domingo, 4 de agosto de 2024

 



Como explicar a existência de hospitais, casas e objetos diversos nas cidades espirituais?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

A notícia referente às construções espirituais está presente não só na obra de André Luiz, psicografada pelo médium Chico Xavier, mas igualmente em autores respeitados, como Arthur Conan Doyle, Ernesto Bozzano, Cairbar Schutel e Manoel Philomeno de Miranda.

Em todos eles é destacada, com clareza, a influência do pensamento sobre a matéria peculiar às chamadas cidades ou colônias espirituais e seu papel na edificação das habitações espirituais e dos objetos utilizados pelos Espíritos.

Vejamos algumas citações do livro A Crise da Morte, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Ernesto Bozzano:

1. O Espírito de Jim Nolan disse que, ao entrar no mundo espiritual, parecia-lhe caminhar sobre um terreno sólido, quando encontrou sua avó, que o levou para longe dali, para sua morada. A morada da avó, onde ele repousou e dormiu naquela noite, tinha o aspecto de uma casa. “No mundo dos Espíritos – explicou –, há a força do pensamento, por meio do qual se podem criar todas as comodidades desejáveis...” (Obra citada, p. 32.)

2. Pensando na forma humana, o Espírito se veria de novo em forma humana; pensando em estar vestido, achar-se-ia coberto de roupas que, sendo tão etéreas como o seu próprio corpo, lhe pareceriam tão substanciais como as vestes terrenas. É assim que ele encontra, no mundo espiritual, um meio e uma morada correspondentes a seus hábitos terrestres, morada que lhe preparariam seus familiares, tornados antes dele à vida espiritual. (Obra citada, p. 36.)

3. Felicia Scatcherd (Espírito) revelou ter sido conduzida a uma maravilhosa morada que os próprios Espíritos haviam criado pela força do pensamento. (Obra citada, pp. 117 a 121.)

4. A mensagem do citado Espírito trouxe notícias sobre as habitações existentes no mundo espiritual, construídas por Espíritos que se especializaram em modelar, pelo pensamento, a matéria espiritual. (Obra citada, pp. 137 a 143.)

5. A respeito do poder do pensamento no meio espiritual, a entidade trouxe uma informação adicional: para criar os objetos de que necessita não basta pensar na “coisa” desejada; é preciso uma concentração firme do pensamento sobre esse objeto, pensando em todos os seus detalhes. É por isso que, exercitando-se nas criações do pensamento, os Espíritos chegam a pensar com uma nitidez cada vez maior e a concentrar a vontade com uma eficácia sempre mais intensa. Não sendo assim, formar-se-á tão somente um esboço mais ou menos confuso e informe do objeto desejado. (Obra citada, p. 157.)

Como entender tais descrições?

O assunto não escapou, evidentemente, à obra de Allan Kardec, conforme podemos ver nas citações seguintes:

1. Todas as substâncias, conhecidas e desconhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam, quer do ponto de vista da constituição íntima, quer pelo prisma de suas ações recíprocas, são apenas modos diversos sob que a matéria se apresenta, variedades em que ela se transforma sob a direção das forças inumeráveis que a governam. Não há, em todo o Universo, senão uma única substância primitiva: o cosmo, ou matéria cósmica dos uranógrafos. (A Gênese, cap. VI, itens 3, 4 e 7.)

2. O fluido cósmico universal é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, os chamados fenômenos materiais, são da alçada da Ciência propriamente dita, os outros, qualificados de fenômenos psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo. (A Gênese, cap. XIV, item 2.)

3. O estado no qual o fluido universal se apresenta em sua maior simplicidade é o que se encontra no ambiente dos Espíritos puros. Na Terra, ele está mais ou menos modificado para formar a matéria compacta que nos cerca. (O Livro dos Médiuns, item 74, pergunta no 5.)

4. Os Espíritos fazem a matéria etérea passar pelas transformações que queiram; portanto, eles podem formar os objetos – vestuários, joias, caixas de rapé etc. – que desejem, por ato de sua vontade e, do mesmo modo que os fazem, podem desfazê-los. (L.M., item 128, pergunta 6.)

5. A teoria espírita acerca do laboratório do mundo invisível pode-se resumir assim:

a) o Espírito atua sobre a matéria;

b) da matéria cósmica universal tira os elementos de que necessite para formar objetos que tenham a aparência dos diversos corpos existentes na Terra;

c) pela ação de sua vontade, pode operar na matéria elementar uma transformação íntima, que lhe confira determinadas propriedades;

d) essa faculdade é inerente à natureza do Espírito, que muitas vezes a exerce de modo instintivo, sem disso se aperceber;

e) os objetos que o Espírito forma têm existência temporária, subordinada à sua vontade ou a uma necessidade que ele experimenta;

f) ele pode fazê-los e desfazê-los livremente;

g) em certos casos, esses objetos podem apresentar, aos olhos das pessoas vivas, todas as aparências da realidade, isto é, tornar-se visíveis e até mesmo tangíveis;

h) trata-se, porém, de formação, não criação, porque do nada o Espírito nada pode tirar. (L.M., item 129.)

Cremos que, com base nos dados acima, é possível a todos nós sanarmos as dúvidas que porventura tenhamos acerca do tema, de modo que, quando desencarnamos, não venhamos a estranhar as habitações em que vivem nossos amigos e familiares ora radicados no plano espiritual.

 

 

 

 

 

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