quarta-feira, 24 de abril de 2024

 



Revista Espírita de 1865

 

Allan Kardec

 

Parte 7

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Em quantas categorias, em face das ideias espíritas, Kardec dividia o público de sua época?

B. As lágrimas dos pais, devido à desencarnação de um filho, são vistas de que modo pelos desencarnados?

C. A afinidade fluídica interfere na maior ou menor facilidade das comunicações?

 

Texto para leitura

 

71. A primeira utilidade da lei da destruição, utilidade puramente física, é na verdade esta: os corpos orgânicos não se mantêm senão à custa de matérias orgânicas, as únicas que contêm os elementos nutritivos necessários à sua transformação e manutenção. Eis por que os seres se nutrem uns dos outros, sem com isso aniquilar ou alterar o Espírito, que fica apenas despojado do seu invólucro. (Pág. 96.)

72. Além disso, afirma Kardec, há considerações morais de ordem mais elevada. A luta é necessária ao desenvolvimento do Espírito, porque é na luta que ele exercita suas faculdades. Aquele que ataca para ter o alimento e o que se defende para conservar a vida desenvolvem nesse esforço suas forças intelectuais. Um dos dois sucumbe. Mas o que foi que, na realidade, o mais forte ou o mais apto tirou do mais fraco? Apenas sua vestimenta corporal e nada mais; o Espírito, que jamais morre, mais tarde retoma outro. (Pág. 96.)

73. Como a mais imperiosa das necessidades materiais é a da alimentação, os seres inferiores da criação lutam para viver. O senso moral neles inexiste; sua luta tem, pois, por móvel unicamente a satisfação de uma necessidade. É nesse período que a alma se elabora e se ensaia para a vida. Mais tarde, ao atingir o grau de maturidade necessário à sua transformação, ela receberá de Deus novas faculdades: o livre-arbítrio e o senso moral, que darão um novo curso às suas ideias, mas isso só se dá gradativamente. Nas primeiras idades domina o instinto animal; depois o instinto animal e o sentimento moral se contrabalançam; o homem luta então, não mais para se alimentar, mas para satisfazer sua ambição, seu orgulho e a necessidade de dominar. (Págs. 96 e 97.)

74. Com o passar dos tempos, à medida que o senso moral ganha peso, a luta continua necessária ao desenvolvimento do Espírito, mas – de sangrenta e brutal que era – torna-se puramente intelectual e o homem passa a lutar contra as dificuldades da vida, não mais contra os seus semelhantes. (Pág. 97.)

75. Um leitor da Revista comunicou à direção dela um fato ocorrido em Montauban que impressionou a população: um pregador protestante, Sr. Rewile, capelão do rei da Holanda, num discurso pronunciado perante duas mil pessoas, afirmou-se claramente partidário das ideias novas difundidas pelo Espiritismo. Segundo a mesma fonte, o Sr. Rewile abordou com sucesso a questão das manifestações espíritas, em duas conferências dirigidas para alunos de uma Faculdade. (Págs. 97 a 99.)

76. Reportando-se a um artigo publicado a 5/3/1865 no Journal de Saint-Jean D’Angély, escrito pelo dr. A. Chaigneau, renomado médico da região, Kardec diz que o jornal que o publicou não é ligado ao Espiritismo e, com certeza, um ano antes não teria acolhido referida matéria, que desenvolve os princípios da doutrina. Ele conclui, portanto, que o fato – tal como se verificou em Montauban – estava a indicar uma melhor aceitação das ideias espíritas pela sociedade da época e uma ampliação do número dos seus partidários. (Págs. 99 a 102.)

77. Do ponto de vista da ideia espírita, acrescentou Kardec, o público se divide em três categorias: os partidários, os indiferentes e os antagonistas. As duas primeiras constituem a imensa maioria. Como os indiferentes ficam satisfeitos por encontrar numa discussão imparcial os meios de esclarecer aquilo que ignoram, os jornais nada têm a perder divulgando artigos simpáticos à doutrina, porque os partidários e os indiferentes são bastante numerosos para compensar as defecções que pudessem experimentar, se é que as experimentassem. (Pág. 102.)

