domingo, 19 de janeiro de 2014

Será o amor materno um mito?


Tendo por título L' Amour En Plus, causou grande perplexidade em todo o mundo o livro lançado em 1980, na cidade de Paris, pela professora francesa Elisabeth Badinter, que, depois de efetuar extensa pesquisa, lançou a ideia de que o instinto materno é um mito e não existe uma conduta materna universal e necessária.
Na obra, a autora constata a extrema variabilidade desse sentimento, segundo a cultura, as ambições ou as frustrações da mãe, e conclui, por fim, que o amor materno é apenas um sentimento humano como outro qualquer e, como tal, incerto, frágil e imperfeito.
No Brasil, publicado pela Nova Fronteira, o livro recebeu o título de Um Amor Conquistado: o Mito do Amor Materno, em tradução de Waltensir Dutra.
Um episódio recente mostrado várias vezes pela TV brasileira, em que uma mãe caminha até um depósito de lixo e deixa ali o seu bebê recém-nascido, parece dar razão a Elisabeth Badinter, porque, de fato, como ela menciona em seu livro, há mães que não revelam nenhum sentimento de amor por seus filhos, a ponto de até mesmo impedirem que nasçam, como ocorre nos milhões de abortamentos que se registram anualmente em nosso país –  um país, aliás, em que a maioria esmagadora da população se diz cristã.
Será o amor materno um mito?
A doutrina espírita diz-nos que não e, quando trata do assunto, ensina-nos coisa diferente.
Vejamos o que diz a questão 890 d´O Livro dos Espíritos:

Será uma virtude o amor materno, ou um sentimento instintivo, comum aos homens e aos animais?
“Uma e outra coisa. A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. No animal, porém, esse amor se limita às necessidades materiais; cessa quando desnecessário se tornam os cuidados. No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no além-túmulo. Bem vedes que há nele coisa diversa do que há no amor do animal.”

A experiência humana oferece-nos muitos exemplos da propriedade e do acerto dessa resposta e isso fica ainda mais nítido para os que atuam nas sessões espíritas de assistência aos desencarnados. Invariavelmente, muito embora estejam desencarnadas, são as mães que na maioria dos casos socorrem as criaturas que sofrem e pedem socorro depois de haverem deixado o plano em que vivemos.
Como explicar então os casos que subsidiaram as pesquisas de Elisabeth Badinter e o episódio recente que vimos na TV?
Essa questão não foi ignorada por Allan Kardec.
Veja o que nos diz a questão 891 da principal obra da doutrina espírita:

Estando em a Natureza o amor materno, como é que há mães que odeiam os filhos e, não raro, desde a infância destes? 
“Às vezes, é uma prova que o Espírito do filho escolheu, ou uma expiação, se aconteceu ter sido mau pai, ou mãe perversa, ou mau filho, noutra existência. Em todos os casos, a mãe má é uma pessoa animada por um mau Espírito que procura criar embaraços ao filho, a fim de que sucumba na prova que buscou. Mas essa violação das leis da Natureza não ficará impune e o Espírito do filho será recompensado pelos obstáculos de que haja triunfado.”

Verifica-se que o fato apontado é tão somente uma exceção à regra geral em que o amor maternal encontra-se geralmente presente. Trata-se de uma ocorrência excepcional por exigência de uma das leis que regem a vida – a lei de causa e efeito –, expressa nos textos evangélicos e sintetizada numa frase bem conhecida: “A semeadura é livre, mas a colheita é compulsória”.
Que estas considerações sejam recebidas por todas as mães que nos leem como uma modesta homenagem a essas criaturas admiráveis a quem Deus confia os seus filhos por acreditar que elas darão conta do recado.



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