Revista
Espírita de 1858
Allan
Kardec
Parte
6
Damos
prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano
de 1858, periódico lançado por Allan Kardec em janeiro de 1858 e por ele
editado de 1858 a março de 1869, quando desencarnou.
O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
Cada
parte do estudo, apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
Onde Pitágoras hauriu a ideia da reencarnação?
B.
As medalhas e certos objetos considerados cabalísticos exercem influência sobre
os Espíritos?
C.
Nos casos de obsessão, pode o agente ser um Espírito elevado?
D.
A influência dos Espíritos sobre nós é constante?
Texto para leitura
154.
Após lembrar que o jornal espírita fala apenas às pessoas de convicções, e não
atrai a atenção dos indiferentes, Kardec pergunta: Que acontecerá quando o
Espiritismo dispuser da poderosa alavanca da grande publicidade? (P. 249)
155.
Kardec entendia que a propagação do Espiritismo apresentaria 4 períodos
distintos: 1) o de curiosidade; 2) o de observação; 3) o de admissão; e 4) o de
influência sobre a ordem social. (P. 250)
156.
Todos sabem que a ideia de reencarnação remonta à mais alta Antiguidade e que
Pitágoras a havia haurido entre os hindus e os egípcios. O mais notável,
contudo, é encontrar desde aquela época o princípio da doutrina da escolha das
provas, ensinada pelos Espíritos. (PP. 251 e 252)
157.
Encontramos essa doutrina em Platão, em sua alegoria do Fuso da Necessidade, em
que ele imagina um diálogo entre Sócrates e Glauco. (P. 252)
158.
A Revista Espírita transcreve a
história do falecido que apareceu a um oficial francês e pediu-lhe sepultasse
seu corpo. Atendido, o Espírito agradeceu-lhe e prometeu reaparecer mais uma
vez, duas horas antes de sua morte, o que efetivamente ocorreu trinta anos
depois. (PP. 258 a 261)
159.
Kardec não autentica o caso, mas considera-o possível. (P. 261)
160.
Ele relata, então, o caso do Sr. Watbled, presidente do tribunal de comércio de
Boulogne, que expirou em 12 de julho de 1858, após ter visto duas vezes
seguidas sua falecida esposa, que anunciou a sua morte para o dia 12, como de
fato aconteceu. (P. 262)
161.
A Revista publica um relato do historiador De Saint-Foy, relacionado com o
massacre da noite de São Bartolomeu, ocorrido em 23 de agosto de 1572: oito
dias após o massacre ouviu-se no ar um barulho horrível de vozes e gemidos
misturados a gritos de raiva e de furor, nas imediações de Louvre. Tudo indica
que o rei Carlos IX ouviu tal barulho, ficou apavorado e não dormiu o resto da
noite. (P. 263)
162.
Kardec noticia e comenta o caso da Sra. Schwabenhaus, que teve morte aparente e
depois acordou, informando ter sido transportada às regiões celestes. Ela
passou, na verdade, por um estado de letargia. (PP. 264 e 265)
163.
Os letárgicos veem e ouvem o que se passa em volta de si e conservam, ao
despertar, a lembrança, diz Kardec. (P. 265)
164.
As medalhas e outros objetos considerados cabalísticos lembram crenças
supersticiosas na virtude de certas coisas, como os números, os planetas e sua
correspondência com os metais. (P. 268)
165.
Quem tenha estudado racionalmente a natureza dos Espíritos, não admitirá que
tais objetos exerçam sobre eles qualquer influência. O mesmo, porém, não se dá
com um objeto magnetizado, pois este tem o poder de provocar o sonambulismo ou
certos fenômenos nervosos. (P. 268)
166.
O episódio do suicídio de Luís A., que namorava a jovem Vitorina R., é
examinado por Kardec. São Luís diz que esse suicídio, como foi provocado pelo
amor, e não por covardia ante a vida, é menos criminoso aos olhos de Deus. (PP.
270 e 271)
167.
Kardec perguntou a Luís se ele amava sinceramente a noiva. "Eu tinha
paixão por ela: parece que é tudo", respondeu o suicida. "Se a
tivesse amado com pureza não teria querido magoá-la." (P. 271)
168.
Num estudo sobre obsessão, Kardec esclarece que a obsessão jamais se dá senão
por Espíritos inferiores. O grau de constrangimento e a natureza dos efeitos
que produz marcam a diferença entre a obsessão, a subjugação e a fascinação.
(P. 277)
169.
Kardec fala sobre a possessão – império exercido pelos maus Espíritos – mas
prefere o vocábulo subjugação. Assim, não há possessos, no sentido vulgar da
palavra; há simplesmente obsidiados, subjugados e fascinados. (N.R.: Em A Gênese Kardec irá modificar essa ideia.)
