quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Pérolas literárias (131)


Mensagem de companheiro

Jésus Gonçalves (Espírito)

A ti, meu irmão, que assumiste comigo os pesados encargos da existência num sanatório de hansenianos, sem possibilidades de cura física; a ti, para quem a ciência da Terra não conseguiu trazer, tanto quanto a mim, o medicamento salvador; a ti, que não tiveste, qual me ocorreu, a consolação dos egressos; a ti, que sofres entre a fé viva e a dúvida inquietante, entre a tentação à revolta e a aceitação da prova, acreditando-te frequentemente esquecido pelas forças do céu,
ofereço a lembrança fraternal destes versos:

Não te admitas réu de afrontosa sentença,
Largado de hora em hora à sombra em que te esmagas,
Varando tanta vez humilhações e pragas
À feição de calhaus da humana indiferença.

Crueldade, paixão, injúria, crime, ofensa
Criaram-nos, um dia, a estamenha(1) de chagas!…
No pretérito abriste o espinheiro em que vagas
E, embora a provação, trabalha, serve e pensa.

Ânsia, tribulação, abandono, amargura
São recursos da lei com que a lei nos depura
O coração trancado em nódoas escondidas…

Bendize, amado irmão, as feridas que levas,
A dor extingue o mal e o pranto lava as trevas
Que trazemos em nós dos erros de outras vidas.


(1)
Estamenha: tecido comum de lã; hábito, burel de frade.


Do livro Na Era do Espírito, obra de autoria de Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires e Espíritos Diversos.


Como consultar as matérias deste blog?
Se você não conhece ainda a estrutura deste blog, clique neste link: http://goo.gl/OJCK2W, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele nos propicia.




Nenhum comentário:

Postar um comentário