Roteiro
Emmanuel
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Em todas as civilizações, o culto dos desencarnados aparece como facho aceso de sublime esperança.
Rápido exame nos costumes e tradições
de todos os remanescentes da vida primitiva, entre os selvagens da atualidade,
nos dará conhecimento de que as mais rudimentares organizações humanas guardam
no intercâmbio com os “mortos” suas elementares noções de fé religiosa.
Aparições
e vozes, fenômenos e revelações do mundo espiritual assinalam a marcha das
tribos e das povoações do princípio.
No
Egito, os assuntos ligados à morte assumem especial importância para a
civilização. Anúbis, o deus dos sarcófagos, era o guardião das sombras e
presidia à viagem das almas para o julgamento que lhes competia no Além.
Na
China multimilenária, os antepassados vivem nos alicerces da fé. Em todas as
circunstâncias da vida, os Espíritos dos avoengos são consultados pelos
descendentes, recebendo orações e promessas, flores e sacrifícios.
Na
Índia encontram nos “rakchasas”, Espíritos maléficos que residem nos sepulcros,
os portadores invisíveis de moléstias e aflições.
Os
gregos acreditavam-se cercados pelas entidades que nomeavam por “demônios” ou
familiares intangíveis, as quais os inspiram na execução de tarefas habituais.
Em
Roma, os Espíritos amigos recebem o culto constante da intimidade doméstica,
onde são interpretados como divindades menores. Para a antiga comunidade
latina, as almas bem-intencionadas, que haviam deixado, na Terra, os traços da
sabedoria e da virtude eram os “deuses lares”, com recursos de auxiliar
amplamente, enquanto que os fantasmas das criaturas perversas eram conhecidos
habitualmente por “larvas”, cuja aproximação causava dissabores e enfermidades.
Os
feiticeiros das tabas primitivas eram nas civilizações recuadas substituídos
por magos, cujo poder imperava sobre a espada dos guerreiros e sobre a coroa
dos príncipes.
E
ainda, em todos os acontecimentos religiosos que precederam a vinda do Cristo,
a manifestação dos desencarnados ou o fenômeno espírita comparece por vívido
clarão da verdade, orientando os sucessos e guiando as supremas realizações do
esforço coletivo.
Com
a supervisão de Jesus, porém, a marcha da espiritualidade na Terra adquire
novos característicos. Ele é o disciplinador dos sentimentos, o grande construtor
da Humanidade legítima.
Por
trezentos anos, os discípulos do Senhor sofrem, lutam, sonham e morrem para
doar ao mundo a doutrina de luz e amor, com a plena vitória sobre a morte, mas
a política do Império Romano reduz, por dezesseis séculos consecutivos, o
movimento libertador.
Os
séculos, contudo, na eternidade, são simples minutos e, em seguida às sombras
da grande noite, o evangelismo puro surge, de novo.
Cristianismo
— doutrina do Cristo…
Espiritismo
— doutrina dos Espíritos…
Volta
a influência do Mestre sobre a imensa coletividade humana, constituída por
mentes de infinita gradação.
Homens
por homens, inteligências por inteligências, incorreríamos talvez no perigo de
comprometermos o progresso do mundo, isolados em nossos pontos de vista e em
nossas concepções deficitárias, mas, regidos pela Infinita Sabedoria, rumaremos
para a perfeição espiritual, a fim de que, um dia, despojados em definitivo das
escamas educativas da carne, possamos compreender a excelsa palavra da celeste
advertência: — “vós sois deuses”…
[1]
O Evangelho, 1.5-7.
Nota:
O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado
inicialmente pela editora da FEB em 1952.
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