sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A reencarnação era crença comum entre os primeiros cristãos


   Um leitor do Rio de Janeiro-RJ pede-nos uma explicação, sob a ótica espírita, da citação de Paulo na epístola aos Hebreus (9:27-28) e o que se sabe sobre o V Concílio Ecumênico de Constantinopla do ano de 553, em que a ideia da reencarnação foi abolida.
Eis o que dizem os versículos 27 e 28 do capítulo 9 da epístola aos Hebreus:
“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.”
Embora vários estudiosos do Espiritismo entendam que o texto acima não tem o significado que os adversários da reencarnação lhe atribuem, parece-nos que não existe dúvida de que o autor da carta pretendeu passar a seus leitores a ideia de que o chamado juízo final viria em seguida à morte do indivíduo, o que significa que ele não voltaria à carne e, por conseguinte, não morreria segunda vez.
Trata-se, no entanto, de uma mera opinião, que não tem sustentação no próprio Novo Testamento, em que ninguém, especialmente Jesus, alude ao assunto.
É preciso, no entanto, que se diga que a própria Igreja atribui a autoria da epístola aos Hebreus a outras pessoas, não a Paulo. (Veja a respeito A Bíblia Sagrada, vol. I, pp. IX, XXX e XXXI, publicada por Livros do Brasil S.A., e Bíblia, Mensagem de Deus, p. 207, publicada por LEB - Edições Loyola.)
O respeitado escritor Carlos Torres Pastorino, no 1º volume de sua obra Sabedoria do Evangelho, também afirma que a autoria da epístola aos Hebreus é discutível, fato que explica, em parte, por que foge ela ao estilo característico das chamadas epístolas paulinas.
No meio espírita há, como dissemos, quem discorde da ideia de que a carta aos Hebreus, seja qual for seu autor, constitua um manifesto contra a doutrina da reencarnação. Cláudio Fajardo e José Reis Chaves alinham-se nesse grupo, como o leitor poderá verificar lendo os textos seguintes:
Paulo, Perspectiva Espírita - Morrer Uma Só Vez, de Cláudio Fajardo, disponível na internet em http://espiritismoeevangelho.blogspot.com/  e
O homem morre uma vez só, e seu Espírito é imortal, de José Reis Chaves, disponível na internet em http://www.oconsolador.com.br/ano4/178/jose_chaves.html

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A respeito do V Concílio Ecumênico de Constantinopla, realizado em 553, em que a ideia da reencarnação foi abolida, há um texto muito interessante e que vale a pena ler. Seu título é Reencarnação – uma questão para análise, de autoria de Vicente Chagas. Eis o link que remete o leitor ao texto - http://www.projetovega.com.br/novo/?p=649
Lembra o autor desse artigo que a reencarnação era, nos primeiros séculos do Cristianismo, uma crença comum no seio dos seguidores do Cristo, mas isso se modificou com o advento do Catolicismo. A abolição dessa ideia, consumada no V Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, teria sido motivada por influências externas, como a exercida pelo então imperador Justiniano, um fato que Vicente Chagas desenvolve no texto mencionado.



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