A expiação e sua função educativa
Lemos no item 4 do capítulo III d´O Evangelho segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec: “A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas,
razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias”.
A primeira vez que o termo expiação apareceu na
principal obra espírita, O Livro dos
Espíritos, tal se deu na parte VI da Introdução do mencionado livro, em que
Allan Kardec nos apresenta um resumo dos pontos principais da doutrina
espírita:
“Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma
categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia
espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns
como expiação, a outros, como missão. A vida material é uma prova que lhes
cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição
moral.” (O Livro dos Espíritos,
Introd., VI.)
Outra referência ao termo expiação verificou-se no
final do resumo a que nos reportamos:
“... (eles) ensinam também não haver faltas
irremissíveis que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o
homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente aos
seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu
destino final.” (Obra citada, ibidem.)
A partir daí o termo expiação aparece 37 vezes ao
longo das questões que constituem O Livro
dos Espíritos, a saber: questões n. 113, 132, 167, 178, 199, 224, 246, 262,
264, 267, 273, 313, 337, 373, 374, 399, 602, 676, 720, 724, 746, 770, 872, 891,
920, 931, 934, 940, 949, 953, 983, 984, 986, 987, 998, 999 e 1.013, fato que
nos parece natural tendo em vista a natureza do mundo em que vivemos, um
planeta de expiação e provas, como é expressamente dito na questão 931 d´O Livro dos Espíritos e no cap. III,
item 4, d´O Evangelho segundo o
Espiritismo, transcrito linhas acima.
Tendo em vista a natureza do nosso orbe, Allan Kardec
fez uma observação importante que é preciso aqui recordar:
“Não há crer, no entanto, que todo sofrimento
suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas
vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e
ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre
a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de
relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado.
Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada
obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a
executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto
mais rude haja sido a luta. Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos
naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece
nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com
resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam
suportar sem murmurar.” (O Evangelho
segundo o Espiritismo, cap. V, item 9.)
Inerente, como vimos, à condição dos habitantes da
Terra, não é difícil compreender, lendo as obras de Kardec acima citadas, que a
expiação nem sempre se manifesta com objetivo de ajuste ou punição, visto que
em muitos casos trata-se apenas de uma medida educativa, o que nos parece muito
claro no ensinamento abaixo reproduzido:
– Quando o Espírito goza do livre-arbítrio, a
escolha da existência corporal dependerá sempre exclusivamente de sua vontade,
ou essa existência lhe pode ser imposta, como expiação, pela vontade de Deus?
“Deus sabe esperar, não apressa a expiação.
Todavia, pode impor certa existência a um Espírito, quando este, pela sua
inferioridade ou má vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria
mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o
progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.” (O Livro dos Espíritos, questão 262 “a”.)
Além da tolerância mencionada no trecho acima, é
bom lembrar que a bondade de Deus se nos revela também, atenuando os rigores de
uma possível expiação, ao admitir que o mal que praticamos possa ser, pelo
menos em parte, anulado pelo bem que fazemos, como o apóstolo Pedro nos ensina
em sua primeira carta apostólica: “Antes de tudo, mantende entre vós uma
ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados.” (1ª Pedro
4:8.)
É como Divaldo Franco costuma dizer em suas
palestras: “O bem que fazemos anula o mal que fizemos”.
Nosso futuro, feliz ou infeliz, depende, pois,
exclusivamente de nós e de nosso comportamento perante Deus, perante o próximo
e perante nós mesmos.
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