(P. 278)
170.
A Revista mostra como começou e foi tratada a fascinação do Sr. F., moço
instruído, de educação esmerada e caráter suave. (P. 279)
171.
Kardec o ajudou e conta que o rapaz seguiu o conselho dos Espíritos, de
entregar-se a um trabalho rude, que não lhe deixasse tempo para ouvir as sugestões
más. (P. 283)
172.
Os Espíritos exercem sobre os homens uma influência salutar ou perniciosa; não
é preciso, para isto, ser médium. Não havendo a faculdade, eles agem de mil e
uma maneiras. (P. 284)
173.
A influência dos Espíritos sobre nós é constante, e todos acham-se expostos a
ela, quer acreditem ou não. (P. 285)
174.
Kardec afirma que três quartas partes de nossas ações más e de nossos maus
pensamentos são frutos dessa sugestão oculta. (P. 285)
175.
Não há outro critério, senão o bom senso, para discernir o valor dos Espíritos.
Qualquer fórmula dada para esse fim pelos próprios Espíritos é absurda e não
pode emanar de Espíritos superiores. (P. 286)
176.
Os Espíritos inferiores receiam os que lhes analisam as palavras, desmascaram suas
torpezas e não se deixam prender por seus sofismas. (P. 286)
177.
A Revista transcreve notícia de Estocolmo informando que o Sr. Klugenstiern,
reputado magnetizador europeu, foi chamado ao Castelo de Drottningholm para
aplicar no Rei Oscar um tratamento magnético. (P. 287)
178.
Kardec comenta a notícia para mostrar o respeito adquirido pelo magnetismo, e
afirma que Espiritismo e magnetismo se ligam por laços íntimos, como ciências
solidárias. (P. 288)
179.
Aliás, lembra Kardec, os Espíritos sempre preconizaram o magnetismo, quer como
meio de cura, quer como causa primeira de uma porção de coisas. (P. 288)
180.
A Revista dá conta de que a Igreja, conforme livro publicado em 1853 pelo abade
Marotte, também reconhecia o valor do magnetismo. No seu livro, Marotte conceitua
o magnetismo e fala sobre seus efeitos. (P. 289)
181.
Um curioso caso de fisiologia é tratado por São Luís: um médico esqueceu no
estacionamento uma garrafa de rum; não a encontrando, declarou ao chefe do
estacionamento que se tratava de uma garrafa contendo veneno muito violento e
que tivessem o maior cuidado em não usá-lo. Resultado: três cocheiros ao
beberem o rum pareciam ter sido intoxicados. (P. 291)
Respostas às
questões propostas
A. Onde Pitágoras
hauriu a ideia da reencarnação?
A
ideia da reencarnação remonta à mais alta Antiguidade e Pitágoras a hauriu
entre os hindus e os egípcios. Ao dar esta informação, Kardec afirma que o mais
notável é encontrar desde aquela época o princípio da doutrina da escolha das
provas, ensinada pelos Espíritos. Encontramos essa doutrina em Platão, em sua
alegoria do Fuso da Necessidade, na qual ele imagina um diálogo entre Sócrates
e Glauco. (Revista Espírita de 1858,
pp. 251 e 252.)
B. As medalhas e
certos objetos considerados cabalísticos exercem influência sobre os Espíritos?
Não.
Quem tenha estudado racionalmente a natureza dos Espíritos não admitirá que
tais objetos exerçam sobre eles qualquer influência. O mesmo, porém, não se dá
com um objeto magnetizado, pois este tem o poder de provocar o sonambulismo ou
certos fenômenos nervosos. (Obra citada, p. 268.)
C. Nos casos de
obsessão, pode o agente ser um Espírito elevado?
Não.
Segundo Kardec, a obsessão é produzida sempre por Espíritos inferiores. E é o
grau de constrangimento e a natureza dos efeitos por ela produzidos que marcam
a diferença entre a obsessão, a subjugação e a fascinação. (Obra citada, p.
277.)
D. A influência dos
Espíritos sobre nós é constante?
Sim.
A influência dos Espíritos sobre nós é constante, e todos acham-se expostos a
ela, quer acreditem ou não. Os Espíritos exercem sobre os homens uma influência
salutar ou perniciosa; não é preciso, para isto, ser médium. Não havendo a
faculdade, eles agem de mil e uma maneiras. Kardec afirma que três quartas
partes de nossas ações más e de nossos maus pensamentos são frutos dessa
sugestão oculta. (Obra citada, pp. 284 e 285.)
Observação:
Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/03/blog-post_09.html
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