quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Há desencarnados que continuam apegados ao dinheiro



Demos continuidade ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), ao estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto que serviu de base ao estudo realizado:

Questões para debate

A. A avareza, a sovinice, o apego ao dinheiro podem atrair Espíritos que intensifiquem ainda mais esse apego?
B. O sono é necessário no processo de restauração de Espíritos enfermos?
C. Há indivíduos que mesmo estando desencarnados continuam apegados ao dinheiro?

Texto para leitura

44. Obsessão pelo dinheiro – Após seis dias desde o encontro com o Ministro Sânzio, a irmã Alzira (ex-esposa de Antônio Olímpio) compareceu à Mansão, em obediência ao programa que Druso lhe traçara. A nobre mulher informou, então, que Luís, seu filho, que se afinava com os antigos sentimentos paternos, apegando-se aos lucros materiais exagerados, sofria tremenda obsessão no próprio lar. Sob teimosa vigilância dos tios desencarnados, que lhe acalentavam a mesquinhez, detinha larga fortuna, sem aplicá-la em coisa alguma. Ele enamorara-se do ouro com extremada volúpia e submetia a esposa e os dois filhinhos às mais duras necessidades, receoso de perder seus haveres. Clarindo e Leonel, não satisfeitos em lhe seviciarem a mente, conduziam para a fazenda usurários e tiranos rurais desencarnados, cujos pensamentos ainda se enrodilhavam na riqueza terrestre, para lhe agravarem a sovinice. Luís respirava, assim, num mundo de imagens estranhas, em que o dinheiro era tema constante, e acreditava no poder do cofre recheado para solucionar quaisquer dificuldades da vida. Adquirira, em face disso, doentio temor de todas as situações em que pudessem surgir despesas inesperadas e relaxara a própria apresentação pessoal, obcecado pela sovinice e pelo pesadelo do ouro que lhe consumia a existência. (Ação e Reação, capítulo 8, pp. 99 e 100.)

45. O reencontro com Antônio Olímpio – Alzira informou que o afogamento dos cunhados se verificara em seus tempos de recém-casada, quando Luís mal ensaiava os primeiros passos, e que, após seis anos sobre a dolorosa ocorrência, ela também encontrara a desencarnação no mesmo lago. Antônio Olímpio lhe sobrevivera, na esfera carnal, quase três lustros e, por vinte anos, precisamente, padecera nas trevas, período em que suas vítimas se transformaram em carcereiros ferozes do delinquente, impossibilitando, de parte dela, qualquer aproximação. O filho já se encontrava, assim, em plena madureza, havendo atravessado os quarenta anos de experiência física. Silas, incumbido por Druso de ajudar as tarefas de socorro ao filho e aos irmãos de Antônio Olímpio, permitiu que Alzira mantivesse ligeiro encontro com o antigo esposo, antes da partida para a Crosta. O encontro dos ex-cônjuges deu-se em circunstâncias comoventes. O semblante de Alzira acusava visível alteração e as lágrimas borbulhavam-lhe, incoercíveis, dos olhos, conturbados então por imensa dor. Alzira afagou a cabeça de Olímpio e chamou-o pelo nome várias vezes. Ele abriu os olhos, mas pronunciou monossílabos desconexos. Percebendo-lhe a ruína mental, ela pediu a Silas permissão para orar, junto dele. Ante a aquiescência do Assistente, ajoelhou-se à cabeceira do enfermo, conchegou-lhe o busto de encontro ao colo, à maneira de abnegada mãe procurando conservar entre os braços um filhinho doente, e, levantando os olhos lacrimosos para o Alto, orou, humilde, a Maria de Nazaré, a quem rogou lançasse seu caridoso olhar sobre ela e seu companheiro, jungidos ambos às consequências do duplo homicídio. (Obra citada, capítulo 8, pp. 100 a 102.)

