domingo, 24 de setembro de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo






Imprevisível ou inesperado, o acaso não existe

Um amigo perguntou-nos nesta semana o que o Espiritismo nos diz acerca do chamado acaso.
Primeiramente, é bom lembrar que a ideia de que somente o acaso pode explicar certos acontecimentos de nossa vida é muito mais comum do que se pensa.
A esse tema o historiador austríaco Erik Durschmied dedicou o livro Fora de Controle – Como o Acaso e a Estupidez Mudaram a História do Mundo, no qual afirma que a decisão de despejar a primeira bomba atômica sobre Hiroshima foi fruto de puro acaso. O mau tempo – simplesmente o mau tempo – é que teria poupado as outras cidades, o que levou o historiador a concluir: “Por um capricho da natureza, uma cidade foi escolhida para ser destruída”.
Assunto de vários estudos de pensadores espíritas encarnados e desencarnados, o acaso não existe. Aliás, esse pensamento já era defendido pelo filósofo Jâmblico, que afirmava, tantos séculos atrás, que não existe acaso nem fatalidade, mas uma justiça inflexível que regula a existência de todos os seres.
Filho de uma abastada família da Síria meridional, Jâmblico (245 d.C.-325 d.C.) foi desde cedo instruído na filosofia clássica. A tradição atribui-lhe como primeiro professor um desconhecido Anatólio, que o teria enviado a Roma, aos cuidados de Porfírio, para que ele aprendesse a filosofia neoplatônica de Amônio Sacas e Plotino. Ao regressar a seu país, Jâmblico fundou a escola neoplatônica da Síria, tendo como seus maiores expoentes posteriores o filósofo Proclo (da escola neoplatônica de Atenas) e o Imperador Juliano, o Apóstata.
Se alguns se veem em meio a aflições, dizia Jâmblico, não é em virtude de uma decisão arbitrária da Divindade, mas consequência inelutável das faltas anteriores, antecipando-se desse modo à doutrina espírita, que nos ensina que a vida é causal, não casual.
O que muitos pensadores, antes do advento do Espiritismo, ignoravam é que os Espíritos influenciam de forma clara nos acontecimentos da vida, e essa influência, conforme aprendemos na doutrina espírita, é muito maior do que podemos imaginar.
Estaria aí um dos motivos da realização de certas coisas aparentemente casuais, como Joanna de Ângelis explica no texto seguinte, extraído do cap. 3 de seu livro Alerta, obra psicografada por Divaldo P. Franco, em que ela analisa os acontecimentos que nós consideramos inesperados ou imprevisíveis:

“O imprevisível é a presença divina, surpreendendo a infração.
“O insuspeitável pode ser considerado como a interferência divina sempre vigilante.
“O inesperado deve ser levado em conta como a ocorrência divina trabalhando pela ordem.”

O acaso não deveria, pois, ser cogitado por nós em momento nenhum, seja qual for a circunstância em que os acontecimentos de nossa vida se manifestem.



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