GEBALDO JOSÉ DE SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
De Goiânia-GO
Aquele zumbido de asas, o fino trinado e a
passagem rápida, de segundos, com leve parada no ar para lançar-lhe olhar
curioso, às vezes assustava o menino, que se movia, afugentando o passarinho.
– Não espanta o beija-flor, menino. Beija-flor
dentro de casa dá sorte! Traz boas notícias – recriminava-o de um canto a mãe.
A crendice popular transmite de pai a filho
informações de lendas sobre coisas e fatos que dão sorte ou azar. A mesma
situação, em circunstâncias diversas, pode ser benéfica ou malévola. Há que
prestar atenção e aprender a distinguir.
É claro que um momento de beleza infinita como
aquele só pode trazer bons augúrios, quando nada pelo instante em que, ébrios
de deslumbramento, quedam-se o menino e o colibri, a se examinarem
detalhadamente. Quem vai se lembrar de tristezas com a visita encantadora?
Ainda mais que não dá tempo de pensar, tão fugaz é o momento.
Às vezes no mesmo dia aquele percurso entre os vãos
da casa – da porta da frente à dos fundos, ou de uma janela a outra – era
percorrido pela mesma avezita ou por várias delas, num desfile matinal
simplesmente lindo. Demonstravam confiança espontânea. Estavam em seus
domínios.
Aquele pedacinho de céu se deslocava agora veloz
como o pensamento, agora a sobrepairar, quase imóvel, num átimo de tempo. Era
de ver o olhar do menino a se encantar com a passagem diária da poesia por sua
casa.
O bico longo e fino, as penas multicoloridas, o
olho atento e grande, desproporcional ao corpo delicado, os tons e os matizes
variados, o voejar – todo o conjunto, enfim – é obra de artista genial que
adjetivos não descrevem. Inspiram amor a quem os vê.
No quintal, as bananeiras de cacho novo,
soltando bagos adocicados, as árvores floridas, recebiam as visitas do delgado
bico do pássaro que, enquanto isso, adejava e examinava em volta com
vivacidade, cuidadosamente, o menor dos movimentos, em defesa de sua
fragilidade.
Tudo é lindo nos guainumbis (ou guanumbis –
também chamados cuitelinhos em MS e MT). Neles a natureza concentrou rara
quantidade de beleza! Além das formas, da dimensão que inspira ternura e
carinho, de se alimentarem poeticamente do néctar de flores, vivem como um deus
minúsculo e belo. Seu ninho tem a forma de cacho a balouçar com o vento e é
todo ele forrado de plumas.
Pedaços de arco-íris a povoar quintais na
memória da infância, a voejarem nas lembranças do adulto. Naqueles seres
minúsculos há encantos para todos os olhos sensíveis. Não há quem os veja sem se
comover, sem deixar voar a mente para saudades antigas.
Quando se restabelecer o equilíbrio nas buscas
dos homens, há de voltar o tempo dos pássaros nos quintais, das casas sem
forros e frágeis janelas que, a par dos ninhos que abrigam na cumeeira, permitem
ouvir a canção da chuva, do vento, bem de pertinho, ajudando a dormir e a
sonhar sonhos tranquilos e bons.
Há de voltar a confiança: portas e janelas
abertas a todos, ao sol, às pessoas, ao ar e aos pássaros. Há de voltar a
liberdade e, com ela, a pureza.
E com os pássaros, as árvores, as águas
cristalinas, há de voltar à Terra e aos corações o amor, a desambição e a
ternura infinita de um voo, parado no ar, de um beija-flor – esse pingo de
poesia a habitar um canto cheio de amor nas recordações do adulto e a preservar
o menino no fundo de sua alma!
um beija flor encostou em mim proximo aos meus ouvidos e ficou ,eu meio assutada e atordoada fiquei espantada procurando onde era quilo depois vi que era o beija flor quando vou de mim..ou seja estava perto dos meus ouvidos ,,inédito não sei explicar mais vc me entendeu.
ResponderExcluirBelíssimo textp!! Gratidao !!
ResponderExcluirNo dia 10/05/18, meu aniversário, um beija flor veio em minha casa e ali ficou a noite toda, achei q no dia seguinte ainda estaria ali, mas depois descobri q ele era apenas minha irmã vindo me trazer a notícia de que eu seria pai, como foi oq descobri no dia seguinte!
ResponderExcluirEu estava deitada na cama no meu quarto com a janela aberta e pensando na vida quando o beija flor começou a cantar e entrou no quarto e ficou sobrevoando sobre mim e cantando ele fez isso duas vezes.
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