CÍNTHIA CORTEGOSO
De Londrina-PR
Só desejo a paz dos meus dias,
nenhuma ilusão, só essa paz, a simplicidade feliz dos meus dias, pois se o
coração é capaz de se encontrar assim é porque já pratica o nobre aprendizado
do amor, está bem mais sob a luz que a penumbra dos desacertos, no entanto, a
luz é eterna e a bondade do Senhor, idem. São os nossos pés que precisam
caminhar.
Diante do presente quase passado
– visto a rapidez com que o tempo desatina devido aos inúmeros compromissos,
prazos, tantos deles para o preenchimento de um coração com sede do verdadeiro
sentido da existência –, a vida passa e naturalmente muito mais oportunidade se
perde do que se aproveita. Mas a simplicidade é tão nobre. Tudo o que é notável
e necessário começa por questões tão singelas.
É curioso que quem se
autodenomina pleno de energia para grandes lutas, desassossego, intempéries,
duras conquistas, de fato, no cantinho mais importante do seu coração, quer a
paz dos seus dias, quer a calma amorosa. A experiência, quando apreendida, e os
anos vivenciados nos encaminham adiante para o que realmente preenche esse
cantinho que quer ser inteiro.
Se conseguirmos parar um pouco
para observarmos como estão os vasinhos de flores colocados em nossa jardineira
durante cada estação, para uma boa parte de corações haverá mais ausência de
perfume e cores. Mas a jardineira existe assim como as flores para se valerem.
Menos tempo de frente com os
olhos virtuais e mais com os presenciais humanos; menos preocupação com a
materialidade e mais compromisso com o plano espiritual; mais tempo para
ensinar quem ainda não respeita a vida e parte dele com quem se responsabiliza
com ela.
E quando se busca a emancipação
da alma, algo diminui: a paciência com tolices. Deveras, como é aborrecedor
deparar-se com questões ridiculamente pequenas; no entanto, o caminheiro que se
presta a isso não imagina ainda o que é se emancipar. Esse caminheiro sofre
porque está preso nas sutis cordas manipuladoras e torna-se marionete pelas
cinzas energias ligadas, por ocasiões criadas por ele mesmo, aos espíritos que
não quiseram ainda ver a luz benfazeja.
Tanto se vê durante os
amanheceres e entardeceres, quanto se conhece em uma existência. E na minha
vida tanto privilegio e desejo a paz dos meus dias, pois, assim, estarei em
conformidade com o que o Mestre verdadeiramente nos legou, com o que realmente,
para o espírito, é necessário.
Querer aprender e reformular-se
para o bem é passo integrante para usufruir a grandeza da simplicidade. Ver
mais pores de sol e reconhecer as estrelas; saber ouvir mais; andar pela
natureza e, sem dúvida, protegê-la e preservá-la; abraçar os amigos e dar a mão
ao que se denomina inimigo; salvar mais insetinhos do que matá-los; agradecer e
cooperar; cuidar-se, pois cada um também é sua própria responsabilidade; amar
bem mais... e a paz dos dias começa a fazer morada no coração.
Esse sentimento só pode ser
conquistado, não se compra nem sem empresta, é independente de hierarquia ou
posição social, também não se pode alugar, apenas ser adquirido por meio da
conquista... conquista individual.
Pois bem, vou continuar com meu
grande objetivo: ser conquistadora da paz dos meus dias... tanto há por fazer.
Desejo que cada um possa
alcançar a paz em sua vida, a simplicidade feliz dos seus dias.
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