domingo, 17 de agosto de 2025




Que dizer aos que, baseando-se na Bíblia, contestam a veracidade dos fatos espíritas?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Podemos dizer a essas pessoas, em primeiro lugar, que duvidamos de que elas tenham algum dia estudado ou pelo menos lido os livros que compõem a Bíblia. Dizemos isso porque o profetismo em Israel, desde Moisés até o advento do Cristianismo, foi um dos fenômenos transcendentais mais notáveis da História.

Moisés era, como ninguém ignora, médium vidente e auditivo, e foi graças a essas faculdades que ele pôde ver e ouvir Jeová na sarça do Horeb e no monte Sinai.

Os fenômenos mediúnicos em sua vida foram, por isso, numerosos e expressivos. O condutor dos hebreus ouvia vozes quando se inclinava diante do propiciatório da arca da aliança e foi ele quem recebeu no Sinai, escritos na lápide, os Dez Mandamentos da Lei de Deus.

Médium inspirado, entoou um maravilhoso cântico logo após a derrota de Faraó e, dotado da faculdade de efeitos físicos, apresentou um gênero especial de mediunidade – a transfiguração luminosa – quando, ao descer do Sinai, trazia na fronte uma auréola de luz.

Esdras reconstituiu integralmente a Bíblia que se havia perdido, com o auxílio de um Espírito.

Todo o livro de Jó é recheado de elucidações e inspirações mediúnicas e sua própria vida, atormentada por Espíritos infelizes, é um assunto que merece estudos acurados.

Samuel, outro profeta judeu, quando dormia no templo foi muitas vezes despertado por vozes que o chamavam, falavam-lhe no silêncio da noite e anunciavam-lhe as coisas futuras. E foi ele quem, depois de sua morte corpórea,  foi lembrado e evocado pelo rei Saul, que passava na ocasião por um momento de grande aflição.

Assim está registrado na Bíblia:

 

Ao ver o acampamento dos filisteus, Saul inquietou-se e teve grande medo. E consultou o Senhor, o qual não lhe respondeu nem por sonhos, nem pelo urim, nem pelos profetas.

O rei disse aos seus servos: Procurai-me uma necromante para que eu a consulte. Há uma em Endor, responderam-lhe.

Saul disfarçou-se, tomou outras vestes e pôs-se a caminho com dois homens. Chegaram à noite à casa da mulher.

Saul disse-lhe: Predize-me o futuro, evocando um morto; faze-me vir aquele que eu te designar.

Respondeu-lhe a mulher: Tu bem sabes o que fez Saul, como expulsou da terra os necromantes e os adivinhos. Por que me armas ciladas para matar-me?

Saul, porém, jurou-lhe pelo Senhor: Por Deus, disse ele, não te acontecerá mal algum por causa disso.

Disse-lhe então a mulher: A quem evocarei?

Evoca-me Samuel.

E a mulher, tendo visto Samuel, soltou um grande grito: Por que me enganaste?, disse ela ao rei. Tu és Saul!

E o rei: Não temas! Que vês?

A mulher: Vejo um deus que sobe da terra.

Qual é o seu aspecto?

É um ancião, envolto num manto.

Saul compreendeu que era Samuel, e prostrou-se com o rosto por terra.

Samuel disse ao rei: Por que me incomodaste, fazendo-me subir aqui?

Estou em grande angústia, disse o rei. Os filisteus atacam-me e Deus se retirou de mim, não me respondendo mais, nem por profetas, nem por sonhos. Chamei-te para que me indiques o que devo fazer. (1 Samuel 28:5-15)

 

A história da mediunidade dos antigos profetas atingiu, contudo, a culminância com a vinda de Jesus.

A passagem do Mestre pela Terra revela, em inúmeras ocasiões, seu intercâmbio constante com o Plano Superior, seja em colóquios com os emissários de alta estirpe, seja dirigindo-se aos aflitos desencarnados, no socorro aos obsidiados do caminho, como também na equipe de companheiros, aos quais se apresentou em pessoa, depois da morte.

Depois, os próprios discípulos conviveriam com o fenômeno mediúnico, especialmente a partir dos extraordinários acontecimentos registrados no dia de Pentecostes que se comemorou poucas semanas depois da Páscoa da ressurreição. Como lemos no livro de Atos dos Apóstolos (cap. 2, versículos 1 a 13), os apóstolos que se mantiveram leais ao Senhor converteram-se em médiuns notáveis, ocasião em que, associadas as suas forças, os emissários espirituais de Jesus produziram, por meio deles, fenômenos físicos em grande quantidade, como sinais luminosos e vozes diretas, além de fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.

Por fim, não podemos esquecer que, momentos antes da prisão de Jesus, que o levou à crucificação, o Mestre e três discípulos receberam a visita de Moisés e Elias, como o evangelista Marcos registrou da seguinte forma:

 

Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a um alto monte. E transfigurou-se diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra as pode fazer assim tão brancas.

Apareceram-lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus.

Pedro tomou a palavra: Mestre, é bom para nós estarmos aqui; faremos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias. (Marcos 9:2-5)

 

Os fatos aqui lembrados são uma pequena mostra do que a Bíblia nos apresenta, mas que julgamos suficiente para lembrar aos que nos leem que as escrituras podem ser consideradas uma obra mediúnica, em que notícias do intercâmbio com os chamados mortos são mais comuns do que se pensa.

 

 

Nota do Autor:

Para ler o texto publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/08/como-explicar-o-sumico-do-apostolo.html

 

 

 

 

 

 

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