sábado, 28 de novembro de 2015

Caim, Caim, que fizeste do teu irmão?!


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Hoje estou muito triste. Quinze dias atrás, cento e trinta irmãos nossos, franceses, foram cruel e covardemente assassinados sem qualquer chance de defesa. Seu crime foi o de viver e tentar ser felizes.
Essas pessoas tinham famílias e projetos de vida em um mundo pacífico, sem guerras, sem violências, sem fanatismos que deturpam o verdadeiro sentido das religiões: religar o ser criado ao seu Criador, cujo propósito jamais foi o de exterminar suas criaturas, ou de lançá-las umas contra as outras, como feras a se entredevorarem, mas sim o de lhes dar a vida em abundância para serem felizes.
Essas pessoas eram filhas, eram filhos, eram mães, eram pais e tinham parentes que as aguardavam em seu lar. Trabalhavam, estudavam, divertiam-se, amavam e eram amadas. Em suas folgas, buscavam entreter-se sem causar mal algum a seu próximo. Não tinham inimigos. Não tinham nada a ver com o extremismo religioso de bárbaros assassinos, desequilibrados mentalmente, que deturpam os ensinamentos dos verdadeiros profetas de Deus, os quais nos recomendam nos amar como filhos que somos de um mesmo Pai espiritual, seres eternos que somos, criados para a perfeição e não para a destruição. Talvez essas vítimas indefesas nem mesmo tivessem religião, mas eram boas e não faziam mal a ninguém...
Esses nossos irmãos franceses, assim como milhares de outros cidadãos que morrem brutalmente assassinados, em especial nos países como o nosso, em que a maioria da população não tem a mínima proteção do bem maior, a vida, precisam de nossas orações... e ações. Ações que não sejam meramente retributivas do mal com o mal, mas sim educativas.
Quem agride, mesmo sabendo que, por sua vez, será agredido; quem mata, mesmo sabendo que será morto; quem odeia, mesmo tendo consciência de que será odiado também se odeia, está enfermo da alma e, portanto, precisa de tratamento psiquiátrico, de estímulo à própria vida, de esclarecimentos sobre as leis imutáveis que regem os nossos atos, neste mundo, e sobre as consequências para quem as viola, quaisquer que sejam as suas justificativas.
Oremos, portanto, amigos, não somente por essas tristes vítimas barbaramente mortas, covardemente assassinadas, mas por toda a humanidade. Um dia todos entenderão que somente a educação de qualidade, o amor, a honestidade e a ação no bem são as forças indestrutíveis que nos farão felizes para sempre.
Mas não nos olvidemos de vigiar nossos pensamentos, palavras e atos, além de recordar sempre o aviso de um jovem galileu a seu discípulo que mais o amava e que, desembainhando sua espada, cortou a orelha de um dos carrascos do seu Mestre: 
— Pedro, embainha tua espada, pois todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão (Mateus, 26:51-52).
Em outra passagem do seu Evangelho de Amor, lembrou-nos o Cristo que não devemos temer os que matam o corpo, mas sim Aquele que tem poder para nos lançar no fogo simbólico do inferno de nossas almas culpadas (Lucas, 12:4-5). Esses nossos irmãos mal informados que julgam que estarão nos braços de Deus, ao se destruírem, após fazerem o mesmo com seu próximo, na realidade estão cavando, para si mesmos, um inferno que, se não é eterno, nem por isso mesmo é menos terrível, o da consciência culpada.
Homem, Deus está em tua consciência. Onde teu espírito estiver, ela, ferida por tua ignorância, repetirá, milhões de vezes, até que o arrependimento do mal que praticaste se desfaça pela reparação e pelo teu sincero desejo de praticar o bem:
— Caim, Caim, que fizeste do teu irmão?!




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