Roteiro
Emmanuel
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Que seria do Espiritismo se não guardasse finalidades de aperfeiçoamento da própria Terra, onde se expressa por movimento libertador das consciências?
Seria louvável subtrair o homem do
campo à função laboriosa da sementeira, distraindo-o com narrativas brilhantes
e induzindo-o à inércia?
Seria aconselhável a imposição do
êxtase ao esforço ativo, congelando-se preciosas oportunidades de realização
para o bem? Mas, se nos abeirarmos do trabalhador, com o intuito de estimulá-lo
ao serviço, auxiliando-lhe o entendimento, para que a tarefa se lhe faça menos
sacrificial, e favorecendo-o a fim de que descubra, por si mesmo, os degraus da
própria elevação, estaremos edificando o bem legítimo, no aprimoramento da vida
e da coletividade.
De que valeria a intimidade do homem
com os Espíritos domiciliados em outras Esferas, sem proveito para a existência
que lhe é peculiar? Não será deplorável perda de tempo informarmo-nos, sem
propósito honesto, quanto aos regulamentos que regem a casa alheia? Se a
criatura humana ainda não pode dispensar o suprimento de proteínas e carboidratos,
de oxigênio e vitaminas, se não pode prescindir do banho e da leitura, por que
induzi-la ao ocioso prazer das indagações sem elevação de vistas?
Atendamos, acima de tudo, ao essencial.
É curioso notar que o próprio Cristo, em
sua imersão nos fluidos terrestres, não cogitou de qualquer problema inoportuno
ou inadequado.
Não se sentou na praça pública para
explicar a natureza de Deus e, sim, chamou-lhe simplesmente “Nosso Pai”,
indicando os deveres de amor e reverência com que nos cabe contribuir na
extensão e no aperfeiçoamento da Obra Divina.
Embora asseverasse que “na casa do Senhor há
muitas moradas”, não se deteve a destacar pormenores quanto aos habitantes que
as povoam.
Não obstante exaltar o Reino Celeste,
nele situando a glória do futuro, não olvidou o Reino da Terra, que procurou
ajudar com todas as possibilidades de que dispunha.
Curando cegos e leprosos, loucos e
paralíticos, deu a entender que vinha não somente regenerar as almas e sim
também socorrer os corpos enfermos, na recuperação do homem integral. Não se
contentou, porém, com isso. Em todas as ocasiões, exaltou nossos deveres de
amor para com a vida comum.
Recorre à semente de mostarda e à
dracma perdida para alinhar preciosos ensinamentos. Compara o mundo a vinha
imensa, onde cada servidor recebe determinada quota de obrigações.
Consagra especial atenção às
criancinhas, salientando o amparo que devemos às gerações renascentes.
Nessa mesma esfera de realizações, os
princípios do Espiritismo Evangélico se estenderão em favor da Humanidade.
Os desencarnados testemunham a
sobrevivência individual, depois da morte, provam que a alma se transfere de
habitação sem alterar-se, de imediato, mas, preconizando o estudo e a
fraternidade, a cultura e a santificação, o trabalho e a análise, em obediência
a ditames superiores, objetivam, acima de tudo, a melhoria da vida na Terra, a
fim de que os homens se façam, efetivamente, irmãos uns dos outros no mundo
porvindouro que será, indiscutivelmente, iluminada secção do Reino Infinito de
Deus.
[1] O Livro dos Espíritos, 798-802.
Nota:
O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado
inicialmente pela editora da FEB em 1952.
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