78. Um assinante da Revista dirigiu uma carta a um irmão querido que havia falecido, pedindo-lhe que enviasse sua resposta por meio de um médium. O falecido atendeu ao pedido, respondendo às perguntas que o irmão, a pedido de seus pais, consignara na correspondência. (Págs. 103 a 105.)

79. Eis resumidamente o que o Espírito transmitiu à família: A) Por vezes é muito difícil aos Espíritos transmitir o pensamento através de certos médiuns pouco aptos a receber claramente, em seu cérebro, a impressão fotográfica dos pensamentos do comunicante. B) Os pais deveriam cessar o choro, porque as lágrimas servem para enervar e desencorajar as almas. Ele partira primeiro, mas em breve todos se encontrariam na vida espiritual. C) Sua morte, que tanto os afligia, constituíra, no entanto, o fim do cativeiro em que sua alma vivia na Terra. (Págs. 105 e 106.)

80. Vários ensinamentos ressaltam da comunicação precedente. O primeiro é a dificuldade experimentada pelo Espírito para se exprimir mediunicamente. É que a facilidade das comunicações depende do grau de afinidade fluídica existente entre o Espírito e o médium. Sem a harmonia entre um e outro, a única que pode levar à assimilação fluídica, tão necessária na tiptologia quanto na escrita, as comunicações são incompletas, impossíveis ou falsas. (Págs. 106 e 107.)

81. Constitui um erro, pois, impor um médium ao Espírito que se quer evocar. Cabe a ele escolher o instrumento. Se na reunião só houver um médium, existe um meio de atenuar a dificuldade: evocar o guia espiritual do médium e perguntar se a evocação de determinado Espírito é possível. Se houver incompatibilidade entre Espírito e médium, o comunicante pode transmitir seu pensamento por meio do guia do médium ou aceitar a sua assistência. Nesse caso, seu pensamento chegará de segunda mão. Vê-se, só por esse fato, quanto importa que o médium seja bem assistido, porque, se ele for dominado por um obsessor, um indivíduo ignorante ou orgulho, a comunicação será alterada. (Págs. 107 e 108.)

82. Em uma reunião realizada em Montauban, a Sra. G... – médium vidente e sonâmbula muito lúcida – viu quando um Espírito se curvou sobre sua perna e operou nela fricções e massagens sobre a região que, devido a uma entorse, doía muito. A operação foi muito dolorosa, mas ao cabo de dez minutos a entorse desapareceu, a inflamação se extinguira e o pé readquirira sua aparência normal. (Págs. 109 a 111.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Em quantas categorias, em face das ideias espíritas, Kardec dividia o público de sua época?

Ele o dividia em três categorias: os partidários, os indiferentes e os antagonistas. As duas primeiras categorias constituíam a imensa maioria. Como os indiferentes ficam satisfeitos por encontrar numa discussão imparcial os meios de esclarecer aquilo que ignoram, os jornais nada têm a perder divulgando artigos simpáticos à doutrina, porque os partidários e os indiferentes são bastante numerosos para compensar as defecções que pudessem experimentar, se é que as experimentassem. (Revista Espírita de 1865, pág. 102.)

B. As lágrimas dos pais, devido à desencarnação de um filho, são vistas de que modo pelos desencarnados?

Cada caso é um caso, mas a Revista publicou a mensagem de um Espírito que disse que seus pais deveriam cessar o choro, porque as lágrimas servem para enervar e desencorajar as almas. E acrescentou que ele partira primeiro, mas em breve todos se encontrariam na vida espiritual. Sua morte, que tanto os afligia, constituíra para ele o fim do cativeiro em que sua alma vivia na Terra. (Obra citada, pp. 103 a 106.) 

C. A afinidade fluídica interfere na maior ou menor facilidade das comunicações?

Sim. Diz Kardec que a facilidade das comunicações depende do grau de afinidade fluídica existente entre o Espírito e o médium. Sem a harmonia entre um e outro, a única que pode levar à assimilação fluídica, tão necessária na tiptologia quanto na escrita, as comunicações são incompletas, impossíveis ou falsas. (Obra citada, pp. 106 e 107.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/04/revista-espirita-de-1865-allan-kardec.html

 

 

 

 

 

 

 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como este Blog funciona, clicando em Século XXI

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário