Colombina
Júlia Cortines Laxe
Mascarada mulher o
rabecão trouxera.
Morrera em pleno
baile a frágil Colombina
E, no egrégio salão
de culto à Medicina,
O professor leciona,
em voz veemente e austera:
– "Rapazes,
contemplai! É rameira e menina.
Tombou ébria no vício
e com certeza era
Devassa meretriz,
mistura de anjo e fera,
Flor de lama e
prazer, Vênus e Messalina.”
Em seguida, a cortar,
rompe a seda sem custo,
Desnuda-lhe, solene,
a alva pele do busto,
Afasta, indiferente,
as flores de rendilha...
No entanto, ao
descobrir-lhe a face triste e bela,
O mestre cambaleia e
chora junto dela...
Encontrara na morta a
sua própria filha.
Júlia Cortines Laxe nasceu em Rio Bonito , estado do
Rio, em 12 de dezembro de 1868, e desencarnou em 19 de março de 1948. O soneto
acima integra o livro Antologia dos
Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira.
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