quinta-feira, 4 de julho de 2024

 




CINCO-MARIAS

 

Brincar sozinho é um experimento saudável na infância

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com



Me responda você

Que parece um sabichão

Se lagarta vira borboleta

Por que trem não vira avião?

José Paulo Paes

 

Meninazinha, gostava de brincar só. Apesar de ter irmãos, muitas vezes era divertido arriscar a imaginação no jardim e inventar brincadeiras, explorar o mundo de modo solitário...

Insisto com os pais, especialmente aqueles que se inclinam à superproteção: durante a infância, se as crianças brincam sozinhas, naturalmente contando com a presença atenta e tranquila de um adulto, elas testam brincadeiras, inventam histórias, imaginam e expressam sentimentos importantes para o seu desenvolvimento saudável.

É razoável entender que as crianças não precisam de convivência com outras crianças o tempo todo. Brincar sozinho também é uma vivência relevante na infância, pois isso ensina sobre autoconfiança, autoestima, segurança, inaugurando os preparativos para uma vida futura autônoma.

Obviamente, “estar sozinho” significa simplesmente gostar de estar consigo mesmo e aproveitar certos momentos de solidão para brincar e com isso se conhecer e desfrutar da própria companhia, ativando a imaginação para criar cenários, brincadeiras e personagens… Quantas vezes brinquei com o meu brinquedo favorito sozinha no quintal, andei de bicicleta ou reli meus livros prediletos?

Muitas vezes, e por falta de hábito, as crianças se sentem um pouco inseguras para brincarem sozinhas. O que os pais podem fazer? Explicar à criança sobre ideias ou brinquedos para brincar sozinha. Dizer palavras de afirmação para encorajá-la e, quando a brincadeira terminar, não esquecer de perguntar como ela se sentiu no momento de brincadeira.

De outro lado, alguns pais podem também sentir-se desconfortáveis em deixar a criança brincando sozinha. No entanto, aos poucos eles perceberão que esse exercício lúdico solitário contribui com o desenvolvimento saudável do ser humano…

 

Notinha

 

Algumas brincadeiras para seu filho brincar sozinho: brincar de arqueólogo; jogo de montar; carimbo de objetos; casinha; baú de fantasias; amarelinha; desenhar; pintar; oficina de brinquedos recicláveis...


*

 

Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 

 


 

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quarta-feira, 3 de julho de 2024

 



Revista Espírita de 1865

 

Allan Kardec

 

Parte 17

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Qual é o objetivo dos trabalhos de cura espiritual?

B. Os animais também podem ver os Espíritos?

C. Qual defeito é mais difícil de erradicar?

 

Texto para leitura

 

195. A Revista relata outro caso de cura em que o agente foi o Espírito do Dr. Demeure. O paciente foi a Sra. Maurel, médium de Montauban, a qual, após cair, fraturou o antebraço, um pouco abaixo do cotovelo. Os pais dela iam procurar o primeiro médico que aparecesse quando ela, retendo-os, tomou de um lápis e escreveu mediunicamente, com a mão esquerda: “Não procureis um médico; eu me encarrego disto. Demeure.” A Revista descreve os procedimentos adotados pelo Dr. Demeure. (Págs. 255 a 258.)

196. Ao comentar o episódio, Kardec fala sobre o objetivo dos trabalhos de cura espiritual. Os médicos desencarnados, diz ele, não vêm fazer concorrência aos médicos vivos, nem têm por fim suplantá-los, mas seu objetivo é provar que não morreram e oferecer seu concurso desinteressado aos que quiserem aceitá-lo. “Os Espíritos – acrescenta o Codificador – vêm ajudar o desenvolvimento da ciência humana, e não suprimi-la.” (Págs. 258 a 260.)

197. A propósito de um estudo feito pelo Dr. H. Bouley sobre a evolução da raiva nos cães, que experimentam, nas intermitências dos acessos, uma espécie de delírio, a Revista examina o fenômeno das visões de seres desencarnados que ocorre com as criancinhas e com certos animais, sobretudo o cão e o cavalo. No tocante às crianças – diz o artigo –, a vidência mediúnica parece ser frequente e mesmo geral. (Págs. 260 a 264.)

198. Relativamente à vidência nos animais, Moki (Espírito) responde afirmativamente: “Sim: o cão e o cavalo veem ou sentem os Espíritos”. “Os fatos de visões nos animais se encontram na antiguidade e na Idade Média, assim como em nossos dias.” (Págs. 265 e 266.)

199. A Revista transcreve carta publicada no Grand Journal de 18 de junho de 1865, em que o missivista, de nome Bertelius, tenta explicar, apoiando-se exclusivamente no fenômeno do sonambulismo, o sonho e os fatos ocorridos com o Sr. Bach. Repelindo a tese da intervenção dos Espíritos, Bertelius entende que a causa dos aludidos fatos se encontra na ação exclusiva da alma encarnada, agindo independentemente dos órgãos materiais, como se dá no sonambulismo. (Págs. 266 a 271.)

