domingo, 24 de agosto de 2025

 





Jamais se encontrou na Terra o paraíso de que Adão e Eva foram expulsos

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Sim, o paraíso mencionado nos registros bíblicos sobre Adão e Eva jamais foi encontrado. Como, então, o Espiritismo analisa o episódio que, segundo a Bíblia, teria causado a expulsão de Adão e Eva e a punição de todos os seus descendentes?

Em sua última obra – A Gênese, cap. XII – Allan Kardec analisou essa questão, que é, sem dúvida, em face de suas consequências, muito importante para os seguidores do Cristianismo. O que veremos nestas explicações é baseado, em linhas gerais, no texto escrito pelo Codificador do Espiritismo.

Em primeiro lugar, registre-se que nem o crime cometido por Caim foi tratado tão severamente pelo Criador, o que dá ao episódio da expulsão uma gravidade bem maior, que nenhum teólogo até hoje foi capaz de explicar, porquanto, apegados à letra, os estudiosos da Bíblia têm girado dentro de um mesmo círculo vicioso.

Segundo os ensinos trazidos pelo Espiritismo, sabe-se hoje que a falta de Adão e Eva não foi um ato isolado e pessoal de um indivíduo, mas, sim, exprime alegoricamente o conjunto das prevaricações de que a Humanidade da Terra, ainda imperfeita, pode tornar-se culpada, as quais se resumem nisto: infração da lei de Deus. A falta de Adão – simbolizando este a Humanidade inteira – tem, assim, por símbolo, um ato de desobediência.

Ressalte-se, contudo, que se as almas de Adão e Eva tivessem vindo do nada, como imagina a teologia católica, haviam eles de ser bisonhos em todas as coisas e, portanto, ignorariam, por exemplo, o que é morte, porque jamais haviam assistido à morte de uma pessoa, e não entenderiam o que significava “parir com dor”, visto que, tendo acabado de surgir para a vida, Eva jamais tivera filhos.

O que, porém, constitui para a teologia um beco sem saída o Espiritismo explica sem dificuldade, e de maneira racional, considerando-se a anterioridade da alma e a pluralidade das existências, lei sem a qual tudo é mistério e anomalia na vida do homem. 

Admitamos, então, que Adão e Eva já tivessem vivido neste ou noutro planeta e tudo se justifica. Deus não lhes fala como a crianças, mas como a seres em estado de o compreender e que, de fato, o compreendem, prova de que ambos traziam aquisições anteriormente realizadas. Oportuno lembrar que, segundo a Bíblia, Abel e Caim tinham habilidades especiais, tanto que, ao sair do convívio dos pais, Caim casou-se e construiu uma cidade, em homenagem ao seu primeiro filho.

Consideremos, ainda, que hajam Adão e Eva vivido em um mundo mais adiantado e menos material que o nosso, onde o trabalho do Espírito substituía o do corpo; que, por se haverem rebelado contra a lei de Deus, figurada na desobediência, tenham sido afastados de lá e exilados, por punição, para a Terra, onde o homem, pela natureza do globo, é constrangido a um trabalho corporal, e reconheceremos que a Deus assistia razão para lhes dizer: «No mundo onde, daqui em diante, ides viver, cultivareis a terra e dela tirareis o alimento com o suor da vossa fronte», e a Eva, companheira de Adão: «Parirás com dor», porque tal é a condição do mundo em que eles teriam de viver.

O paraíso terrestre, cujos vestígios têm sido inutilmente procurados na Terra, era, por conseguinte, a figura do mundo ditoso, onde vivera Adão ou, melhor dizendo, o grupo de Espíritos que ele personifica.

A expulsão do paraíso marca o momento em que esses Espíritos vieram reencarnar entre os habitantes do mundo terráqueo, um fato que anos depois seria explicado, em minúcias, por Emmanuel no cap. III da obra A Caminho da Luz, psicografada pelo médium Chico Xavier:

 

“Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos.

As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização.

Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.

As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberaram, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.”

 

As habilidades de Caim e Abel, que teriam vivido em pleno Período Neolítico em nosso mundo, não constituem, portanto, um fato extraordinário, visto que traziam no subconsciente, como Espíritos imortais que eles e nós somos, aptidão para realização de coisas que já haviam aprendido e desenvolvido em existências anteriores.

 

Nota do Autor:

Para ler o texto publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/08/que-dizer-aos-que-baseando-se-na-biblia.html

 

 

 

 

 

 

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