Temos a família que
pedimos?
Uma
amiga leitora pergunta-nos por que motivo, mesmo no meio espírita, existem
pessoas que ajudam com boa vontade pessoas necessitadas não pertencentes à sua
família, mas não fazem o mesmo com um irmão de sangue que esteja, por exemplo,
passando por dificuldades financeiras. Se devemos ajudar os nossos irmãos mais
próximos, por que tal coisa acontece?
Embora
lamentável, o fato é perfeitamente explicável e não se trata apenas de negar
ajuda, pois isso também se manifesta na ausência de tolerância, paciência,
perdão, boa vontade, que é muito mais fácil ter com pessoas estranhas do que
ter com um parente próximo.
Perguntaram
certa vez a Divaldo Franco se temos a família que pedimos ou a família que
merecemos. Ele respondeu, em outros termos: “Nem uma coisa, nem outra. Temos a
família de que precisamos”.
Ensina
o Espiritismo que, comumente, se reúnem no mesmo lar Espíritos amigos,
companheiros de outras jornadas, mas também desafetos do passado. São eles
pessoas que convidamos para compor o núcleo familiar com o objetivo de
repararmos algo que lhes tenhamos feito em existências passadas.
Ocorre,
porém, que – ignorando o que aconteceu no passado e o compromisso firmado antes
da reencarnação – temos dificuldade em aceitá-las e até mesmo, em muitos casos,
de viver a seu lado, debaixo de um mesmo teto.
No
cap. XIV, item 9, d´O Evangelho segundo o
Espiritismo, Santo Agostinho (Espírito) fala das desarmonias que se
verificam, às vezes, entre pais e filhos e explica os motivos. Quando um
desafeto dos pais reencarna na condição de filho, a dificuldade de
relacionamento é óbvia. Eis a explicação que a respeito nos foi dada pelo
citado Espírito:
“Qual será o seu
procedimento na família escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência
nas boas resoluções que tomou. O incessante contato com seres a quem odiou
constitui prova terrível, sob a qual não raro sucumbe, se não tem ainda
bastante forte a vontade. Assim, conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele
será o amigo ou inimigo daqueles entre os quais foi chamado a viver.
É como se explicam
esses ódios, essas repulsões instintivas que se notam da parte de certas
crianças e que parecem injustificáveis. Nada, com efeito, naquela existência há
podido provocar semelhante antipatia; para se lhe apreender a causa, necessário
se torna volver o olhar ao passado.” (O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9.)
Essa
antipatia, esse antagonismo, pode ser perfeitamente transplantado para outros
casos, como o relacionamento entre irmãos e cunhados, por exemplo. E é
exatamente daí que advém a indiferença de uns com relação a um familiar que
esteja enfrentando dificuldades.
Em
face disso, muitos perguntam: Por que a vida faz com que esses Espíritos
participem de um mesmo grupo familiar?
O
ensino espírita a esse respeito é muito claro. Deus permite que nas famílias
ocorram essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos com o duplo
objetivo de servir de prova para uns e de meio de progresso para outros. Com a
convivência e o aprimoramento dos relacionamentos, o caráter deles se abranda,
seus costumes se apuram, as antipatias se esvaem. É desse modo que se opera a
fusão das diferentes categorias de Espíritos, como se dá na Terra com as etnias
e os povos.
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