sábado, 7 de setembro de 2013

A história que eu sei contar

ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
De Guarani, MG


XIII – Retrato de santa

Ali está o retrato. Dependurado sobre a cama de meus filhinhos para proteger o encantamento de seus sonhos. Não sei se você a acha bonita. Sou suspeito neste caso. Porque quando olho seu rosto eu não vejo a mulher. É a santa que se desprende do quadro e vem me dizer: 
– “Como vai, meu filho? Cansado da vida? Venha cá, vamos conversar um pouco.”
E eu me aproximo dela para receber o beijo mais puro, o abraço mais doce, o sorriso mais belo.
E suas mãos, acariciando meus cabelos, vão me fazendo deitar no seu colo, para ouvir a mensagem mais linda:
– “Não se preocupe, meu bem. Eu estou ao seu lado. E se você for bom, como eu desejo, Jesus o amparará também. Porque ele não esquece os bons que dele precisam. As doenças dos filhos são avisos para os pais. As ingratidões dos amigos são reconfortadoras lições de humildade. Exercite o perdão. Não se curve ante a dor. Ela é o instrumento reparador de nossas imperfeições. É a dor, meu filho, que nos impulsiona para Deus. Fique tranquilo, você é bom, embora precise melhorar ainda mais. Seja amigo de seus irmãos. E de seu pai. Ele precisa de você. Começa a cansar-se, coitado, e confia em que você e os manos o substituam na jornada. Você não pode esquecer-se de seu destino. Nós esperamos muito de seus passos. E estamos sempre atentos ao seu chamado. Não se acanhe. Pode chamar-nos à vontade. É sempre com prazer que eu venho adormecer seus filhos e beijar suas frontes, aliviando uma dor, afugentando uma febre, eliminando uma inquietação, destruindo uma perseguição, velando pelas suas noites. Quando você se sentir amargurado, não se comprima, e chore. As lágrimas fazem muito bem. Elas lavam a nossa alma e nos ajudam a amaciar os nossos sentimentos. Mas chore alegremente. Receba as lágrima como quem sorri. Como quem agradece a divina influência que elas exercem no nosso aprimoramento. Não chore com tristeza. Eu não quero que você fique triste. Vocês não têm razão para ficarem tristes. Dei-lhes um pai excelente. Dei-lhes onze irmãos inigualáveis. Deus lhes deu uma mãe que pode não ter sido a melhor, mas que os amou demais. Acima de tudo, eu e seu pai lhe demos o maior bem, o bem supremo, o bem dos bens: a crença nessa doutrina admirável que há de redimir os homens e reconduzi-los a Deus. Lembre-se de mim, sempre, porque não o esqueço nunca. Mas sobretudo lembre-se disso: Eu preciso de você, e confio em você! Não decepcione a mamãe! Adeus!”
Você pode não achá-la bonita. Mas para mim é a mulher mais linda que o mundo já viu.
Anita Borela (foto acima) nasceu em Leopoldina, filha de italianos.
Não conheci meu avô materno, mas de minha avó tenho as melhores recordações.
Minha avó, a vó Justina, como a chamávamos com a ternura de netos amorosíssimos, era uma menina. Nunca chegou a se tornar madura. Nasceu menina e morreu menina. Morreu como uma menina pura, cândida, meiga, acariciada pelo filho que mais amou, o tio Geraldo, em sua casa, na Fazenda da Bela Vista, em Pirajuí, no Estado de São Paulo.
Lembro-me de seu enterro e de um fato que jamais o Amaury esquecerá.
Espírita convicta e médium de vidência com uma limitação natural pela idade com que principiou a desenvolver-se, entendíamos eu e o mano que seria um desrespeito à sua convicção deixarmos que o seu corpo passasse pela encomendação da Igreja.
Nessa época, 1953, eu estava em Garça, a 34 quilômetros de Pirajuí, onde moravam o Amaury, o tio Geraldo e uma outra filha da “vó Justina”, a tia Genebra, com a sua prole.
Os netos pirajuienses entendiam que seria uma profanação não se passar com o corpo da velha pelos sacramentos da Igreja.
