quarta-feira, 3 de abril de 2013

Ouvir é ajuda consoladora


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Certa manhã, um dos meus alunos quis relatar-me um sonho que havia tido durante a noite. Depois da aula, aproximou-se e começou a me contar.  Eu, agora, estava com mais atenção para lhe oferecer.
– Professora, não consegui compreender muito bem a mensagem de meu sonho. Talvez seja apenas uma confusão do que tenho vivido – o aluno expôs.
– O que tem passado? – perguntei com interesse.
– Alguns problemas de família – deu uma pausa – meus pais... – e olhou para mim, desejando que eu continuasse a conversa.
– Eles estão com algum problema? – quis saber para começar a compreendê-lo.
– Sim – demorou para responder.
Observei-o, era, simplesmente, um garotinho descobrindo um novo segmento da vida, ou melhor, vivenciando o inter-relacionamento.
– Sente-se aqui – puxei uma cadeira para ele e outra para mim, ficamos de frente – se você quiser contar o que está acontecendo, posso te ouvir – ofereci-lhe meu amparo e atenção.
Fiquei surpresa por ser aquele aluno, pois era quase final do ano e ele havia muito pouco conversado comigo... ou nem pedido qualquer coisa. Será que não o percebi? Fiquei com essa incógnita, mas agora estava ali, inteiramente, presente para ouvi-lo.
Com os pormenores, ele me relatou a conturbação vivida por sua família. De coração e olhando nos olhos, eu estava ali no momento de sua necessidade. Observei aqueles olhinhos um pouco tristes, mas esperançosos, que até no momento não os havia percebido, e agora os observava com toda ternura.
 Quando ele terminou a narrativa, suspirou fundo e disse:
– Muito obrigado, professora. Agora já estou bem mais leve e melhor. Muito obrigado por me ouvir – com gratidão, proferiu as palavras.
– Oh, querido aluno. Quando precisar de um simples coração para ouvi-lo, estarei à disposição e com muito carinho – falei bastante emocionada.
Ele consentiu com a cabeça e foi saindo com calma, dirigindo-se ao portão e, logo, pegando o caminho de casa.
Fiquei ali, ainda sentada, e cheguei a uma possível conclusão: Quando, pelo menos, somos capazes de ouvir, com amor, quem nos carece, podemos vivenciar o colorido mais vivo das flores, o azul mais forte do céu, o ar mais puro da vida, enfim, uma razão maior para se viver; a mesma energia enviada é recebida.
Tudo ganha sentido, quando proporcionamos ao próximo, aqui na Terra, um pedacinho do céu.

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