200. Em breve comentário da tese exposta por Bertelius, Kardec observa que se produzia naquele momento, entre os negadores do Espiritismo, uma espécie de reação, ou melhor, formava-se uma terceira opinião: a tese do sonambulismo, para explicar os fatos espíritas. O Sr. Bertelius, como se vê, era partidário dessas ideias. (Págs. 266 e 267.)

201. Que ocorre ao egoísta na vida post-mortem? “A cada um segundo as suas obras”, disse Jesus. Citando essa frase, um Espírito protetor disse a um correspondente da Revista, em Lyon, que ninguém pode escapar às consequências dos defeitos que possua. “Uma qualidade não resgata um defeito; diminui o número destes e, por conseguinte, a soma das punições.” (Págs. 271 a 273.)

202. Na mesma mensagem, o instrutor desencarnado assevera que o defeito mais difícil de ser erradicado é o egoísmo, porque o egoísta encontra em si mesmo a sua satisfação, razão pela qual dele não se apercebe. “O egoísmo – acrescenta a mensagem – é sempre uma prova de secura de coração; estiola a sensibilidade para os sofrimentos alheios.” É por isso que do egoísta não se deve esperar senão a ingratidão, porquanto, se o reconhecimento verbal nada lhe custa, o reconhecimento em ação o fatigaria e perturbaria o seu repouso. (Pág. 273.)

203. Na seção de livros, a Revista comunica o lançamento do livro O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo, de Kardec, do qual apresenta um resumo do prefácio. (Págs. 274 a 277.)

204. No prefácio citado, Kardec diz que O Livro dos Espíritos contém as bases fundamentais do Espiritismo; é ele a pedra angular do edifício e todos os princípios da doutrina são aí apresentados. Era, porém, necessário dar-lhe os desenvolvimentos, deduzir-lhe as consequências e as aplicações. (Págs. 274 e 275.)

205. Referindo-se à segunda parte de O Céu e o Inferno, Kardec informa que ela encerra numerosos exemplos que serviram de estabelecimento da teoria ali exposta, exemplos que tiram sua autoridade na diversidade dos tempos e lugares onde foram obtidos, porque se emanassem de uma única fonte poderiam ser considerados produto de uma mesma influência. (Pág. 276.)

206. A Revista noticia, em seguida, a obra intitulada Palestras Familiares sobre o Espiritismo, obra de Émilie Collignon, de Bordeaux, que traz uma exposição completa, posto que sumária, dos verdadeiros princípios da doutrina, em linguagem familiar, ao alcance de todos e sob uma forma atraente. Kardec recomenda sua leitura. (Págs. 277 e 278.)

207. O número de outubro de 1865 se inicia com novo artigo de Kardec sobre o vidente da floresta de Zimmerwald, um camponês do cantão de Berne, que possuía a faculdade de ver num copo as coisas distantes. Um ano antes a Revista havia tratado do assunto, quando Kardec expôs a teoria dos objetos vulgarmente designados espelhos mágicos, a que ele preferiu chamar espelhos psíquicos.  (Pág. 279.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Qual é o objetivo dos trabalhos de cura espiritual?

Kardec tratou do assunto ao comentar a cura da Sra. Maurel por ação do Espírito do Dr. Demeure, cujos procedimentos foram relatados pela Revista. Os médicos desencarnados, diz o Codificador, não vêm fazer concorrência aos médicos encarnados, nem têm por fim suplantá-los. Seu objetivo é provar que não morreram e oferecer seu concurso desinteressado aos que quiserem aceitá-lo. “Os Espíritos – acrescenta o Codificador – vêm ajudar o desenvolvimento da ciência humana, e não suprimi-la.” (Revista Espírita de 1865, pp. 255 a 260.)

B. Os animais também podem ver os Espíritos?

Sim. Segundo Moki (Espírito), o cão e o cavalo veem ou sentem os Espíritos. “Os fatos de visões nos animais se encontram na antiguidade e na Idade Média, assim como em nossos dias.” (Obra citada, pp. 264 a 266.)

C. Qual defeito é mais difícil de erradicar?

É o egoísmo, um defeito difícil de ser erradicado porque o egoísta encontra em si mesmo a sua satisfação, razão pela qual dele não se apercebe. O egoísmo é sempre uma prova de secura do coração, que estiola a sensibilidade para os sofrimentos alheios. É por isso que do egoísta não se deve esperar senão a ingratidão, visto que, se o reconhecimento verbal nada lhe custa, o reconhecimento em ação o fatigaria e perturbaria o seu repouso. (Pág. 273.) (Obra citada, pp. 272 e 273.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 16 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/06/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0966807364.html

 

 

 

 

 

 

 

 

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terça-feira, 2 de julho de 2024

 




O pensamento também cria os caminhos na vida

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

A grande ou sonhada mudança ocorre a partir da modificação do pensamento, pois este gera os sentimentos e cria os acontecimentos positivos ou não. Palavras são decisivas quando munidas de sentimento também construído pelo pensamento, ou seja, a energia do pensar é o que muito determina a maneira de viver.