46. A prece e seus efeitos – Em sua prece, Alzira pediu que a Mediadora Celeste os ajudasse a voltar, juntos, à carne em que haviam delinquido, para poderem expiar os seus erros. "Concede-me a graça de segui-lo, como servidora contente e agradecida, religada a quem devo tanta felicidade!... Reúne-nos novamente no mundo e auxilia-nos a devolver com lealdade e valor aquilo que roubamos", rogou Alzira. "Não permitas, Anjo Divino, que venhamos a sonhar com o Céu, antes de resgatar nossas contas na Terra, e ajuda-nos a aceitar, dignamente, a dor que reedifica e salva!..." A suplicante, enquanto falava, coroara-se de safirino esplendor. A doce claridade que se irradiava do seu coração inundara todo o aposento e, assim que sua voz emudeceu, embargada e ofegante, excelso jorro de prateada luz desceu do Alto, atingindo a todos, especialmente o enfermo, que desferiu longo gemido de dor humanizada e consciente. A prece de Alzira lograra um êxito que as operações magnéticas de Druso não haviam conseguido alcançar. Antônio Olímpio descerrou desmesuradamente as pálpebras e mostrou no olhar a lucidez dos que despertam de longo e torturado sono... Agitou-se, sentindo na face as lágrimas da esposa que o beijava, e bradou, tomado de selvagem contentamento: "Alzira! Alzira!..." Ela conchegou-o, de encontro ao peito, com mais ternura, como quem quisesse pacificar-lhe o espírito atormentado, mas, a um sinal de Silas, dois enfermeiros aproximaram-se, restituindo-o ao sono. Todos encontravam-se, ali, envolvidos por profunda comoção, e até o Assistente tinha lágrimas nos olhos... Contemplando Alzira, agora de pé, acariciando os cabelos do infeliz, André teve a impressão de que um anjo do Céu visitava ali um penitente do inferno. Silas ofereceu, então, o braço à abnegada irmã e explicou, prestimoso: "A oração trouxe-lhe imenso bem, mas não lhe convém o despertamento senão gradativo. O sono natural e reparador ainda é uma necessidade em sua restauração positiva". Alzira afastou-se mais tranquila, apesar da flagelação moral do reencontro, e pouco depois partiram os quatro –  ela, Silas, Hilário e André –  para as terras de Luís, antigo lar de Alzira. (Obra citada, capítulo 8, pp. 103 e 104.)

47. De volta ao antigo lar terrestre – A sólida construção estava em franca decadência. Porteiras desconjuntadas, tapumes derruídos e as varandas imundas falavam, sem palavras, da desídia dos moradores. Entidades estranhas, embuçadas em largos véus de sombra, transitavam por ali, absortas, como se ignorassem a presença umas das outras. Alzira informou que eram onzenários desencarnados, levados até ali por Leonel e Clarindo, de modo a fortalecerem a usura no espírito de seu filho. Será que tais Espíritos os enxergavam?  A pergunta, feita por Hilário, foi respondida por Silas: "Não. Com certeza nos identificam a chegada, entretanto, pelo que deduzo, encontram-se demasiadamente fixados nas ideias em que se mancomunam. Não se preocupam com a nossa presença, desde que lhes não penetremos a faixa mental, comungando-lhes os interesses". O grupo penetrou no interior da casa de Luís, onde o movimento era de pasmar. Desencarnados de horripilante aspecto iam e vinham, através dos corredores extensos, conversando, aloucados, como se estivessem falando para dentro de si próprios. O ouro constituía o assunto fundamental de todos os solilóquios que se entrechocavam sem nexo. De repente, Silas ausentou-se e, decorridos alguns minutos, voltou ao recinto. Conduziu então Alzira para o aposento em que Adélia, a dona da casa, repousava junto dos filhinhos, explicando que não era conveniente que Alzira se encontrasse logo com os cunhados transformados em verdugos. Hilário, embora a contragosto, ali ficou, para a proteção da companheira. A sós com André, Silas explicou-lhe que, para efetuar o socorro com o proveito desejável, era preciso saber ouvir e que, em razão disso, procurasse não lhe estorvar as atividades, mesmo que estranhasse as atitudes que ele viesse a assumir. André compreendeu perfeitamente o recado de Silas. (Obra citada, capítulo 8, pp. 105 e 106.)

Respostas às questões propostas

A. A avareza, a sovinice, o apego ao dinheiro podem atrair Espíritos que intensifiquem ainda mais esse apego?
Sim. Foi o que ocorreu com Luís, filho de Antônio Olímpio. Afinado aos sentimentos do pai e apegando-se aos lucros materiais exagerados, sofria ele tremenda obsessão no próprio lar. Ele enamorara-se do ouro com extremada volúpia e submetia a esposa e os dois filhinhos às mais duras necessidades, receoso de perder seus haveres. Clarindo e Leonel, não satisfeitos em lhe seviciarem a mente, conduziam para a fazenda usurários e tiranos rurais desencarnados, para lhe agravarem a sovinice. (Ação e Reação, cap. 8, pp. 99 e 100.)

B. O sono é necessário no processo de restauração de Espíritos enfermos?
Evidentemente. Por isso é ele largamente usado pelos benfeitores espirituais. No caso Antônio Olímpio, graças à prece de Alzira, sua antiga esposa, viu-se que ele despertou, mas foi logo levado ao sono induzido. Silas explicou: "A oração trouxe-lhe imenso bem, mas não lhe convém o despertamento senão gradativo. O sono natural e reparador ainda é uma necessidade em sua restauração positiva". (Obra citada, cap. 8, pp. 103 e 104.)

C. Há indivíduos que mesmo estando desencarnados continuam apegados ao dinheiro?
Sim. O caso de Luís, filho de Olímpio e Alzira, constitui exemplo disso. Em sua residência, atraídos por seus tios, desencarnados de horripilante aspecto iam e vinham, através dos corredores extensos, conversando, aloucados, como se estivessem falando para dentro de si próprios. E o ouro constituía o assunto fundamental de todos os solilóquios que se entrechocavam sem nexo. (Obra citada, cap. 8, pp. 105 e 106.)



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