CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
As estrelas
já apareciam. A noite enluarada trazia beleza, mas para o gato filhote da casa
ao lado, também aflição, pois sua mãe não estava por perto, no entanto, a fome
e o perigo, sim.
A mãe felina
tivera três filhotes em uma mangueira frondosa; contudo, o homem, dono da casa,
cortou a árvore para construir algo a mais no quintal.
Dessa forma,
tornou-se necessária a migração para outro reduto, e o local escolhido foi o
alto do telhado. Os filhotes, de lá, não podiam descer; seus corpinhos ainda
estavam frágeis para saltarem daquela altura, mesmo já sendo gatos
pré-adolescentes; era preciso mais tempo.
Num dia, em
que a gata mãe demorou um pouco mais para voltar com a comida, uma senhora
vizinha, que tivera compaixão pelo gatinho ou intolerância com o miado, subiu e
pegou o filhote mais franzino, que tanto miava e chorava, e o adotou. Os outros
dois eram mais independentes e calmos.
O animalzinho
adotado recebia todo amparo e mimo. Estava bem alimentado e até, com alguns
brinquedinhos, havia sido presenteado. Vida feliz e cheia de fartura.
Mas a gata
mãe... ah, pobrezinha, há muitas noites, só o que fazia era soltar o miado de
tristeza, vazio, saudade, pois sabia que um dos seus filhinhos não estava mais
presente.
– Onde está
meu filhote com pintas caramelo? – quanta dor, ela demonstrava, intensamente,
em seu desabafo.
A mãe trazia,
todos os dias, comida para os três; sempre uma porção ficava sem ser tocada,
mas ela imaginava que um dia ele poderia retornar.
O tempo
passou. Os outros dois meninos cresceram e foram à caça da vida e da
sobrevivência. E esse é o caminho. No entanto, a mãe, embora mais cansada e
velhinha, toda noite ainda voltava para aquele mesmo telhado e levava um pouco
de comida.
– Meu filho
pode voltar com fome.
E assim
ocorreu até o fim de sua encarnação como essa mamãe felina.
O amor
materno é infinito e iluminado; é o maior e o mais puro sentimento vivido neste
plano.
Talvez se
possa aprender, com este profundo gesto, a incomparável nobreza: o amor pela
vida, pelo próximo e por nós, incondicionalmente.
Visite o blog
Conto, crônica, poesia… minha literatura:
http://contoecronica.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário