título do poema que está lá no início desta crônica é “Solidariedade”.




Como consultar as matérias deste blog?
Se você não conhece ainda a estrutura deste blog, clique neste link: http://goo.gl/OJCK2W, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele nos propicia.



Nenhum comentário:

Postar um comentário