Como, no dizer de Emmanuel, cabe ao mais esclarecido ceder, nós cedemos e lá foi o féretro a caminho da igreja. Nós, um pouco atrás, como convinha à nossa posição.
Eis senão quando o Amaury é chamado à sacristia. Lá estavam o padre e os netos de lá no acerto de contas. O vigário não encomendaria o corpo sem que, antes, o cobre lhe fosse pago. E os desprevenidos ou malandros netos de Pirajuí tiveram que tomar da bolsa do Amaury o salário da encomenda que eles fizeram contra a nossa aprovação.
Mas como eu ia dizendo, minha mãe nasceu em Leopoldina e casou-se creio que com 18 anos. Meu pai tinha 19. Sei disso porque há um fato interessante que não me deixa esquecer. Ele é exatamente 20 anos mais velho do que minha primeira irmã.
Casou-se e veio para Astolfo Dutra.
Não lhes direi aqui os sofrimentos por que passaram, nessa primeira quadra de sua nova vida. Ainda hoje podemos observar sofrimentos idênticos por parte de casais pobres que resolvem, sem nenhuma reserva e sem nenhum temor, construir o seu lar.
Digo apenas que sofreram demais. Meu pai, nessa época, pelo que dele próprio eu ouvi dizer, não era lá uma boa bisca, e agravava ainda mais a situação com o vício do jogo.
A máquina de costura é que era a garantia do pão. E aos trancos e barrancos a vida foi se seguindo, com os filhos se sucedendo. Para resumir, basta dizer que minha mãe, morrendo jovem, deixou onze filhos, e não foram doze, porque o 12°, no oitavo mês de gestação, acompanhou-a para o túmulo.
Dificuldades sobre dificuldades sem que a santa se perturbasse. Católica fervorosa – não se esquecia do terço e das preces. Até que Deus a ouviu em forma de um emissário: Abel Gomes (foto), o paralítico-missionário, que tantos destinos endireitou.
O homem que da sua cadeira-de-rodas iluminou toda uma região.
O alfaiate humilde que com a tesoura na mão reconstruiu lares, encaminhou gerações, esclareceu consciências, reedificou ideais, soergueu decaídos e apontou para uma infinidade de cidadãos o caminho da esperança e da verdade.
Com um livro na mão – O LIVRO DOS ESPÍRITOS – fez do viciado de ontem a fulgurante inteligência de hoje, salvando um lar, um homem e uma família.
E meu pai embrenhou-se pela maravilhosa estrada do Espiritismo.
Minha mãe continuou católica. Mas, observadora, sentiu respeito por aquela doutrina que tinha revolucionado a sua vida, entregando-lhe um marido novo, com ideias novas, vibrações novas, palpitares novos.
Até que uma perseguição violenta, movida pelo clero, em que ela acreditava, contra seu marido e contra os amigos de seu marido, precipitou os acontecimentos.
Viu ela que, se na alegria da fé, não pôde acompanhar os primeiros passos do marido, na tristeza da zombaria e das perseguições, só um podia ser o seu lugar: ao lado dele, para, sofrendo com ele, testemunhar-lhe que ele não se enganara quando a fora buscar em Leopoldina, para tornar-se a sua companheira.
E como se tornou grande em face das amarguras! Como se agigantou aquela mulher serena na defesa do companheiro e da fé que ainda não era a dela, mas cujos efeitos admiráveis sentira nas próprias paredes do  lar!
Contar o que foram essas perseguições seria escrever um libelo contra a intolerância, a maldade, a ignorância, a estupidez, a vilania, a traição, a ira, o ódio de uma casta de gente que se intitula “única depositária da verdade cristã”! E eu não sou homem de ataques a ninguém, muito menos à fé e à crença alheias.
Entendo que os homens, pela diversidade de conhecimentos e, sobretudo, pelo desnível espiritual em que se situam, não têm condições para se abrigarem sob o mesmo templo, e sentirem e entenderem as mesmas verdades.
Os homens se situam em escalas diferentes de evolução, cabendo a cada escala uma maneira própria de sentir Deus, nas suas manifestações e nos seus ensinamentos.
A cada escala corresponde uma religião, um sistema próprio de crer. As religiões não são desnecessárias, porque correspondem às próprias necessidades humanas. Todas, por isso mesmo, são dignas e representam importante função social.
É evidente que umas dizem menos verdades e abrigam maior número de erros, mas satisfazem a um certo número de pessoas. Outras, mais próximas de Deus e da Verdade, destinam-se aos homens que já subiram mais no caminho da evolução e do progresso.
Mas todas são dignas de respeito. Se Deus nos deu a consciência, que ninguém pode tocar e cuja liberdade só Ele poderia cercear, é para que nós a usássemos de acordo com as nossas necessidades, abrigando as convicções que nos satisfazem e nos ajudam.
Por isso deixo de dizer as inúmeras vezes em que procissões incalculáveis paravam diante de nossa casa, para cantar hinos e emitir provocações, na mais infame de todas as humilhações. Eu era pequeno, mas não me esqueço de uma em que, levados por minha mãe, fomos para a varanda, a fim de receber na face os apodos e os achincalhes.
Minha mãe, tranquila como o céu, serena como um lago, pura como um lírio, a olhar aquela multidão enfurecida, e olhos para o Alto, pedindo a Deus perdão para aqueles infelizes.
Nem direi que por causa de campanha clerical ficaram os espíritas sem patrões para quem trabalhar, e alimentos de quem comprar, ou para quem vender.
Fechou-se o ciclo do bloqueio econômico. A miséria se agravava, mas a fé se robustecia. E como “nada é impossível àquele que crê”, vencemos aquela parada. Sabem Deus e os antigos moradores de Astolfo Dutra com que lágrimas e com que dores.
Certa vez, um italiano de lá, Sr. Próspero anunciou que invadiria com o seu caminhão o nosso centro nua hora de reuniões.
A cidade se alarmou. Todos iam ver o “divino massacre”. Sr. Próspero conquistaria o céu com a beleza daquele gesto vandálico. A data foi marcada. E aos que o aconselhavam para não ir ao centro, devido à sua paralisia, o velho Abel Gomes deu esta admirável lição de fé e de coragem:
“– Hoje ninguém me segura. Poderia faltar a todas as reuniões. Mas a esta de hoje, jamais eu me permitiria isso. Tenho que ir e quero ficar na porta. As rodas do caminhão hão de apanhar-me primeiro. Depois morrerão vocês. Mas o primeiro hei de ser eu.”
Dessa atitude, ninguém conseguiu demovê-lo. E às sete horas em ponto, com o caminhão descendo e subindo as ruas da cidade, para aumentar ainda mais o interesse pelo espetáculo, lá estava no meio da porta aquele vulto extraordinário com os cabelos branquinhos, pronto a morrer pela Causa.
Devemos a essa decisão do velho Abel Gomes todas as vitórias que vieram depois. Não se tivesse comportado dessa maneira e talvez estivesse morta para sempre, em Astolfo Dutra, a semente esplendorosa do Espiritismo.
Daquele dia em diante passou-se a respeitar-se aquele pugilo de homens que, honestos e trabalhadores em todas as horas do dia, sacrificavam noites inteiras à procura de doentes que lhe pediam preces e trabalhos.
E os loucos se foram curando, e os desenganados pela medicina tradicional eram devolvidos sãos e perfeitos à alegria do lar e da família.
E a mediunidade de minha mãe foi brotando em borbotões sucessivos. Incorporação, audição, clarividência, intuição, psicografia, desdobramento, enfim uma infinidade de faculdades que ela passou a exercer com a responsabilidade de quem entendia a sua missão.
Legiões de enfermos de todas as partes procuravam-na à busca de conforto e de alívio. Loucos de todos os matizes foram por ela desamarrados para estupefação dos expectantes. Crianças e mais crianças, morrendo, eram levadas até ela, para que lhes desse, quando nada mais pudesse, pelo menos o conforto de suas preces e suas orações.        
