CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Certa
manhã, um dos meus alunos quis relatar-me um sonho que havia tido durante a
noite. Depois da aula, aproximou-se e começou a me contar. Eu, agora, estava com mais atenção para lhe
oferecer.
–
Professora, não consegui compreender muito bem a mensagem de meu sonho. Talvez
seja apenas uma confusão do que tenho vivido – o aluno expôs.
–
O que tem passado? – perguntei com interesse.
–
Alguns problemas de família – deu uma pausa – meus pais... – e olhou para mim,
desejando que eu continuasse a conversa.
–
Eles estão com algum problema? – quis saber para começar a compreendê-lo.
–
Sim – demorou para responder.
Observei-o,
era, simplesmente, um garotinho descobrindo um novo segmento da vida, ou
melhor, vivenciando o inter-relacionamento.
–
Sente-se aqui – puxei uma cadeira para ele e outra para mim, ficamos de frente –
se você quiser contar o que está acontecendo, posso te ouvir – ofereci-lhe meu
amparo e atenção.
Fiquei
surpresa por ser aquele aluno, pois era quase final do ano e ele havia muito
pouco conversado comigo... ou nem pedido qualquer coisa. Será que não o
percebi? Fiquei com essa incógnita, mas agora estava ali, inteiramente, presente
para ouvi-lo.
Com
os pormenores, ele me relatou a conturbação vivida por sua família. De coração
e olhando nos olhos, eu estava ali no momento de sua necessidade. Observei
aqueles olhinhos um pouco tristes, mas esperançosos, que até no momento não os
havia percebido, e agora os observava com toda ternura.
Quando ele terminou a narrativa, suspirou
fundo e disse:
–
Muito obrigado, professora. Agora já estou bem mais leve e melhor. Muito
obrigado por me ouvir – com gratidão, proferiu as palavras.
–
Oh, querido aluno. Quando precisar de um simples coração para ouvi-lo, estarei
à disposição e com muito carinho – falei bastante emocionada.
Ele
consentiu com a cabeça e foi saindo com calma, dirigindo-se ao portão e, logo,
pegando o caminho de casa.
Fiquei
ali, ainda sentada, e cheguei a uma possível conclusão: Quando, pelo menos,
somos capazes de ouvir, com amor, quem nos carece, podemos vivenciar o colorido
mais vivo das flores, o azul mais forte do céu, o ar mais puro da vida, enfim,
uma razão maior para se viver; a mesma energia enviada é recebida.
Tudo
ganha sentido, quando proporcionamos ao próximo, aqui na Terra, um pedacinho do
céu.
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o blog Conto, crônica, poesia… minha
literatura: http://contoecronica.wordpress.com/
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