A Vida no Outro Mundo
Cairbar Schutel
Parte 8
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Vida no Outro Mundo, de autoria de Cairbar Schutel, publicado originalmente em 1932 pela Casa Editora O Clarim, de Matão (SP).
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Este estudo será publicado neste blog
sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. Como podemos conceituar o
perispírito?
B. Antes do advento do Espiritismo,
sob que nomes o corpo espiritual era conhecido?
C. Que fenômeno constitui prova
evidente da existência do corpo espiritual?
Texto para
leitura
98. Desde que foi constatada a
existência do perispírito, abriu-se novo campo de estudos da Vida, e a Moderna
Psicologia, com os seus princípios de livre exame e suas recomendações de
experimentação e pesquisa, veio ampliar os estudos que se faziam sobre a Vida,
demonstrando, cabalmente, que a alma não é o produto, o resultado das funções
nêuricas e cerebrais, mas, ao contrário, é a causa dessas funções, como o maquinista
é o agente que faz funcionar a máquina, e o músico é o autor da melodia. (A Vida no Outro Mundo – Cap. VIII –
Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
99. Escreve Gabriel Delanne em seu
livro Evolução Anímica: “Na formação
da criatura vivente, a vida não fornece, como contingente, senão a matéria do
protoplasma, matéria amorfa, na qual é impossível distinguir o menor rudimento
de organização, o mais pequeno indício daquilo que será o ser vivente. A célula
primitiva é absolutamente a mesma em todos os vertebrados; nada indica em si
que ela dará nascimento a tal indivíduo de preferência a tal outro, pois que a
sua composição é idêntica para todos. Convém, portanto, admitir, aqui, a
intervenção de um novo fator, que determine em que condições será construído o
edifício vital. É ao perispírito que é necessário recorrer-se, porque ele
contém em si o desenho determinado, a lei onipotente que servirá de regra
inflexível ao novo organismo, e que lhe designará, segundo o grau da sua evolução,
o lugar que deverá ocupar na escala das formas". (Obra citada – Cap. VIII
– Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
100. É preciso que fique bem
esclarecida a existência do perispírito para se compreender com facilidade a
imortalidade da alma. O perispírito não é uma criação nova destinada a resolver
dificuldades. Ele representa o corpo da alma, pois não se poderia conceber uma
alma sem corpo. Esse organismo é conhecido dos antigos cristãos. São Paulo
denominou-o corpo espiritual. Tertuliano diz que a corporeidade da alma é
afirmada nos Evangelhos: Corporalitas
animae in ipso Evangelio relucescit, e acrescenta: se a alma não tivesse um
corpo, a imagem da alma não teria a imagem do corpo. (Obra citada – Cap. VIII –
Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
101. Santo Agostinho recebeu do Bispo
Evódio, de Uzale, uma carta na qual este fazia referência a muitas aparições
que havia visto, e para bem explicar a natureza desses fenômenos, que ele
atribuiu às almas de defuntos, pergunta: “Quando a alma abandonou esse corpo
grosseiro e terrestre, não permanece a substância incorpórea unida a algum
outro corpo, não composto dos quatro elementos como este, porém mais sutil, e
que participa da natureza do ar ou do éter? Acredito que a alma não poderia
existir sem corpo algum". (Obra citada – Cap. VIII – Existência do
Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
102. São João de Tessalônica fez a
seguinte declaração no 2º Concílio de Niceia, em 787: "Sobre as almas, a
Igreja decide que são, na verdade, seres espirituais, mas não completamente
privados de corpo, ao contrário, de um corpo tênue, aéreo ou ígneo". (Obra
citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da
Personalidade.)
103. Os estudiosos antigos e modernos
têm feito referências ao corpo que envolve a alma, dando-lhe somente um nome
diferente do que usamos, de acordo sempre com o idioma que usavam: em hindu, Linga-Sharira; em hebraico, Nephes; em egípcio, Ka ou Bai; em grego, Ochéma. Pitágoras nomeava-o Eidolon ou carro sutil da alma; Cudworth (filósofo inglês), mediador
plástico; os ocultistas e teosofistas chamam-no corpo astral. (Obra citada –
Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
104. Com a constatação desse corpo a
Ciência deu um grande passo, pois agora se explica magnificamente o mistério da
forma específica do indivíduo, o desenvolvimento embrionário e pós-embrionário,
a constituição e a manutenção da personalidade, as reparações orgânicas e todos
os outros problemas gerais da Biologia, que a ideia diretriz de Claude Bernard,
espécie de entidade metapsíquico-biológica, tornava incompreensíveis e
confusos. A resolução do problema da vida, como o da morte, depende,
exclusivamente, do estudo do perispírito, cujas provas são tão abundantes que
podem ser até demonstradas pela fotografia. (Obra citada – Cap. VIII – Existência
do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
105. Os leitores talvez conheçam os
trabalhos do Comandante Darget, do Dr. Baraduc e do Coronel De Rochas, que põem
em foco o duplo humano. As provas apresentadas por estes investigadores são
positivas e não admitem contestação. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do
Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
106. Outro fato digno de estudo, no
tocante ao corpo espiritual, é o fenômeno de bilocação. A este respeito, o Spiritualist, de 1875, publicou um caso
muito interessante, que Gabriel Delanne aproveitou para ilustrar uma das suas
obras. Eis a narrativa:
“Um negro chamado H. E. Lewis possuía
grande força magnética, da qual fazia exibição em reuniões públicas. Em Blackeat,
no mês de fevereiro de 1856, numa dessas sessões, ele magnetizou uma moça a
quem nunca tinha visto. Depois de a ter mergulhado em sono profundo,
ordenou-lhe que fosse até a casa dela e que, em seguida, contasse ao público
aquilo que tivesse visto. Ela declarou, então, que via a cozinha e que aí se
achavam duas pessoas ocupadas em trabalhos domésticos. Lewis mandou que tocasse
numa dessas pessoas. A rapariga começou a rir e disse: ‘Toquei-as, porém elas
estão com muito medo!’
Voltando-se para o público, Lewis
perguntou se alguém conhecia a rapariga. Sendo-lhe respondido afirmativamente,
propôs que uma Comissão fosse ao seu domicílio. Diversas pessoas
prontificaram-se a isso, e, quando voltaram, confirmaram em todos os pontos o
que a rapariga havia dito.
A casa estava efetivamente numa
balbúrdia e em profunda excitação, porque uma das pessoas, que se achava na
cozinha, declarara ter visto um fantasma, e que este lhe tocara o ombro.” (Obra
citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
107. Inúmeros casos destes são
relatados nos anais do Psiquismo. Haja vista o caso de Santo Antônio de Pádua,
aparecendo em Lisboa para livrar seu pai da forca. Brackett, investigador muito
prudente e céptico, assim se exprime quando trata de dar o seu testemunho a
fatos de igual jaez: "Vi centenas de formas materializadas; em muitos
casos, o duplo da médium era tão parecido, que eu teria jurado ser ele o
próprio médium, se não tivesse visto este duplo desmaterializar-se à minha
vista, e, imediatamente depois, verificado que o médium estava
adormecido". (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e
Desdobramento da Personalidade.)
108. Um caso mais recente foi
noticiado pela Revue Spirite:
“Um bispo sueco, visitando as igrejas
da Lapônia, encontrou um mágico lapão, a quem repreendeu por espalhar a
superstição, utilizando-se de suas faculdades à procura de objetos roubados,
desaparecidos etc. O mágico resolveu propor uma experiência, e o bispo
pediu-lhe que dissesse o que fazia naquele momento sua família em Upsala. Então
o lapão mergulhou num êxtase tal, que o médico chamado ficou inquieto pela sua
vida, visto que parecia estar sem consciência, como morto. Meia hora depois,
voltou ao seu estado normal e disse ao bispo que sua senhora e uma menina,
naquele momento, escamavam um peixe na cozinha, em Upsala. Para demonstrar bem
que seu duplo tinha estado lá, em casa do bispo, pegou no anel da senhora, que
ela tirara do dedo para preparar o peixe, e escondeu-o no caixote de carvão, na
cozinha. Quando chegou a Upsala, o bispo fez-se acompanhar de testemunhas e
dirigiu-se imediatamente à cozinha, encontrando o anel precisamente no lugar
indicado pelo lapão. A senhora confirmou que, de fato, naquele dia e hora,
estava a arranjar um peixe, para o que havia tirado, do dedo, a aliança de
casamento, tendo-a perdido. Ela e a criada tinham visto um lapão (coisa rara em
Upsala) de pé na cozinha, sem que o tivessem sentido entrar, o qual
desaparecera misteriosamente. A visão fora tão real, que ela se dirigira à
polícia a queixar-se do lapão pela falta do anel, ao que a polícia respondera
não ter podido encontrar, em Upsala, o menor vestígio do lapão, presumido
ladrão". (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento
da Personalidade.)
109. Parece claro que, se ainda vivo,
o homem pode ser visto fora do seu corpo, é que a sua personalidade não
consiste somente nesse corpo. Melhor testemunho da existência da alma revestida
de seu corpo psíquico, ou perispírito, não pode existir, além de que, como já
vimos, a fotografia constata a veracidade desse princípio. (Obra citada – Cap.
VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
Respostas às
questões preliminares
A. Como podemos conceituar o perispírito?
O perispírito não é uma criação nova
destinada a resolver dificuldades. Ele representa o corpo da alma, pois não se
poderia conceber uma alma sem corpo. Esse organismo era conhecido dos antigos
cristãos. São Paulo denominou-o corpo espiritual. Tertuliano diz que a
corporeidade da alma é afirmada nos Evangelhos: Corporalitas animae in ipso Evangelio relucescit, e acrescenta: se
a alma não tivesse um corpo, a imagem da alma não teria a imagem do corpo. (A Vida no Outro Mundo – Cap. VIII –
Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
B. Antes do advento do Espiritismo, sob que nomes o corpo
espiritual era conhecido?
Os estudiosos antigos e modernos deram
ao corpo que envolve a alma nomes diversos, de acordo sempre com o idioma que
usavam: em hindu, Linga-Sharira; em
hebraico, Nephes; em egípcio, Ka ou Bai; em grego, Ochéma.
Pitágoras nomeava-o Eidolon ou carro
sutil da alma; Cudworth (filósofo inglês), mediador plástico; os ocultistas e
teosofistas chamam-no corpo astral. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do
Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
C. Que fenômeno constitui prova evidente da existência do
corpo espiritual?
O fenômeno de bilocação, pelo qual o
corpo espiritual é visto em lugar diferente de onde se encontra o sensitivo,
como se verificou com Santo Antônio de Pádua, que apareceu em Lisboa para
livrar seu pai da forca. Parece claro que, se ainda vivo, o homem pode ser
visto fora do seu corpo, é que a sua personalidade não consiste somente nesse
corpo. Melhor testemunho da existência da alma revestida de seu corpo psíquico,
ou perispírito, não pode existir. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do
Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)
Observação:
Para acessar a Parte 7 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/03/blog-post_11.html
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