A Crise da Morte
Ernesto Bozzano
Parte 4
Damos continuidade ao estudo do clássico A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano,
conforme tradução de Guillon Ribeiro publicada em 1926 pela editora da Federação
Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor
uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às
questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Que revelações nos traz o oitavo
caso?
B. Como os Espíritos satisfazem os
hábitos voluptuosos que trazem da última existência?
C. Que ensinamentos extraímos do nono
caso?
D. O advento da Nova Revelação veio na
época certa?
Texto para leitura
52. Oitavo caso – Extraído também da revista Light, edição do ano de 1925, trata-se de comunicações ditadas em
maio e junho de 1918 por um jovem soldado morto logo no início da Grande
Guerra. (PP. 69 e 70)
53. Eis os detalhes contidos nas
mensagens do jovem soldado: a) a ignorância em que muitos se encontram a
respeito da própria morte; b) o sono reparador, que acomete os desencarnados,
sobretudo quando acham que a morte é o aniquilamento total da criatura humana;
c) após despertar desse sono, o desencarnado se sente um outro ser e entende
que se encontra num meio espiritual e que é um Espírito; d) os que desencarnam
com a convicção de que existe uma vida de além-túmulo não necessitam dormir, a
menos que cheguem ao mundo espiritual esgotados por longa enfermidade ou
deprimidos por uma vida de tribulações; e) os Espíritos muito inferiores, que
permanecem ligados à Terra, não gozam do benefício do sono reparador e, por
isso, perseveram na ilusão de que continuam encarnados; f) o meio espiritual
apresenta ao visitante "coisas" que parecem da mesma natureza que as
que ele conhecia na Terra, mas elas são reais, absolutamente reais; g) os
desencarnados não demoram a descobrir que podem transformar certas
"coisas" que veem em torno deles, unicamente pelo desejo de que elas
se transformem. (PP. 70 a 75)
54. A propósito do último detalhe, diz
o Espírito que, vendo a seus pés uma agulha de madeira, ele pôde transformá-la,
pela força de sua vontade, em uma agulha de aço; mas não pode transformar os objetos
volumosos e, ainda menos, o meio em que vive. A razão é que a paisagem que o
rodeia não é somente "cenário" dele; é o "cenário" de todos
os Espíritos que ali residem. Pode, pois, transformar apenas as coisas pequenas
e quando isso a ninguém aborreça ou prejudique. (P. 75)
55. Após repetidas experiências desta
natureza, informa a Entidade, entende-se que o meio espiritual é, na realidade,
constituído unicamente de "formas de pensamento" e de "projeções
da memória", e que tudo isto está organizado com o fim de tornar mais
fácil, aos Espíritos recém-desencarnados, o período de transição decorrente da
morte corpórea. (P. 75)
56. A respeito das percepções
espirituais, diz o comunicante que, a princípio, pensa-se que os Espíritos
conversam da mesma maneira que o faziam quando encarnados; mas, desde o começo,
experimenta-se a curiosa sensação de compreender-se muito mais do que o que se
formula verbalmente. (P. 75)
57. Com o tempo, percebe-se que a
conversação por meio da palavra não constitui mais do que uma espécie de
superestrutura artificial, substancialmente inútil para a permuta das ideias, a
qual, na realidade, se opera diretamente, pela transmissão dos pensamentos. (P.
75)
58. Citando o livro Raymond, escrito pelo professor Oliver
Lodge, Bozzano lembra que os Espíritos recém-desencarnados não encontram no
meio espiritual a mesma satisfação de antes, nos hábitos voluptuosos adquiridos
no mundo dos vivos, e até os perdem. Todavia, quando chegam ao mundo
espiritual, influenciados pelas tendências que os dominavam na Terra, há os que
pedem de comer e outros que querem um gole de uísque. Existe, porém, um meio de
contentá-los, fornecendo-se-lhes qualquer coisa que se assemelhe ao que
reclamam. Desde, porém, que hajam saboreado uma ou duas vezes a coisa desejada,
não mais sentem dela necessidade e a esquecem. (P. 78)
59. As projeções do pensamento no meio
espiritual são consideradas efêmeras, apenas do ponto de vista da evolução
ulterior do Espírito. São, contudo, substanciais no meio em que elas se produzem.
