Infância
Antônio Furtado
Esse vaso de fina
porcelana
Que cintila,
Antes de erguer-se, em
forma soberana,
Era simples argila.
O rio que o sol beija em
ondas de ouro,
Nas planícies amenas,
Era no nascedouro
Um fio de água apenas.
A laranjeira, em pomos
tentadores,
Que se eleva e domina,
Antes de ser perfume,
seiva e cores,
Era pobre semente
pequenina.
O homem que exprime as
glórias da consciência
Com o verbo claro e
terso,
Antes de ser o herói da
inteligência,
Era uma flor no berço.
Se almejas profligar o
mal sem medo,
Na suprema reentrância,
Educa, meu amigo,
enquanto é cedo,
O coração da infância.
O poeta Antônio Furtado nasceu em
Quixeramobim, Ceará, em 14 de junho de 1893, e faleceu em Fortaleza, no mesmo
Estado, em 26 de agosto de 1937. Poeta, crítico, contista e jurista, concluiu o
bacharelado na Faculdade de Direito do Ceará em 1916, da qual veio a ser
professor catedrático. O poema acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra mediúnica psicografada pelos médiuns
Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
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