Um leitor do Rio de Janeiro-RJ pede-nos uma explicação, sob a ótica espírita, da citação de Paulo na epístola aos Hebreus (9:27-28) e o que se sabe sobre o V Concílio Ecumênico de Constantinopla do ano de 553, em que a ideia da reencarnação foi abolida.
Eis o que dizem os versículos 27 e 28 do capítulo 9 da
epístola aos Hebreus:
“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez,
vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para
tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o
esperam para salvação.”
Embora vários estudiosos do Espiritismo entendam que o
texto acima não tem o significado que os adversários da reencarnação lhe
atribuem, parece-nos que não existe dúvida de que o autor da carta pretendeu
passar a seus leitores a ideia de que o chamado juízo final viria em seguida à
morte do indivíduo, o que significa que ele não voltaria à carne e, por
conseguinte, não morreria segunda vez.
Trata-se, no entanto, de uma mera opinião, que não tem
sustentação no próprio Novo Testamento, em que ninguém, especialmente Jesus,
alude ao assunto.
É preciso, no entanto, que se diga que a própria
Igreja atribui a autoria da epístola aos Hebreus a outras pessoas, não a Paulo.
(Veja a respeito A Bíblia Sagrada, vol.
I, pp. IX, XXX e XXXI, publicada por Livros do Brasil S.A., e Bíblia, Mensagem
de Deus, p. 207, publicada por LEB - Edições Loyola.)
O respeitado escritor Carlos Torres Pastorino, no 1º
volume de sua obra Sabedoria do Evangelho, também afirma que a autoria da
epístola aos Hebreus é discutível, fato que explica, em parte, por que foge ela
ao estilo característico das chamadas epístolas paulinas.
No meio espírita há, como dissemos, quem discorde da
ideia de que a carta aos Hebreus, seja qual for seu autor, constitua um
manifesto contra a doutrina da reencarnação. Cláudio Fajardo e José Reis Chaves
alinham-se nesse grupo, como o leitor poderá verificar lendo os textos
seguintes:
Paulo,
Perspectiva Espírita - Morrer Uma Só Vez,
de Cláudio Fajardo, disponível na internet em http://espiritismoeevangelho.blogspot.com/
e
O homem morre
uma vez só, e seu Espírito é imortal,
de José Reis Chaves, disponível na internet em http://www.oconsolador.com.br/ano4/178/jose_chaves.html
*
A respeito do V Concílio Ecumênico de Constantinopla, realizado
em 553, em que a ideia da reencarnação foi abolida, há um texto muito
interessante e que vale a pena ler. Seu título é Reencarnação – uma questão para análise, de autoria de Vicente
Chagas. Eis o link que remete o
leitor ao texto - http://www.projetovega.com.br/novo/?p=649
Lembra o autor desse artigo que a reencarnação era,
nos primeiros séculos do Cristianismo, uma crença comum no seio dos seguidores
do Cristo, mas isso se modificou com o advento do Catolicismo. A abolição dessa
ideia, consumada no V Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, teria sido
motivada por influências externas, como a exercida pelo então imperador
Justiniano, um fato que Vicente Chagas desenvolve no texto mencionado.
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