Já vimos em
ocasião anterior que os planetas são classificados pelo Espiritismo em cinco
categorias principais e que nos chamados mundos de expiação e provas, que é a
atual condição da Terra, o mal predomina. Essa, exatamente essa, a razão por
que neste planeta o homem vive a braços com tantas dores, misérias e
sofrimentos.
Em nossa casa
planetária, diz Santo Agostinho (Espírito), os Espíritos em expiação são, se
assim se pode dizer, seres estrangeiros, pessoas que já viveram em outros
mundos. Mas nem todos os Espíritos que se encarnam neste planeta vêm para cá
por necessidade de expiação. Os chamados selvagens são formados geralmente de
Espíritos que apenas saíram da infância espiritual e que na Terra se acham, por
assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contacto com
Espíritos mais adiantados.
Além dos
Espíritos em processo expiatório e dos selvagens, há no planeta, sempre de
acordo com a informação dada por Santo Agostinho, as coletividades semicivilizadas,
constituídas de Espíritos situados num grau intermediário, que praticamente
sempre estiveram em nosso planeta e aqui se elevaram pouco a pouco, em longos
períodos seculares.
Tais
informações, constantes do cap. 3 do livro O
Evangelho segundo o Espiritismo, de Kardec, publicado em abril de 1864,
foram sancionadas 84 anos depois, como podemos ver no livro Voltei, de Irmão Jacob, obra
psicografada por Chico Xavier, concluída em fevereiro de 1948.
Segundo seu
autor, viviam na época em nosso planeta quase dois bilhões de individualidades
humanas, dos quais mais da metade era constituída por Espíritos semicivilizados
ou bárbaros e somente 30%, divididos pelos vários continentes do globo, estavam
aptos à espiritualidade superior.
À vista de
tais números, vê-se por que a felicidade na Terra é algo tão distante. Mas é
encarnando-se aqui, nesta escola imensa, que a criatura conseguirá edificar as
bases de sua ventura real, pelo trabalho e pelo sacrifício, a caminho das mais
sublimes aquisições com vistas à vida eterna.
A sabedoria
de Deus permite, também, que um dia a própria Terra saia do estágio de expiação
e provas e passe à condição de um mundo de regeneração, uma vez que nosso globo
está, como tudo na Natureza, submetido à lei do progresso.
O progresso
da Terra far-se-á, então, nos dois sentidos – o sentido material e o moral.
Materialmente,
pela transformação dos elementos que a compõem.
Moralmente,
pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que a povoam.
Sabemos que
esses progressos realizam-se paralelamente, visto que o melhoramento da
habitação guarda relação com o aprimoramento do habitante. É assim que,
fisicamente, o globo terráqueo tem experimentado transformações que o vêm
tornando sucessivamente habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados, ao
mesmo tempo em que nele se desenvolve a inteligência, se eleva o senso moral e
se abrandam os costumes. Mas, para que a felicidade impere na Terra, será
preciso que somente a povoem Espíritos bons e que apenas ao bem se dediquem, um
fato que é favorecido pela possibilidade de migração entre os habitantes dos
diferentes planetas.
Essa migração
entre os planetas faz parte do processo evolutivo. Os que praticam o mal pelo
mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, não mais sendo dignos do planeta
transformado, são dele excluídos, porque sua presença constituiria obstáculo ao
progresso, indo esses Espíritos expiar, dessa forma, o endurecimento de seus
corações em mundos inferiores ou em grupos étnicos moralmente mais atrasados existentes
na própria Terra. Substituí-los-ão Espíritos melhores, que concorrerão para que
reinem no seio do planeta a justiça, a paz e a fraternidade.
A Terra,
porém, não terá de transformar-se por meio de cataclismo que aniquile de súbito
uma geração.
As velhas
gerações desaparecem gradualmente e gerações novas lhes sucedem do mesmo modo,
sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas. Em cada criança que
nasce, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela
encarnaria, pode vir um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.
Segundo o
Espiritismo, a transição para um novo mundo já se iniciou. Digamos que os
primeiros passos foram dados. Vivemos, de acordo com o Espiritismo, um período
intermediário em que os elementos das duas gerações se confundem. A cada dia
assistimos à partida de uns e à chegada de outros. E o objetivo, de acordo com
os Espíritos superiores, é a Terra transformar-se em um mundo de regeneração,
um passo importante para que ela também, prosseguindo no seu progresso ininterrupto,
atinja planos cada vez mais altos, até chegar à perfeição a que todos nós
estamos destinados.
O quadro do
chamado final dos tempos foi descrito por Jesus, e Mateus o registrou no cap.
24 do seu Evangelho:
“E ouvireis
falar de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é
mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará
nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e
terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis
odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos serão
escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. E
surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a
iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim
será salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em
testemunho a todas as nações, e então virá o fim.”
As palavras
do Mestre mostram com absoluta clareza que Ele não se referia ao fim do globo,
mas ao fim das guerras, das dores, da iniquidade e à vitória final do evangelho
do reino, um fato compreensível se tivermos em conta que viverá na Terra, por
essa época, uma geração interessada no bem e na caridade.
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