Querer melhorar-se mantendo o mesmo pensamento, sem dúvida, é apenas gasto de energia sem nenhuma conquista. No andamento da vida, com muita nitidez, podemos perceber se estamos num curso produtivo ou infeliz; se os nossos dias são mais leves ou não; se sorrisos são mais presentes; se pela manhã, a gratidão já nos invade; se as simples coisas nos tocam. Dependendo de nossa constatação, podemos identificar se precisamos urgentemente mudar os pensamentos ou apenas readequá-los, e essa atitude só pode ser realizada por cada um, entretanto quando a vida em observação contínua não verifica nenhuma tomada de decisão por nossa parte, naturalmente, tomará o controle para o nosso próprio bem. A vida é sábia demais.

Podemos aprimorar-nos sempre, e isso depende de nossa vontade. Há quem pense que seja melhor continuar como está, pois como já se acomodou com o próprio padrão estéril e não há muito esforço, uma cotada escolha é manter a permanência. Porém como viver é dádiva e cada existência é presente divino, o mais sensato, sem dúvida, é a valorização da nobreza da vida.

Se pensarmos mais com o entendimento espiritual, tudo fica tão claro e a mudança torna-se causa necessária; no entanto a compreensão humana dificulta essa transformação, já que é sempre vista como algo difícil e trabalhoso, ou melhor, infelizmente, por muitos, como perda de tempo, porque a vida aqui e agora é para simplesmente ser aproveitada quanta ilusão!   

O discernimento entre ser espírito e estar terreno deveria ser um legado decisivo para cada um de nós. E a compreensão do livre-arbítrio deveria também ser presente em cada coração, porém muitos ainda não se interessam em compreendê-lo, pois a responsabilidade individual ficaria evidente, ou seja, aceitar que somos os nossos definitivos responsáveis leva-nos, com certa facilidade, ao recuo e à procrastinação do que necessitamos fazer. 

Somos os nossos responsáveis e por isso os nossos pensamentos coordenam a nossa vida. Então, se estamos vivendo mais ditosamente, os nossos pensamentos estão mais harmoniosos; no entanto se nos encontramos mais aborrecidos, desafortunados, os pensamentos estão desfavoráveis e necessitam de nova direção. Não há segredo.

Como o pensamento estiver, assim, também, estará o coração.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 


 


 

 

 

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segunda-feira, 1 de julho de 2024

 




Mediunidade e Jesus

 

Eurípedes Barsanulfo

 

Quem hoje ironiza a mediunidade, em nome do Cristo, esquece-se, naturalmente, de que Jesus foi quem mais a honrou neste mundo, erguendo-a ao mais alto nível de aprimoramento e revelação, para alicerçar a sua eterna doutrina entre os homens.

É assim que começa o apostolado divino, santificando-lhe os valores na clariaudiência e na clarividência, entre Maria e Isabel, José e Zacarias, Ana e Simeão, no estabelecimento da Boa Nova.

E segue adiante, enaltecendo-a na inspiração dos doutores do Templo; exaltando-a nos fenômenos de efeitos físicos, ao transformar a água em vinho, nas bodas de Caná; sublimando-a, nas atividades da cura, ao transmitir passes de socorro aos cegos e paralíticos, desalentados e aflitos, reconstituindo-lhes a saúde; ilustrando-a na levitação, quando caminha sobre as águas; dignificando-a nas tarefas de desobsessão, ao instruir e consolar os desencarnados sofredores ligados aos alienados mentais que lhe surgem à frente; glorificando-a na materialização, em se transfigurando ao lado de Espíritos Radiantes, no cimo do Tabor, e elevando-a sempre no magnetismo sublimado, ao aliviar os enfermos com a simples presença, ao revitalizar corpos cadaverizados, ao multiplicar pães e peixes para a turba faminta ou ao apaziguar as forças da Natureza.

E, confirmando o intercâmbio entre os vivos da Terra e os vivos da Eternidade, reaparece Ele mesmo, ante os discípulos espantados, traçando planos de redenção que culminam no dia de Pentecostes – o momento inesquecível do Evangelho –, quando os seus mensageiros convertem os Apóstolos em médiuns falantes na praça pública, para esclarecimento do povo necessitado de luz.

Como é fácil de observar, a mediunidade, como recurso espiritual de sintonia, não é a Doutrina Espírita, que expressa atualmente o Cristianismo Redivivo, mas, sempre enobrecida pela honestidade e pela fé, pela educação e pela virtude, é o veículo respeitável da convicção na sobrevivência.

Assim, pois, não nos agastemos contra aqueles que a perseguem, através do achincalhe – tristes negadores da realidade cristã, ainda mesmo quando se escondam sob os veneráveis distintivos da autoridade humana – porquanto os talentos medianímicos estiveram incessantemente nas mãos de Jesus, o nosso Divino Mestre, que deve ser considerado, por todos nós, como sendo o Excelso Médium de Deus.

 

Do livro Através do Tempo, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

 



 

 

 

 

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