A prece ou a
oração – o nome é indiferente – nada mais é que uma invocação, mediante a qual
o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Pode
ter por objeto um pedido, um agradecimento ou uma glorificação. As preces
feitas a Deus – ensina o Espiritismo - são escutadas pelos Espíritos incumbidos
da execução de suas vontades. As que se dirigem aos bons Espíritos são
reportadas a Deus.
Jesus definiu
com precisão as qualidades da prece. “Quando orardes, disse ele, não vos
ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela
multiplicidade das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas.
Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto
que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração
purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade,
como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos
defeitos, não as vossas qualidades, e, se vos comparardes aos outros, procurai
o que há em vós de mau.”
Quando
dirigimos o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de
encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece
entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite
o som, porquanto o fluido, que inunda o espaço, é o veículo do pensamento. É em
virtude desse fato que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida e é assim
que se comunicam entre si e nos transmitem suas ideias e inspirações.
Por meio da
prece, o homem obtém o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em
suas boas resoluções e a inspirar-lhe ideias sãs. Ele adquire, desse modo, a
força moral necessária para vencer as dificuldades e volver ao caminho reto, se
deste se afastou. E é também por essa via que ele pode desviar de si os males
que atrairia por suas próprias faltas.
Fato curioso
revelado pelo Espiritismo é que a prece produz resultados mesmo quando é
dirigida a alguém que não tem condições de atendê-la. Em seu livro Entre a Terra e o Céu, André Luiz narra
no cap. II, pp. 13 a
17, um interessante fato que ilustra o que dissemos.
Atendendo a
um pedido que veio da Crosta, Clarêncio examinava um pequeno gráfico que uma
auxiliar do Templo do Socorro lhe entregou e, exibindo o documento que trazia
nas mãos, explicou: "Temos aqui uma oração comovedora que superou as
linhas vibratórias comuns do plano de matéria mais densa. Parte de uma devotada
servidora que se ausentou de nossa cidade espiritual, há precisamente quinze
anos terrestres, para determinadas tarefas na reencarnação".
Evelina era o
nome da jovem cuja reencarnação fora garantida pelos Instrutores de "Nosso
Lar". Ela rogava à sua mãe desencarnada, Odila, ajuda para um caso de
perturbação espiritual em seu lar, sem saber que a causadora da perturbação era
a própria mãe.
Sua
insistência na rogativa foi, porém, tanta, que as preces, quebrando a direção,
chegaram até à Colônia. Como a mãe não poderia ajudá-la, a súplica da jovem,
desferida em elevada frequência, varou os círculos inferiores e buscou o apoio
que não lhe faltará jamais.
Clarêncio deu
à prece de Evelina o curioso nome de oração refratada, ou seja, desviada do seu
curso para que chegasse a alguém em condições de atendê-la, fato que demonstra
a bondade do Criador, que tudo faz para que nós sejamos felizes, conquanto nem
sempre tenhamos capacidade de entendê-lo.
De todas as
preces conhecidas dos cristãos, a mais completa é, sem contestação, a Oração Dominical,
conhecida também pelo nome de Pai Nosso. Allan Kardec a indicou expressamente,
respondendo a um leitor, como devendo ser a prece de todos os dias, na hora em
que nos levantamos da cama e na hora em que buscamos o leito para dormir.
A
recomendação de Kardec pode ser encontrada na Revista Espírita de agosto de
1864, no mesmo artigo em que ele sugere a prática do que hoje conhecemos pelo
nome de Evangelho no Lar.
Eis as
palavras textuais do Codificador: “Uma vez por semana, por exemplo, no domingo,
pode-se a isto (oração) consagrar um tempo mais longo, e dizer todas, quer em
particular, quer em comum, se houver lugar; a isto acrescentar a leitura de
algumas passagens do Evangelho segundo o Espiritismo e a de algumas boas
instruções, ditadas pelos Espíritos”. (Revista
Espírita de 1864, Edicel, p. 234.)
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