 E os pobrezinhos, tocados pelas suas mãos, recuperavam forças e retornavam à vida.
Lembro-me de um caso que a cidade até hoje comenta. Vale, sobretudo, pelo testemunho dos que o presenciaram, quase todos alheios à nossa família e à nossa fé.
Brincavam no fundo de nosso quintal, na beira do rio, o Ayres, com quatro anos, o Domingos Laroca, da mesma idade, e a Eunice, com menos de dois anos.
De nossa casa ao fundo do quintal, onde eles brincavam, há sessenta e cinco metros de distância.
Pois bem: eis senão quando a Eunice cai no rio. Justamente num dos lugares mais fundos, na época, do velho Rio Pomba. Devido ao aterro providenciado por meu pai, não existe uma margem em declive. As estacas que seguravam a terra acabaram por construir um muro natural de tal modo que não se podia descer pela margem até o rio. E se descer, através de um pulo, era possível, subir era impossível. Sair do rio e atingir o quintal por ali era impossível.
A Eunice cai no rio e o Ayres corre velozmente para a casa a fim de chamar a mamãe. Com os gritos do garoto e da mãe em desespero, de pronto a vizinhança acorre ao local. E todos viram: minha mãe atirou-se n'água e apanhou a criança que estava amparada por uma rodinha solta de cipó e de lá saiu voando, para espanto de todos.
Só através da levitação seria isso possível. E isso foi possível. Um milagre com o testemunho de toda uma população!
Mas no que mais era solicitada era nos casos de desaparecimentos. Desaparecia alguma coisa ou alguma pessoa, e minha mãe, fechando os olhos, descrevia o local ou pessoa sumida.
Antes de procurar os corpos afogados no Rio Pomba, o Sr. Durval, canoeiro velho, vinha encontrar-se com a minha mãe, e ela descrevia minuciosamente a posição e o local do corpo.
Enfim, eu ficaria aqui a noite inteira, relatando casos curiosos saídos da mediunidade de D. Anita e que assombraram toda uma região.
Mas sobretudo o que definiu melhor o seu caráter e o seu espírito era a sua simplicidade e indescritível amor que ela tinha pelas pessoas mais humildes.
Humilde como a noite e boa como o dia, semeou benefícios, em forma de carinho, em todas as horas de sua vida.
Mais tarde, quando os ventos da prosperidade começaram a bafejar o marido, agora comerciante estabilizado, a mulher continuou a mesma. Vestindo-se com a simplicidade de antes, cada vez mais próxima dos humildes e dos sofredores.
Sua vida foi doação permanente. Dividiu-se para entregar-se aos outros. Nunca vi ninguém com tanta capacidade para o amor. Amava a tudo e a todos. Até aos que traíram a confiança de seu lar.
Nunca ouvimos dela uma palavra de censura a ninguém. Sua palavra só se fazia ouvir para enaltecer as boas ações e as boas qualidades. Foi a orientadora de todos.
Confidente de todos os portuenses, ao seu encontro as dores se aliviavam, as perturbações desapareciam, as intranquilidades evanesciam, e os dissabores se eliminavam.
Gerações e gerações de moços, crianças e velhos, buscavam-na para ouvir de sua boca, sempre limpa, uma palavra de orientação, um conselho em forma de carinho, um sorriso em forma de amor.
Boa como a água, tranquila como o silêncio, atravessou uma existência inteira disseminando o bem e consolando os aflitos.
Homens e mulheres choraram a sua morte.
Não me esqueço nunca das lágrimas do nosso querido Dr. Grossi, quando, depois de uma luta desesperada para impedir o impossível, sentindo-a morta, abandonou o quarto em prantos e soluços, dizendo ter perdido a maior amiga de sua vida. E as palavras dele se repetiam de boca em boca. Todos tinham perdido naquele instante a maior amiga da vida de todos.
Eu, chamado às pressas de Cataguases, onde estudava, em companhia do Ayres, menino ainda, em regime de internato, me lembro de uma passagem que se deu na viagem.