Com efeito, admitida a existência de um meio espiritual, cuja densidade
específica seja constituída de "éter vitalizado" – num mundo assim a
paisagem geral, assim como as projeções particulares devem ser consideradas
reais, absolutamente reais, pois que teriam a mesma consistência que o
organismo espiritual dos seres que o habitam e seriam constituídas do mesmo
elemento. (P. 81)
60. Nono caso – Este caso foi tirado do livro de mensagens
transcendentais intitulado A Heretic in
Heaven. O médium-narrador é o Sr. Ernesto H. Peckham, autor do belo livro The Morrow of Death, e o comunicante,
que fora membro do mesmo círculo experimental do Sr. Peckham, valeu-se de um
pseudônimo – "Daddy" – para assinar as mensagens. (PP. 84 e 85)
61. Eis os detalhes contidos nas
mensagens de "Daddy": a) embora morto, o Espírito se sentia mais vivo
do que antes; b) os acessos de soluço, a asma e outros sintomas bronquiais, que
o atormentaram no momento da morte, continuaram a afligi-lo na vida espiritual;
c) sua mãe, que morrera havia muitos anos, e sua esposa foram visitá-lo em sua
nova morada; d) seguiu-se depois disso um prolongado período de sono. (PP. 86 a
88)
62. Além de outros episódios
constantes das mensagens de "Daddy", Bozzano comenta o fato de ter o
Espírito anunciado sua morte a um amigo encarnado, que então a ignorava. Como o
fato realmente ocorreu nas condições de meio indicadas pelo comunicante, é
forçoso concluir que se trata de um dos fenômenos comuns – ora visuais, ora
auditivos – de manifestação dos mortos, fenômenos a que os metapsiquistas
ortodoxos chamam "telepatia diferida". (P. 90)
63. O autor assinala ainda nas citadas
mensagens: 1º) o interessante fenômeno segundo o qual os objetos afastados não
parecem diminuídos à percepção espiritual, pela distância, enquanto todo objeto
é simultaneamente percebido por todos os seus lados e no seu próprio interior,
indo a visão além do objeto; 2º) a observação concernente ao pensamento do
Espírito, logo percebido por outro Espírito distante e que intervém, auxiliando
o primeiro com um conselho que lhe transmite no mesmo instante. (P. 91)
64. Bozzano diz que os "raios
Roentgen" (raios X) e a "telegrafia sem fio" são conquistas
científicas que nos permitem compreender perfeitamente a viabilidade dos dois
fenômenos acima referidos, que pareceriam absurdos se revelados duas gerações
antes da sua. "Esta observação – adverte o autor – deveria aconselhar a
todos prudência, antes de proclamarem absurdas e impossíveis outras informações
análogas, constantes das mensagens do Além e que ainda não estão confirmadas
pela ciência terrestre." (PP. 91 e 92)
65. O fato indica ainda que as
manifestações mediúnicas se produzem no momento exato em que parecem maduros os
tempos, para serem compreendidas, apreciadas e assimiladas. Se as
"pancadas" de Hydesville se houvessem produzido um século antes, teriam
passado despercebidas e infecundas. "Cumpre, pois, se reconheça que a Nova
Ciência da Alma nasceu na hora precisa, no seio dos povos civilizados",
acrescenta Bozzano. (P. 92)
66. O autor considera também detalhe
fundamental a revelação mediúnica acerca das modalidades sob as quais se
manifesta a visão espiritual, que requer um certo tempo para que se desenvolva
inteiramente nos Espíritos recém-chegados, o que explica por que são em número
reduzido os Espíritos desencarnados que a ela aludem. (PP. 92 e 93)
Respostas às questões preliminares
A. Que revelações nos traz o oitavo caso?
Ditadas por um jovem soldado morto logo no início
da Grande Guerra, as comunicações que compõem o oitavo caso contêm, entre
outros, os seguintes detalhes: a) a ignorância em que muitos se encontram a
respeito da própria morte; b) o sono reparador, que acomete os desencarnados, sobretudo
quando acham que a morte era o aniquilamento total da criatura humana; c) o
fato de, após despertar desse sono, o desencarnado sentir-se um outro ser e
entender que se encontra num meio espiritual e que é um Espírito; d) a
informação de que os que desencarnam com a convicção de que existe uma vida de
além-túmulo não necessitarem dormir, a menos que cheguem ao mundo espiritual
esgotados por longa enfermidade ou deprimidos por uma vida de tribulações; e) a
circunstância de os Espíritos muito inferiores, que permanecem ligados à Terra,
não gozarem do benefício do sono reparador e, por isso, perseverarem na ilusão
de que continuam encarnados. (A Crise da
Morte, pp. 70 a 75.)
B. Como os Espíritos satisfazem os hábitos voluptuosos que trazem da
última existência?
Mencionando expressamente o livro Raymond, escrito pelo professor Oliver
Lodge, Bozzano diz que os Espíritos recém-desencarnados não encontram no meio
espiritual a mesma satisfação de antes, nos hábitos voluptuosos adquiridos no
mundo dos vivos, e até os perdem. Todavia, quando chegam ao mundo espiritual,
influenciados pelas tendências que os dominavam na Terra, há os que pedem de
comer e outros que querem um gole de uísque. Existe, porém, um meio de
contentá-los, fornecendo-se-lhes qualquer coisa que se assemelhe ao que
reclamam. Desde, porém, que hajam saboreado uma ou duas vezes a coisa desejada,
não mais sentem dela necessidade e a esquecem. (A Crise da Morte, p. 78.)
C. Que ensinamentos extraímos do nono caso?
Este caso foi tirado do livro de mensagens
transcendentais intitulado A Heretic in
Heaven. O médium-narrador é o Sr. Ernesto H. Peckham, e o comunicante, que
fora membro do mesmo círculo experimental do Sr. Peckham, valeu-se de um
pseudônimo – "Daddy" – para assinar as mensagens. Eis os detalhes
contidos nas mensagens: a) embora morto, o Espírito se sentia mais vivo do que
antes; b) os acessos de soluço, a asma e outros sintomas bronquiais, que o
atormentaram no momento da morte, continuaram a afligi-lo na vida espiritual; c)
sua mãe, que morrera havia muitos anos, e sua esposa foram visitá-lo em sua
nova morada; d) seguiu-se depois disso um prolongado período de sono. (A Crise da Morte, pp. 84 a 91.)
D. O advento da Nova Revelação veio na época certa?
Sim. Segundo Bozzano, as manifestações mediúnicas
se produziram no momento exato em que estavam maduros os tempos para serem
compreendidas, apreciadas e assimiladas. Se as "pancadas" de
Hydesville se houvessem produzido um século antes, teriam passado despercebidas
e infecundas. "Cumpre, pois, se reconheça que a Nova Ciência da Alma
nasceu na hora precisa, no seio dos povos civilizados", afirma Bozzano. (A Crise da Morte, pp. 91 e 92.)
Nota:
Links que remetem aos textos anteriores:
Parte 1 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/06/iniciacao-aos-classicos-espiritas_30.html
Parte 2 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/07/iniciacao-aos-classicos-espiritas.html
Parte 3 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/07/iniciacao-aos-classicos-espiritas_14.html
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