domingo, 16 de junho de 2013

Por que é tão difícil aprimorar-nos moralmente?


Um conhecido escritor, em seminário ministrado anos atrás, propôs ao público presente a seguinte questão:
– Por que, como ninguém ignora, o progresso intelectual se efetua de modo mais rápido que o progresso moral?
A veracidade do conteúdo da pergunta é incontestável. Um jovem totalmente ignorante das leis que regem determinada ciência consegue, depois de cinco ou seis anos numa faculdade, dominar boa parte dos segredos dessa ou daquela disciplina, tornando-se, em um tempo relativamente curto, um profissional respeitado da medicina, da engenharia ou do direito.
Paralelamente a isso, existem pessoas que guardam em seu coração mágoas profundas por algo que lhes ocorreu 20, 30, 40 anos atrás. Se eram ciumentas na juventude, continuam ciumentas; se eram apegadas ao dinheiro, seu apego à matéria persiste ainda, e tal comportamento se repete nas diversas manifestações que se apresentam à criatura humana ao longo da vida.
Em nosso meio existe algo que é por demais conhecido e tanto mal tem feito às pessoas e às instituições espíritas. Falamos do melindre, essa facilidade de magoar-se que muitas pessoas das mais diferentes idades e classes sociais apresentam.
É evidente que ninguém se melindra porque quer. Em muitos casos, é provável que o indivíduo gostaria de comportar-se de forma diferente, sem se importar com o fato que o magoou. Mas a tendência para melindrar-se – decorrente do nível evolutivo em que se encontra – é mais forte.
No seminário a que inicialmente nos referimos o público emitiu opiniões diversas como resposta à questão apresentada.
De um modo geral, o pensamento mais comum é que aprender uma nova disciplina é mais fácil do que educar os sentimentos, o que explicaria o que todos vemos no planeta Terra, que nos oferece a cada dia ideias inventivas e inovações tecnológicas extraordinárias e, no entanto, não tem sido capaz de erradicar de sua face a guerra, a corrupção e muitas das mazelas morais que a Igreja arrolou como sendo os chamados sete pecados capitais – a cupidez, a luxúria e a ira, para citar apenas alguns deles.
Ouvidas as diferentes opiniões, o palestrante examinou o problema proposto e suas várias nuanças e, concluindo, afirmou que o principal fator que determina a lentidão do progresso moral tem sido não darmos a ele a importância que ele merece.
Lembrou então que muitos pais costumam matricular os filhos nas melhores escolas, com vistas a um futuro promissor numa faculdade importante, mas não encontram tempo de orar com eles, de orientá-los e mesmo de levá-los às escolinhas de moral cristã que as igrejas e as casas espíritas oferecem graciosamente.
É evidente que somente esse fato não é suficiente para determinar a transformação moral de uma pessoa, porque mesmo entre os chamados religiosos, espíritas ou não, o problema do melindre e muitas das mazelas citadas também se verificam; mas preocupar-se com a educação moral de nossas crianças constitui, sem dúvida, um importante passo.
A transformação moral é um objetivo que todos nós, adultos e crianças, devemos perseguir, e é preciso ter em mente que ela virá somente se para isso nos esforçarmos, como, aliás, ocorre nos diferentes setores da vida, visto que o jovem, para ingressar numa faculdade, tem de se esforçar bastante, direcionando para tal objetivo toda a sua energia e seu tempo.
Afinal, não custa lembrar que, segundo Kardec, o verdadeiro espírita se reconhece por sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas inclinações inferiores, o que implica dizer que os que se dizem espíritas não podem contentar-se com o estágio moral em que se encontram, porque enquanto estivermos por aqui ainda haverá tempo.




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