Jamais se encontrou na
Terra o paraíso de que Adão e Eva foram expulsos
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Sim, o paraíso mencionado nos registros bíblicos sobre Adão
e Eva jamais foi encontrado. Como, então, o Espiritismo analisa o episódio que,
segundo a Bíblia, teria causado a expulsão de Adão e Eva e a punição de todos
os seus descendentes?
Em sua última obra – A Gênese, cap. XII – Allan
Kardec analisou essa questão, que é, sem dúvida, em face de suas consequências,
muito importante para os seguidores do Cristianismo. O que veremos nestas
explicações é baseado, em linhas gerais, no texto escrito pelo Codificador do
Espiritismo.
Em primeiro lugar, registre-se que nem o crime cometido
por Caim foi tratado tão severamente pelo Criador, o que dá ao episódio da
expulsão uma gravidade bem maior, que nenhum teólogo até hoje foi capaz de
explicar, porquanto, apegados à letra, os estudiosos da Bíblia têm girado
dentro de um mesmo círculo vicioso.
Segundo os ensinos trazidos pelo Espiritismo, sabe-se hoje
que a falta de Adão e Eva não foi um ato isolado e pessoal de um indivíduo,
mas, sim, exprime alegoricamente o conjunto das prevaricações de que a
Humanidade da Terra, ainda imperfeita, pode tornar-se culpada, as quais se
resumem nisto: infração da lei de Deus. A falta de Adão – simbolizando este a
Humanidade inteira – tem, assim, por símbolo, um ato de desobediência.
Ressalte-se, contudo, que se as almas de Adão e Eva
tivessem vindo do nada, como imagina a teologia católica, haviam eles de ser
bisonhos em todas as coisas e, portanto, ignorariam, por exemplo, o que é morte,
porque jamais haviam assistido à morte de uma pessoa, e não entenderiam o que
significava “parir com dor”, visto que, tendo acabado de surgir para a vida,
Eva jamais tivera filhos.
O que, porém, constitui para a teologia um beco sem saída
o Espiritismo explica sem dificuldade, e de maneira racional, considerando-se a
anterioridade da alma e a pluralidade das existências, lei sem a qual tudo é
mistério e anomalia na vida do homem.
Admitamos, então, que Adão e Eva já tivessem vivido neste
ou noutro planeta e tudo se justifica. Deus não lhes fala como a crianças, mas
como a seres em estado de o compreender e que, de fato, o compreendem, prova de
que ambos traziam aquisições anteriormente realizadas. Oportuno lembrar que,
segundo a Bíblia, Abel e Caim tinham habilidades especiais, tanto que, ao sair
do convívio dos pais, Caim casou-se e construiu uma cidade, em homenagem ao seu
primeiro filho.
Consideremos, ainda, que hajam Adão e Eva vivido em um
mundo mais adiantado e menos material que o nosso, onde o trabalho do Espírito
substituía o do corpo; que, por se haverem rebelado contra a lei de Deus, figurada
na desobediência, tenham sido afastados de lá e exilados, por punição, para a
Terra, onde o homem, pela natureza do globo, é constrangido a um trabalho
corporal, e reconheceremos que a Deus assistia razão para lhes dizer: «No mundo
onde, daqui em diante, ides viver, cultivareis a terra e dela tirareis o
alimento com o suor da vossa fronte», e a Eva, companheira de Adão: «Parirás
com dor», porque tal é a condição do mundo em que eles teriam de viver.
O paraíso terrestre, cujos vestígios têm sido inutilmente
procurados na Terra, era, por conseguinte, a figura do mundo ditoso, onde
vivera Adão ou, melhor dizendo, o grupo de Espíritos que ele personifica.
A expulsão do paraíso marca o momento em que esses
Espíritos vieram reencarnar entre os habitantes do mundo terráqueo, um fato que
anos depois seria explicado, em minúcias, por Emmanuel no cap. III da obra A
Caminho da Luz, psicografada pelo médium Chico Xavier:
“Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda
muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários
ciclos evolutivos.
As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam
delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas
no século XX, neste crepúsculo de civilização.
Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no
caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles
povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os
alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a
edificação dos seus elevados trabalhos.
As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberaram,
então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui
na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos
do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente,
o progresso dos seus irmãos inferiores.”
As habilidades de
Caim e Abel, que teriam vivido em pleno Período Neolítico em nosso mundo, não
constituem, portanto, um fato extraordinário, visto que traziam no
subconsciente, como Espíritos imortais que eles e nós somos, aptidão para
realização de coisas que já haviam aprendido e desenvolvido em existências
anteriores.
Nota do Autor:
Para ler o texto
publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/08/que-dizer-aos-que-baseando-se-na-biblia.html
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