terça-feira, 10 de novembro de 2015

Um grito pelos refugiados


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Em busca de paz; ainda mais, em busca de algo que deveria ser direito de todos: viver.
Crianças, assustadas, e totalmente dependentes de seus pais ou adultos confiáveis seguem feito cegas para um horizonte temido, mas, de alguma forma, esperançoso. O choro as acompanha, ora de fome e mais comumente de tristeza e medo. Mas a criança é encanto e luz e continua sua peregrinação, ela também só quer viver e quanto ainda há para conhecer e realizar.
Idosos, anestesiados, talvez para não sentirem tanta dor, dor de deixarem sua história e tudo o que até agora conquistaram, também seguem, como as crianças, necessitados da ajuda de alguém confiável e, mesmo com muito caminho vivido, seus olhos brilham com a esperança de um menino; a vida é valiosa demais.
O jovem e o vivido na mesma caminhada; o início e a eternidade. Entretanto, o adulto, do mesmo modo, sofre por falta de entendimento e orgulho de poucos, então, as três gerações precisam se refugiar em outras terras e são forçadas a cruzar a água de sal, a ouvir outro idioma sem compreensão e também se amedrontam com a força e a limitação estrangeiras e se certificam de que a maior certeza na vida é a de um dia todos serem recebidos pela morte, mas o instinto pela permanência aqui é vigoroso.
E fogem, e continuam, e conquistam passos, e vencem obstáculos, e seguem amando porque só quem ama quer viver e quem vive pode estar ao lado de quem se ama e criar meios de construir um caminho com mais flores do que sofrimento. E os refugiados querem viver e lutam e extraem forças da inesgotável fonte... da fonte que jorra do alto e alimenta cada centelha com o propósito de se aprimorar, pois a dificuldade nada mais é que a florescência do espírito. E nós todos precisamos do ar para a respiração; da água que mata a sede; do pão que sacia a fome e da liberdade para viver a vida.
Enquanto forças forem medidas imensuravelmente com covardia, corações serão dilacerados e os corpos, afogados pela tristeza embargada na água salgada também por suas lágrimas. Famílias se desfarão e seus sobreviventes, com muita dor, talvez poderão se lembrar um dia de como era o tempo no seio familiar para criarem suas crianças e perpetuarem sua geração.
Quanto o amor faz falta, quanto a ausência da bondade desestrutura nações e inviabiliza o desenvolvimento!
Filas de pernas exaustas a se perderem de vista no compasso da marcha regida pela tênue linha incerta entre a permissão ou não de entrada em uma terra nova para uma nova vida. E pensar que cada coração caminhante possui uma história inteira, mas no momento torna-se apenas mais um a tentar o refúgio, o qual não é permanente para todos... e muitos são devolvidos ao fogo da dor e outros desesperadamente são naufragados na grandeza oceânica.
Quem dera houvesse apenas um pouquinho mais de amor do que qualquer outro infeliz sentimento! Sentir-nos-íamos verdadeiramente irmãos e não apenas essa triste fraternidade por termos um pai em comum, o Pai, que é o criador do Universo, grandeza absoluta e incomparável. Quanta vergonha por nossa pequenez... poderíamos nos sentir irmãos de verdade... mas um dia isso será.
Crianças choram o choro sentido da falta de proteção e da benevolência de adultos, mas estes que não se sentem irmãos de ninguém por não conhecerem a fraternidade não sabem vivê-la.
E o sol brilha sobre todos indistintamente, o ar existe para todos se manterem vivos, a eternidade será o limite da existência. As magníficas circunstâncias são para todos, assim como a liberdade e o direito à vida.
Imensa felicidade quando o coração puder sentir que o mesmo brilho de sua centelha também pulsa em outro coração, pois todos foram criados por um único Pai e, assim, possibilitará a compreensão de que o mesmo Deus que habita em mim, habita em você. Passaremos a ser irmãos não como hoje, mas saberemos viver a mais nobre fraternidade e, consequentemente, refugiados não mais existirão, pois os olhos fraternos com carinho se reconhecerão.

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