domingo, 10 de setembro de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo




A expiação e sua função educativa

Lemos no item 4 do capítulo III d´O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec: “A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias”.
A primeira vez que o termo expiação apareceu na principal obra espírita, O Livro dos Espíritos, tal se deu na parte VI da Introdução do mencionado livro, em que Allan Kardec nos apresenta um resumo dos pontos principais da doutrina espírita:

“Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros, como missão. A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição moral.” (O Livro dos Espíritos, Introd., VI.)

Outra referência ao termo expiação verificou-se no final do resumo a que nos reportamos:

“... (eles) ensinam também não haver faltas irremissíveis que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente aos seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu destino final.” (Obra citada, ibidem.)

A partir daí o termo expiação aparece 37 vezes ao longo das questões que constituem O Livro dos Espíritos, a saber: questões n. 113, 132, 167, 178, 199, 224, 246, 262, 264, 267, 273, 313, 337, 373, 374, 399, 602, 676, 720, 724, 746, 770, 872, 891, 920, 931, 934, 940, 949, 953, 983, 984, 986, 987, 998, 999 e 1.013, fato que nos parece natural tendo em vista a natureza do mundo em que vivemos, um planeta de expiação e provas, como é expressamente dito na questão 931 d´O Livro dos Espíritos e no cap. III, item 4, d´O Evangelho segundo o Espiritismo, transcrito linhas acima.
Tendo em vista a natureza do nosso orbe, Allan Kardec fez uma observação importante que é preciso aqui recordar:

“Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta. Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 9.)

Inerente, como vimos, à condição dos habitantes da Terra, não é difícil compreender, lendo as obras de Kardec acima citadas, que a expiação nem sempre se manifesta com objetivo de ajuste ou punição, visto que em muitos casos trata-se apenas de uma medida educativa, o que nos parece muito claro no ensinamento abaixo reproduzido:

– Quando o Espírito goza do livre-arbítrio, a escolha da existência corporal dependerá sempre exclusivamente de sua vontade, ou essa existência lhe pode ser imposta, como expiação, pela vontade de Deus?
“Deus sabe esperar, não apressa a expiação. Todavia, pode impor certa existência a um Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.” (O Livro dos Espíritos, questão 262 “a”.)

Além da tolerância mencionada no trecho acima, é bom lembrar que a bondade de Deus se nos revela também, atenuando os rigores de uma possível expiação, ao admitir que o mal que praticamos possa ser, pelo menos em parte, anulado pelo bem que fazemos, como o apóstolo Pedro nos ensina em sua primeira carta apostólica: “Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados.” (1ª Pedro 4:8.)
É como Divaldo Franco costuma dizer em suas palestras: “O bem que fazemos anula o mal que fizemos”.
Nosso futuro, feliz ou infeliz, depende, pois, exclusivamente de nós e de nosso comportamento perante Deus, perante o próximo e perante nós mesmos.



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