Era o Niquito o chofer. Meu pai lhe pedira que me fosse buscar e não me tapeasse na notícia. Que me dissesse abruptamente que minha mãe tinha morrido, que eu resistiria à notícia. Papai sabia que eu aprendera com a minha mãe a enfrentar as duras notícias. De resto, a vida dela fora um exemplo permanente de encorajamento em face do trágico.
O Niquito chegou ao Colégio às nove horas da noite. Eu estava, já de pijama, escovando os dentes, quando fui procurado.
Sr. Lyses, meu velho mestre de matemática, e mais que isso, o grande orientador de minha vida, amigo surgido na fase de minha infância, que é quando as amizades nascem mais sólidas, prontificou-se a me dar a notícia, mas seus lábios tremeram e a voz não saía. Foi quando o Niquito, com aquela rudeza que o caracterizava, tomou a dianteira:  
– Seu pai falou para não mentir. Você não tem mais mãe. Morreu hoje às 19 horas e meia.
Lembro-me de que disse apenas o seguinte:
– Espere-me um minuto, que eu vou trocar a roupa.
Chamei o Ayres, disse-lhe que trocasse também a roupa, porque iríamos até a nossa casa. Ele, satisfeito, me perguntou:
– Nasceu o nosso irmãozinho? Que bom!
Coitado, mal podia ele esperar que a notícia que eu lhe daria depois fosse a mais dura que ele já ouviu.
No caminho eu preparei o Ayres.
– Ayres, vou lhe dizer uma coisa, mas você vai me prometer uma outra: proceder como homem.
– Prometo!
– Mamãe morreu e nós não vamos chegar lá chorando, não, ouviu? Ela nos ensinou que a morte não existe. Que o espírito permanece junto dos que ama. Logo, não há razões para nós chorarmos, não é?
– Ele engoliu em seco e concordou comigo, mas cinco minutos depois ele me falou com voz trêmula:
– Tuca, mas se eu não aguentar, você não fica zangado comigo não?
Não pude responder, porque eu já chorava também. (1)
Às 9 e meia da noite, estávamos com os pés dentro de casa.
Nunca se apagou da minha mente a visão daquele corpo estendido na sala. Lá estava parado aquele coração que tantos benefícios espalhou. Aquela boca, que tantas bênçãos distribuiu, aqueles braços que tantos doentes amparou, aquelas mãos que tantos carinhos teceu, estavam inertes. No canto da boca, um sorriso interrompido.
Morreu sorrindo na contemplação dos inúmeros amigos espirituais que a vieram buscar.
Ninguém da família estava ao seu lado no momento agudo. Tinha encaminhado a todos para o centro, aquele centro a que nunca faltara, e ao qual só deixou de ir naquela noite, porque sabia que o fim havia chegado.
Seu enterro foi a apoteose do amor. A cidade inteira acorreu para levar, no caixão, aquela a quem tanto devia e amara.
Ricos e pobres, negros e brancos, homens e mulheres, crianças e velhos, toda uma  multidão de seres e de sentimentos ali estava chorando a perda irreparável.
E por muitos anos depois, continuou a legião imensa de torturados a procurar a velha casa da D. Anita, para buscar na água que ela lhes dava o remédio de que necessitavam.
Foi uma grande vida. Minha mãe foi um poema de amor.
A sua partida abriu, de fato, em nossos corações, cicatrizes profundas, mas amenizadas pelo conhecimento da divina filosofia que ela neles soube incutir.
Hoje dela lembramo-nos com profunda saudade. E com a esperança sempre renovada do nosso reencontro feliz no reino da eterna vida. (Continua.)

(1) Quando Anita Borela faleceu, em 8 de maio de 1950, contava 41 anos de idade. Arthur não tinha ainda completado 19 anos e Ayres contava apenas 12.

Nota:

O texto acima faz parte do livro intitulado “A história que eu sei contar”, escrito por Arthur Bernardes de Oliveira e concluído no dia 28 de julho de 1964. O livro compõe-se de 20 capítulos e está sendo publicado aqui ao longo de dez semanas, sempre aos sábados. A primeira parte foi publicada neste blog no dia 28 de julho de 2013.



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