Jesus
Alberto de Oliveira
Quanta vez, neste
mundo, em rumo escuro e incerto,
O homem vive a tatear
na treva em que se cria!
Em torno, tudo é vão,
sobre a estrada sombria,
No pavor de esperar a
angústia que vem perto!...
Entre as vascas da
morte, o peito exangue e aberto,
Desgraçado viajor
rebelado ao seu guia,
Desespera, soluça,
anseia e balbucia
A suprema oração da
dor do seu deserto.
Nessa grande
amargura, a alma pobre, entre escombros,
Sente o Mestre do Amor
que lhe mostra nos ombros
A grandeza da cruz
que ilumina e socorre;
Do mundo é a
escuridão, que sepulta a quimera...
E no escuro bulcão só
Jesus persevera,
Como a luz imortal do
amor que nunca morre.
Alberto de Oliveira, poeta
fluminense nascido em Palmital de Saquarema, em 1859, e falecido em Niterói, em
1937, além de farmacêutico, dedicou-se ao magistério e foi membro fundador da
Academia Brasileira de Letras. Psicografado por Francisco Cândido Xavier, o
soneto acima integra o livro Parnaso de
Além-Túmulo.
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